Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Inundações precisam de solução conjunta

ESTAMOS próximo da época dos tufões e Macau já sofreu duas tempestades que deixaram marcas severas nas últimas semanas.

É um problema recorrente que a RAEM enfrenta todos os anos e que sempre faz os responsáveis governativos virem com promessas para resolver o problema. E além das promessas, várias intervenções têm sido feitas e milhões gastos por diversos departamentos do Governo, pelo que as palavras dos responsáveis do Executivo nesta área não são apenas sons descabidos de qualquer substância. Várias obras têm sido feitas, mas os resultados pouco têm melhorado o problema das inundações.
Não sendo especialista na área, mas tendo contacto com a água e com o sistema fluvial que circunda Macau, considero que mesmo com todas as obras que possam ser feitas, seja no Porto Interior ou na zona da Taipa, a solução não pode estar apenas do lado de Macau. Por muitas infra-estruturas que sejam construídas, se não houver uma coordenação e uma intervenção concertada e semelhante do lado da China, a situação nunca irá ser resolvida na totalidade e milhões do erário público irão continuar a ser esbanjados.
Quando chove em demasia é normal as inundações nas zonas baixas de Macau, sendo o Porto Interior e a baixa da Taipa dois dos locais mais afectados. Mas, mais recentemente, temos assistido a problemas noutras áreas, como a das Portas do Cerco. No entanto, apenas temos acesso às notícias dessas inundações do «lado de cá». Porque não noticiam as inundações na zona da Lapa, a vila que fica do lado oposto ao Porto Interior, do lado da China, ou os estragos na zona de Gongbei?
A água não conhece fronteiras, e com tanta proximidade entre o território de Macau e a parte continental da China, a solução do escoamento das águas das chuvas tem de ser conjunta. De nada vale Macau gastar milhões a criar formas de tirar a água do nosso lado, ou tentar impedir que ela entre, se do outro lado nada é feito. A água pode ser retirada, mas se não tiver para onde ir terá de voltar para o local de onde saiu.
A falta de coordenação e a falta da criação das mesmas estruturas do «lado chinês», aliada ao grave problema do assoreamento do canal do Porto Interior e do canal entre a Taipa e a ilha da Montanha (que está fechado ao tráfego há vários anos, devido às obras do túnel da Campus da Universidade de Macau), são os maiores causadores das persistentes cheias nestas zonas do Sul da China.
O problema que agora se começa a sentir na zona das Portas do Cerco está ligado a todas as obras e mudanças hidrográficas relacionadas com as obras da mega-ponte Hong Kong/Macau/Zhuhai. Aliás, neste caso, as consequências, pelo que tenho presenciado nas saídas de barco na zona, irão ser muito maiores do que apenas inundações, mas este será tema de outro artigo no futuro.
O canal de navegação do Porto Interior, por exemplo, nos últimos dois anos, de acordo com sondagens das embarcações que ali navegam assiduamente, perdeu mais de meio metro de profundidade em maré alta. Isto na zona de navegação que são uns meros 15 metros de largura e que são dragados frequentemente. Anteriormente a profundidade era de cerca de oito metros e hoje em dia raramente chega aos sete e meio! Acredito que as outras zonas, nomeadamente as de ancoragem dos barcos de pesca e as zonas mais próximas da orla marítima, tenham sofrido ainda mais em termos de assoreamento do leito. Tudo isto graças, principalmente, à crescente poluição causada pelo indiscriminado abandono de lixo dos barcos de pesca e de carga, mas também dos inúmeros esgotos domésticos, que descarregam directamente para o Porto Interior a céu aberto.
Parece impossível, mas numa cidade como Macau, que se diz internacional e se apelida de evoluída, são descarregados esgotos directamente para as águas fluviais, sem qualquer tratamento e sem que as autoridades actuem. E, para quem não acredita, não é preciso andar de barco para verem dois exemplos desses esgotos. Basta irem à Marina do Lamau: ali há duas saídas de esgotos, uma de frente aos edifícios Golden Bay e Billows Bay, e outra junto das Oficinas Navais. Sim, não leram mal! Esgotos a serem despejados directamente nas águas da Marina e aos olhos de todos!
Esgotos não tratados, lixo lançado para a água, aliado aos detritos trazidos pelas correntes e marés, fazem com que o assoreamento do canal seja um dos grandes problemas das cheias em tempo de chuvas mais fortes.
Se do lado de Macau a situação é assim, mesmo apesar de toda a vigilância da população, imaginem do lado do continente...

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