NÃO sei se sou só eu ou se mais alguém tem notado que o número de pedintes aumenta de dia para dia.
Ainda não há muito tempo, era raro ver esta actividade no território. Agora, encontram-se por todo o lado! Especialmente em locais de grande aglomeração de pessoas. Por exemplo, junto das Ruínas de São Paulo ou do Templo de A-Má podem-se encontrar várias pessoas, – das mais variadas idades, mas mais usualmente idosos, – a pedir esmola. E quando não recebem uma «moedinha», desatam a insultar quem passou sem ter dado nada, como se fosse «obrigatória» a caridade!
Antes, às portas do templo na Barra, era usual ver-se algumas pessoas de idade aproveitarem a entrada de devotos ou turistas para pedirem alguma esmola. Depois de várias queixas, os responsáveis pelo templo resolveram actuar, pelo que aqueles pedintes nunca mais ali pararam. Mas, depois de serem expulsos da escadaria do local de culto, logo encontraram outro espaço. Agora colocam-se na zona junto ao parque provisório de autocarros, local onde grande parte dos turistas tem de passar quando chegam nos transportes de turismo. Está à vista de todos, mas ninguém faz nada para o impedir.
Outro dos fenómenos que se tem registado em Macau é o da mendicidade por parte de monges, que julgo serem falsos, pois tanto quanto conheço desta religião, a mendicidade é estritamente interdita. Aos monges não lhes é permitido pedir seja o que for. São obrigados, pelos votos que fazem, a viver apenas daquilo que os devotos lhes oferecem. A iniciativa tem de partir de quem dá e nunca de quem recebe. No entanto, de há uns anos a esta parte, tem-se visto um sem número de pessoas com hábitos de monge budista a pedir pela cidade, ou a vender artigos «abençoados». Aliás, de tempos a tempos surgem notícias na comunicação social acerca de burlas levadas a cabo por estas pessoas, que se fazem passar por religiosos. Esporadicamente, quando algum lesado apresenta queixa às autoridades, são feitas algumas detenções. Mas, mesmo assim, o problema persiste e teima em continuar a denegrir a imagem de tal religião.
A actividade de mendigo é, antes de mais, ilegal em Macau. Seja fixa ou móvel, é uma actividade que não é permitida por Lei e há punições previstas.
Quem conhece a realidade em que vivemos sabe que não existe nenhuma razão para tal ser permitido.
Para quem tem necessidades, existe um departamento do Governo, o Instituto de Acção Social (IAS), que mensalmente distribui milhões em ajuda e dá apoio a quem precisa.
Sabemos que há casos de mendicidade por pura necessidade mas, para estes casos esporádicos, deve-se chamar à atenção das autoridades. Por um lado, para proibirem a actividade e, por outro, para encaminharem estas pessoas para o IAS, para acompanhamento dos seus casos e atribuição da necessária ajuda.
Apesar de se reconhecer que o sistema de ajuda social existente não é perfeito e que deve ser melhorado constantemente, estas falhas permitem que pessoas andem nas ruas a pedir esmola e a incomodar quem nos visita. Por isso devem ser revistas, para que quem realmente precise de ajuda social a possa receber e assim se possa devolver dignidade à vida de todos.
As arcadas da vergonha
Ainda no campo da ajuda social, mas já não relacionado com a mendicidade, gostaria de referir outro caso, recorrente nestas páginas e em outros jornais de Macau.
Não se compreende como continua a verificar-se ainda a já bem conhecida situação daquele idoso sob as arcadas do Largo do Senado. Este tema já foi abordado inúmeras vezes na imprensa e tenho conhecimento de que o IAS, pelo menos por duas vezes, tentou resolver a questão levando a pessoa para um dos abrigos temporários. Só que, não havendo obrigação de aí permanecer, o referido idoso volta ao local de sempre na praça principal de Macau.
Quem por ali passa, sabe certamente de quem falo. Mesmo sem o ver, o odor que emana, devido à falta de limpeza e por fazer as necessidades ali mesmo, afecta quantos por essa área circulam.
Mais recentemente, o caso tem assumido outros contornos. Os proprietários das lojas na zona, saturados de verem a situação sem fim à vista, começaram a ser agressivos com este pobre desleixado, tentando fazer com que abandone aquela zona, mas nem isso tem surtido efeito.
Não pretendo culpabilizar ninguém, mas tão só chamar a atenção de quem de direito, para olhar com olhos de ver para a situação deplorável deste ser humano que necessita de apoio para o seu próprio bem-estar e, dessa maneira, evitar que, com o seu agir, perturbe outros cidadãos, no fundo o bem-estar público em sociedade. O que está aqui em causa é que esta pessoa, porventura atingida também por problemas de carácter psicológico, deve ser tomada sob a alçada das autoridades. Terá de ser o IAS a tomar a iniciativa de o recolher, internar e dele tratar, dando-lhe o devido carinho, conforto e atenção de que tem absoluta e urgente necessidade nesta difícil fase da sua vida.
Ainda não há muito tempo, era raro ver esta actividade no território. Agora, encontram-se por todo o lado! Especialmente em locais de grande aglomeração de pessoas. Por exemplo, junto das Ruínas de São Paulo ou do Templo de A-Má podem-se encontrar várias pessoas, – das mais variadas idades, mas mais usualmente idosos, – a pedir esmola. E quando não recebem uma «moedinha», desatam a insultar quem passou sem ter dado nada, como se fosse «obrigatória» a caridade!
Antes, às portas do templo na Barra, era usual ver-se algumas pessoas de idade aproveitarem a entrada de devotos ou turistas para pedirem alguma esmola. Depois de várias queixas, os responsáveis pelo templo resolveram actuar, pelo que aqueles pedintes nunca mais ali pararam. Mas, depois de serem expulsos da escadaria do local de culto, logo encontraram outro espaço. Agora colocam-se na zona junto ao parque provisório de autocarros, local onde grande parte dos turistas tem de passar quando chegam nos transportes de turismo. Está à vista de todos, mas ninguém faz nada para o impedir.
Outro dos fenómenos que se tem registado em Macau é o da mendicidade por parte de monges, que julgo serem falsos, pois tanto quanto conheço desta religião, a mendicidade é estritamente interdita. Aos monges não lhes é permitido pedir seja o que for. São obrigados, pelos votos que fazem, a viver apenas daquilo que os devotos lhes oferecem. A iniciativa tem de partir de quem dá e nunca de quem recebe. No entanto, de há uns anos a esta parte, tem-se visto um sem número de pessoas com hábitos de monge budista a pedir pela cidade, ou a vender artigos «abençoados». Aliás, de tempos a tempos surgem notícias na comunicação social acerca de burlas levadas a cabo por estas pessoas, que se fazem passar por religiosos. Esporadicamente, quando algum lesado apresenta queixa às autoridades, são feitas algumas detenções. Mas, mesmo assim, o problema persiste e teima em continuar a denegrir a imagem de tal religião.
A actividade de mendigo é, antes de mais, ilegal em Macau. Seja fixa ou móvel, é uma actividade que não é permitida por Lei e há punições previstas.
Quem conhece a realidade em que vivemos sabe que não existe nenhuma razão para tal ser permitido.
Para quem tem necessidades, existe um departamento do Governo, o Instituto de Acção Social (IAS), que mensalmente distribui milhões em ajuda e dá apoio a quem precisa.
Sabemos que há casos de mendicidade por pura necessidade mas, para estes casos esporádicos, deve-se chamar à atenção das autoridades. Por um lado, para proibirem a actividade e, por outro, para encaminharem estas pessoas para o IAS, para acompanhamento dos seus casos e atribuição da necessária ajuda.
Apesar de se reconhecer que o sistema de ajuda social existente não é perfeito e que deve ser melhorado constantemente, estas falhas permitem que pessoas andem nas ruas a pedir esmola e a incomodar quem nos visita. Por isso devem ser revistas, para que quem realmente precise de ajuda social a possa receber e assim se possa devolver dignidade à vida de todos.
As arcadas da vergonha
Ainda no campo da ajuda social, mas já não relacionado com a mendicidade, gostaria de referir outro caso, recorrente nestas páginas e em outros jornais de Macau.
Não se compreende como continua a verificar-se ainda a já bem conhecida situação daquele idoso sob as arcadas do Largo do Senado. Este tema já foi abordado inúmeras vezes na imprensa e tenho conhecimento de que o IAS, pelo menos por duas vezes, tentou resolver a questão levando a pessoa para um dos abrigos temporários. Só que, não havendo obrigação de aí permanecer, o referido idoso volta ao local de sempre na praça principal de Macau.
Quem por ali passa, sabe certamente de quem falo. Mesmo sem o ver, o odor que emana, devido à falta de limpeza e por fazer as necessidades ali mesmo, afecta quantos por essa área circulam.
Mais recentemente, o caso tem assumido outros contornos. Os proprietários das lojas na zona, saturados de verem a situação sem fim à vista, começaram a ser agressivos com este pobre desleixado, tentando fazer com que abandone aquela zona, mas nem isso tem surtido efeito.
Não pretendo culpabilizar ninguém, mas tão só chamar a atenção de quem de direito, para olhar com olhos de ver para a situação deplorável deste ser humano que necessita de apoio para o seu próprio bem-estar e, dessa maneira, evitar que, com o seu agir, perturbe outros cidadãos, no fundo o bem-estar público em sociedade. O que está aqui em causa é que esta pessoa, porventura atingida também por problemas de carácter psicológico, deve ser tomada sob a alçada das autoridades. Terá de ser o IAS a tomar a iniciativa de o recolher, internar e dele tratar, dando-lhe o devido carinho, conforto e atenção de que tem absoluta e urgente necessidade nesta difícil fase da sua vida.