NOS últimos tempos, temos lido alguns artigos sobre o uso da língua portuguesa em Macau e sobre a forma como esta, apesar de considerada também língua oficial da RAEM, está a ser tratada. Se bem me lembro, a questão foi levantada, a nível oficial, por uma queixa dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, em que se abordavam os erros, gralhas e faltas no uso de tal língua pelas escolas luso-chinesas de Macau. A DSEJ reconheceu o facto e prometeu, em nota oficial, rectificar todos os casos detectados. Os resultados ainda não são conhecidos, mas promessas são promessas… Esperemos que as autoridades façam o que prometem.
Os conselheiros afirmavam, – e ilustraram com variadas fotos, – que o português é maltratado e, muitas vezes, ignorado em vários estabelecimentos de ensino que, pelo menos a julgar pelo nome, têm obrigação de fazer bom uso das duas línguas oficiais.
A verdade é que em Macau, antes de 1999 – e pior depois desta data, – o uso do português a nível oficial é deplorável. Por muito que funcionários se esforcem para que o nível de Português, na área do Governo, seja aceitável, outros há que fazem tábua rasa das recomendações de quem tem mais conhecimentos.
A título de exemplo, – e como ilustrativo da falta de zelo, – veja-se o despacho do Tribunal enviado para Portugal a respeito do caso do empresário que a justiça de Macau quer julgar. As autoridades de Portugal pediram informações sobre as acusações que recaem sobre Pedro Chiang e as mesmas foram enviadas, a tempo e horas, mas em Chinês (segundo uma notícia publicada na Imprensa recentemente)! Este pequeno caso deixa depreender o empenho e seriedade das autoridades! Sabendo-se que o pedido vem de um país de língua portuguesa – aliás um pedido que vinha ao encontro das reivindicações da Região Administrativa Especial de Macau que está a julgar o suspeito e que o quer extraditado – enviam a informação em Chinês, quando, por lei, ela deve também estar em Português! Que mais não seja porque o arguido e o seu representante legal têm nacionalidade portuguesa e as informações eram para ser enviadas para Portugal.
Este caso leva-me a pensar em muitos exemplos de documentos vindos do exterior para tratar de formalidades em Macau e que os serviços locais exigem que sejam emitidos numa das línguas locais, ou pelo menos em inglês, e reconhecidos notarialmente. Se tais serviços exigem quando são eles a receber, por qual razão não aplicam essa exigência quando passam ao papel de emissores?
Os exemplos são muitos e, infelizmente, frequentes. Faz já parte do imaginário de todos as hilariantes gralhas que se podem ver por todo o lado na cidade. Fazem mesmo parte de muitos dos postais turísticos! Acentuam a bizarria do território!
Habituámo-nos a rir destas situações, mas há alguns casos em que apetece tudo, menos rir.
Ainda recentemente foi relatado um caso, também na Imprensa de língua portuguesa, de um telefonema para a linha de emergência da Polícia de Segurança Pública, com um pedido de ajuda urgente, que ficou em espera, sem que nunca a assistência da Polícia tenha chegado. Felizmente, o caso não se revelou fatal, mas, caso o tivesse sido, teria a PSP chegado à frente e assumido responsabilidades por não ter ninguém capaz de responder a um pedido de ajuda em Português? Sinceramente, duvido!
Este exemplo das linhas telefónicas é flagrante. Se quiserem experimentar, – agora mesmo, – basta pegar no telefone e ligar para qualquer serviço de urgência e vejam em que língua são atendidos! Quantas vezes escolhemos o idioma Português nas linhas de atendimento ao público e somos saudados com um fluente Cantonense, para depois a conversa continuar em Inglês!
Quando se pede para falar Português, temos de esperar que encontrem alguém que o consiga fazer. Não tenho estatísticas oficiais, mas por experiência própria, cada dez vezes que peço para ser atendido em Português, oito vezes dizem que me ligam mais tarde, mas destas, pelo menos duas ou três vezes, esquecem-se de ligar… Por sorte nunca me aconteceu ter de o fazer num caso de urgência!
À semelhança de muitos outros países e regiões (como por exemplo Hong Kong e o Canadá) Macau precisa, urgentemente, de uma resolução a nível governamental, de modo a colocar e a considerar as duas línguas num verdadeiro plano de igualdade de tratamento. Não é suficiente sabermos que tal língua consta na Lei Básica, quando se verifica não haver qualquer fiscalização e com outros despachos a retirarem-lhe autoridade.
Para que tal seja uma realidade, é necessário que haja a obrigatoriedade do seu uso e uma fiscalização eficiente, assim como a aplicação de sanções para quem não cumpra. A começar por cima, claro! Pois só assim se pode dar o exemplo e exigir que se cumpra o pedido.
Os conselheiros afirmavam, – e ilustraram com variadas fotos, – que o português é maltratado e, muitas vezes, ignorado em vários estabelecimentos de ensino que, pelo menos a julgar pelo nome, têm obrigação de fazer bom uso das duas línguas oficiais.
A verdade é que em Macau, antes de 1999 – e pior depois desta data, – o uso do português a nível oficial é deplorável. Por muito que funcionários se esforcem para que o nível de Português, na área do Governo, seja aceitável, outros há que fazem tábua rasa das recomendações de quem tem mais conhecimentos.
A título de exemplo, – e como ilustrativo da falta de zelo, – veja-se o despacho do Tribunal enviado para Portugal a respeito do caso do empresário que a justiça de Macau quer julgar. As autoridades de Portugal pediram informações sobre as acusações que recaem sobre Pedro Chiang e as mesmas foram enviadas, a tempo e horas, mas em Chinês (segundo uma notícia publicada na Imprensa recentemente)! Este pequeno caso deixa depreender o empenho e seriedade das autoridades! Sabendo-se que o pedido vem de um país de língua portuguesa – aliás um pedido que vinha ao encontro das reivindicações da Região Administrativa Especial de Macau que está a julgar o suspeito e que o quer extraditado – enviam a informação em Chinês, quando, por lei, ela deve também estar em Português! Que mais não seja porque o arguido e o seu representante legal têm nacionalidade portuguesa e as informações eram para ser enviadas para Portugal.
Este caso leva-me a pensar em muitos exemplos de documentos vindos do exterior para tratar de formalidades em Macau e que os serviços locais exigem que sejam emitidos numa das línguas locais, ou pelo menos em inglês, e reconhecidos notarialmente. Se tais serviços exigem quando são eles a receber, por qual razão não aplicam essa exigência quando passam ao papel de emissores?
Os exemplos são muitos e, infelizmente, frequentes. Faz já parte do imaginário de todos as hilariantes gralhas que se podem ver por todo o lado na cidade. Fazem mesmo parte de muitos dos postais turísticos! Acentuam a bizarria do território!
Habituámo-nos a rir destas situações, mas há alguns casos em que apetece tudo, menos rir.
Ainda recentemente foi relatado um caso, também na Imprensa de língua portuguesa, de um telefonema para a linha de emergência da Polícia de Segurança Pública, com um pedido de ajuda urgente, que ficou em espera, sem que nunca a assistência da Polícia tenha chegado. Felizmente, o caso não se revelou fatal, mas, caso o tivesse sido, teria a PSP chegado à frente e assumido responsabilidades por não ter ninguém capaz de responder a um pedido de ajuda em Português? Sinceramente, duvido!
Este exemplo das linhas telefónicas é flagrante. Se quiserem experimentar, – agora mesmo, – basta pegar no telefone e ligar para qualquer serviço de urgência e vejam em que língua são atendidos! Quantas vezes escolhemos o idioma Português nas linhas de atendimento ao público e somos saudados com um fluente Cantonense, para depois a conversa continuar em Inglês!
Quando se pede para falar Português, temos de esperar que encontrem alguém que o consiga fazer. Não tenho estatísticas oficiais, mas por experiência própria, cada dez vezes que peço para ser atendido em Português, oito vezes dizem que me ligam mais tarde, mas destas, pelo menos duas ou três vezes, esquecem-se de ligar… Por sorte nunca me aconteceu ter de o fazer num caso de urgência!
À semelhança de muitos outros países e regiões (como por exemplo Hong Kong e o Canadá) Macau precisa, urgentemente, de uma resolução a nível governamental, de modo a colocar e a considerar as duas línguas num verdadeiro plano de igualdade de tratamento. Não é suficiente sabermos que tal língua consta na Lei Básica, quando se verifica não haver qualquer fiscalização e com outros despachos a retirarem-lhe autoridade.
Para que tal seja uma realidade, é necessário que haja a obrigatoriedade do seu uso e uma fiscalização eficiente, assim como a aplicação de sanções para quem não cumpra. A começar por cima, claro! Pois só assim se pode dar o exemplo e exigir que se cumpra o pedido.