30 de Junho de 2008
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O destino das monarquias asiáticas
Um dos factores mais importantes para qualquer monarquia, e mesmo qualquer democracia, é o nível económico do país. No caso do Nepal e do Butão, são duas economias fracas, com rendimentos per capita abaixo dos 1500 dólares americanos. O fim da dinastia Shab do Nepal, uma dinastia que contava já 239 anos, e a sua substituição por uma democracia é um momento histórico para o Sudoeste asiático. Um momento em que se vê o fim de uma Era que há muito desapareceu noutras zonas do globo e que nesta área teimosamente se mantém. O dramatismo que levou à queda do Rei Gyanendra da liderança dos destinos do Nepal foi tal que o monarca do reino vizinho, o Butão, decidiu dar por fim o seu reino absoluto e marcou eleições livres. Acto que se realizou em Março deste ano, pela primeira vez neste reino feudal. O resultado do poder do povo e dos militantes maoístas no Nepal, que ajudaram à queda do Rei Gyanendra, foram um factor importante na decisão do jovem Rei do Butão. Tentar evitar os erros dos seus pares foi desde sempre uma das tendências dos monarcas. Ao longo dos tempos os reis sempre tiveram tendência para olhar para os outros monarcas no mundo e aprender com os seus erros e as suas experiências. Os contactos entre os monarcas são constantes e estes mantêm uma consciência de classe que os leva a tentar evitar os erros que os outros cometem. No caso do Butão, e do Rei Jigme Namgyel Wangchuck, um processo de democratização bem pensado e planeado ao mais ínfimo pormenor pela casa real, resultou numas eleições onde os dois partidos mais votados são manifestamente monarcas. Esta estratégia resultou num processo de tornar o país numa Monarquia Parlamentar sem que a população tivesse necessidade de vir para as ruas exigir mais liberdade e representatividade. Pelo contrário, no Nepal, o Rei optou por uma postura rígida e os resultados foram os conhecidos, com o monarca a ser deposto, perdendo todas as regalias que tinha e todo o poder. Agora, com o Nepal uma República e o Butão uma Monarquia Constitucional, a Ásia passa a ter apenas uma mão-cheia de países onde a monarquia dita as regras do poder. Tirando as casas reais do Médio-Oriente (Jordânia, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain, Qatar e Omã) na Ásia existem apenas dois países onde os Reis, de forma mais visível ou mais dissimulada, vão regendo os destinos dos seus países. A Tailândia e o Brunei. As restantes monarquias, Camboja, Malásia e Japão, não são mais do que meras figuras emblemáticas, algumas delas nem consenso nacional conseguem gerar. Agora, resta saber quais vão ser os efeitos dos acontecimentos do Nepal e do Butão no sultanato do Brunei e no antigo reino do Sião. Será que o tão amado Rei Bhumibol Adulyadej da Tailândia irá acabar por ter um fim humilhante como o do Rei Gyanendra? Será que o Sultão do Brunei irá enveredar por uma estratégia similar à do Rei do Butão, abrindo mão do poder que detém? Um dos factores mais importantes para qualquer monarquia, e mesmo qualquer democracia, é o nível económico do país. No caso do Nepal e do Butão, são duas economias fracas, com rendimentos per capita abaixo dos 1500 dólares americanos. Baixos rendimentos e grandes diferenças na sociedade são elementos essenciais para o florescer de ideologias de esquerda radicais e, neste caso, o Nepal é um exemplo perfeito. No caso do Brunei e da Tailândia, os altos rendimentos per capita, 33 mil e os oito mil dólares americanos respectivamente, fazem com que as ideologias de esquerda radicais tenham algumas dificuldades em se implementar e dão origem a classes médias e altas com muita influência na vida social e política do país. Os monarcas sabem disso e usam a prosperidade económica a seu favor, fazendo com que, não poucas vezes, os seus súbditos os vejam como os responsáveis pelo bom desempenho económico do país. Outro importante requisito para que os monarcas continuem a ser populares e contem com a aceitação geral é terem capacidade de convencer aliados estrangeiros poderosos da necessidade de se manterem no trono para a estabilidade dos respectivos países. Se o soberano tiver apoio de uma grande potência, que tenha interesses na sua região de influência, tem garantido o apoio necessário no caso de instabilidade interna. O maior erro do ex-Rei do Nepal foi ter afrontado a Índia, seu vizinho e uma potência emergente na Ásia, quando se manifestou mais próximo da China, outra grande potência asiática e rival da Índia. Desde sempre que Nova Deli olhava para o Nepal e prestava-se a ajudar a dinastia Shah no caso de necessidade. A partir do momento em que Gyanendra manifestou o seu apreço pela China, o charme de que gozava na capital indiana deixou de existir, favorecendo assim o florescer da oposição, que até então era controlada com o apoio indiano. O monarca tailandês, Bhumibol Adulyadej, ficou conhecido por ser um exímio diplomata durante a crise da Segunda Guerra Mundial, tecendo alianças com os países da ASEAN e com os Estados Unidos da América. Quanto ao sultão do Brunei, tem conseguido convencer o Reino Unido e os países da ASEAN da importância estratégica e económica do seu país para a estabilidade do Sudeste Asiático. Estas estratégias garantem mais estabilidade aos reinados destes dois monarcas. Para já o futuro para estas duas últimas monarquias da Ásia não parece estar ameaçado com os acontecimentos, seja dos negativos do Nepal, seja dos positivos do Butão. No entanto, podemos esperar mudanças no campo da democracia em ambos."
Um dos factores mais importantes para qualquer monarquia, e mesmo qualquer democracia, é o nível económico do país. No caso do Nepal e do Butão, são duas economias fracas, com rendimentos per capita abaixo dos 1500 dólares americanos. O fim da dinastia Shab do Nepal, uma dinastia que contava já 239 anos, e a sua substituição por uma democracia é um momento histórico para o Sudoeste asiático. Um momento em que se vê o fim de uma Era que há muito desapareceu noutras zonas do globo e que nesta área teimosamente se mantém. O dramatismo que levou à queda do Rei Gyanendra da liderança dos destinos do Nepal foi tal que o monarca do reino vizinho, o Butão, decidiu dar por fim o seu reino absoluto e marcou eleições livres. Acto que se realizou em Março deste ano, pela primeira vez neste reino feudal. O resultado do poder do povo e dos militantes maoístas no Nepal, que ajudaram à queda do Rei Gyanendra, foram um factor importante na decisão do jovem Rei do Butão. Tentar evitar os erros dos seus pares foi desde sempre uma das tendências dos monarcas. Ao longo dos tempos os reis sempre tiveram tendência para olhar para os outros monarcas no mundo e aprender com os seus erros e as suas experiências. Os contactos entre os monarcas são constantes e estes mantêm uma consciência de classe que os leva a tentar evitar os erros que os outros cometem. No caso do Butão, e do Rei Jigme Namgyel Wangchuck, um processo de democratização bem pensado e planeado ao mais ínfimo pormenor pela casa real, resultou numas eleições onde os dois partidos mais votados são manifestamente monarcas. Esta estratégia resultou num processo de tornar o país numa Monarquia Parlamentar sem que a população tivesse necessidade de vir para as ruas exigir mais liberdade e representatividade. Pelo contrário, no Nepal, o Rei optou por uma postura rígida e os resultados foram os conhecidos, com o monarca a ser deposto, perdendo todas as regalias que tinha e todo o poder. Agora, com o Nepal uma República e o Butão uma Monarquia Constitucional, a Ásia passa a ter apenas uma mão-cheia de países onde a monarquia dita as regras do poder. Tirando as casas reais do Médio-Oriente (Jordânia, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain, Qatar e Omã) na Ásia existem apenas dois países onde os Reis, de forma mais visível ou mais dissimulada, vão regendo os destinos dos seus países. A Tailândia e o Brunei. As restantes monarquias, Camboja, Malásia e Japão, não são mais do que meras figuras emblemáticas, algumas delas nem consenso nacional conseguem gerar. Agora, resta saber quais vão ser os efeitos dos acontecimentos do Nepal e do Butão no sultanato do Brunei e no antigo reino do Sião. Será que o tão amado Rei Bhumibol Adulyadej da Tailândia irá acabar por ter um fim humilhante como o do Rei Gyanendra? Será que o Sultão do Brunei irá enveredar por uma estratégia similar à do Rei do Butão, abrindo mão do poder que detém? Um dos factores mais importantes para qualquer monarquia, e mesmo qualquer democracia, é o nível económico do país. No caso do Nepal e do Butão, são duas economias fracas, com rendimentos per capita abaixo dos 1500 dólares americanos. Baixos rendimentos e grandes diferenças na sociedade são elementos essenciais para o florescer de ideologias de esquerda radicais e, neste caso, o Nepal é um exemplo perfeito. No caso do Brunei e da Tailândia, os altos rendimentos per capita, 33 mil e os oito mil dólares americanos respectivamente, fazem com que as ideologias de esquerda radicais tenham algumas dificuldades em se implementar e dão origem a classes médias e altas com muita influência na vida social e política do país. Os monarcas sabem disso e usam a prosperidade económica a seu favor, fazendo com que, não poucas vezes, os seus súbditos os vejam como os responsáveis pelo bom desempenho económico do país. Outro importante requisito para que os monarcas continuem a ser populares e contem com a aceitação geral é terem capacidade de convencer aliados estrangeiros poderosos da necessidade de se manterem no trono para a estabilidade dos respectivos países. Se o soberano tiver apoio de uma grande potência, que tenha interesses na sua região de influência, tem garantido o apoio necessário no caso de instabilidade interna. O maior erro do ex-Rei do Nepal foi ter afrontado a Índia, seu vizinho e uma potência emergente na Ásia, quando se manifestou mais próximo da China, outra grande potência asiática e rival da Índia. Desde sempre que Nova Deli olhava para o Nepal e prestava-se a ajudar a dinastia Shah no caso de necessidade. A partir do momento em que Gyanendra manifestou o seu apreço pela China, o charme de que gozava na capital indiana deixou de existir, favorecendo assim o florescer da oposição, que até então era controlada com o apoio indiano. O monarca tailandês, Bhumibol Adulyadej, ficou conhecido por ser um exímio diplomata durante a crise da Segunda Guerra Mundial, tecendo alianças com os países da ASEAN e com os Estados Unidos da América. Quanto ao sultão do Brunei, tem conseguido convencer o Reino Unido e os países da ASEAN da importância estratégica e económica do seu país para a estabilidade do Sudeste Asiático. Estas estratégias garantem mais estabilidade aos reinados destes dois monarcas. Para já o futuro para estas duas últimas monarquias da Ásia não parece estar ameaçado com os acontecimentos, seja dos negativos do Nepal, seja dos positivos do Butão. No entanto, podemos esperar mudanças no campo da democracia em ambos."
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