Macau Pass nos táxis?
COM o passar dos anos e com o mau serviço que os taxistas nos fornecem, a paciência dos utentes começa a esgotar-se. Recentemente foi introduzido em Hong Kong o pagamento via cartão Octopus (o equivalente ao Macau Pass aqui na RAEM), pelo que a empresa responsável pelo sistema de dinheiro de plástico em Macau mostrou-se receptiva à ideia de tal vir também a ser adoptado no território. Uma opção que, em minha opinião, seria de louvar – mais não fosse – para terminar com a situação que ocorre sempre que a quantia a pagar não termina em números redondos. Sempre que isto sucede, – não sei como, – os taxistas nunca têm trocos!
Perante a sugestão da Macau Pass, os representantes dos profissionais dos táxis mostraram-se completamente indignados, vindo a público afirmar que será uma forma de diminuir os rendimentos dos seus associados!
Esta afirmação deixou-me perplexo! Pensava que os rendimentos dos taxistas fossem baseados nas tarifas cobradas. Afinal, pelo que se deduz da preocupação dos seus líderes associativos, o esquema das gorjetas forçadas faz mesmo parte da sua fonte de rendimentos!
A questão foi também levantada em Hong Kong, quando foi decidido introduzir o sistema de pagamento nos táxis, para facilitar o pagamento por parte dos utentes. E, apesar de existir no sistema a possibilidade de deixar gorjetas, os homens do volante continuam a dizer que os rendimentos baixaram.
Daí ser legítimo perguntar: baixaram os rendimentos, ou deixou de existir forma de, abertamente, roubar e burlar os utentes?
Em Hong Kong sucedeu-me, por diversas vezes, os taxistas não terem troco exacto para entregar no final da corrida; no entanto e como, regra geral, falam alguma coisa de inglês, a situação resolveu-se sem grandes problemas. Em Macau, como falam mal até mesmo cantonense, quando não há troco, a solução é chamar a polícia. No entanto, como nem todos os utentes estão com paciência para chamar a polícia, acabam sempre por deixar o troco como se fosse gorjeta, sendo coniventes, assim, num acto ilícito, mas de que todos têm conhecimento.
Macau é pródigo neste tipo de situações e o que se passa com os trocos nos táxis pode ser visto noutros locais e noutras ocasiões.
Cliente paga horas extras
Vejamos o que se acontece, ano após ano, no Ano Novo Chinês, com os preços nos estabelecimentos de comidas e bebidas que optam (e muito bem do ponto de vista comercial) por ficar abertos para nos servir. Não são a regra, mas muitos cobram aos clientes a obrigação legal que têm de pagar a triplicar aos empregados por estes trabalharem em dia feriado. Dizem que se não pagarem aos empregados eles não trabalham. Pois eu também não trabalharia, se o meu patrão não me pagasse! Contudo, não cabe ao meu patrão passar a factura do meu trabalho extraordinário para o cliente. Pelo menos, passar assim tão descaradamente!
É usual, durante os dias de Ano Novo, ver-se nas portas dos restaurantes e cafés anúncios a alertar quem entra que, ao normal preço da conta dos produtos consumidos, será acrescido um valor de 30 por cento, para fazer face ao aumento dos encargos que têm em manter as portas abertas para servir quem ali se desloca.
Não se regista em todo o lado, mas acontece na grande maioria, e as autoridades nada fazem.
Num restaurante da zona da Barra cheguei a presenciar um turista que, indignado, chamou um polícia que por ali circulava na altura e perguntou-lhe se era legal, tendo o polícia encolhido os ombros e dito que era normal!
A verdade é que não é legal. Mas também é verdade que as autoridades e o Governo nada fazem para que isto acabe.
De uma vez por todas há que fazer entender aos proprietários dos restaurantes e similares que, se querem fazer dinheiro e ter as portas abertas, devem pagar do próprio bolso, porque os clientes já pagam mais do que suficiente. O facto de terem de pagar horas extras aos empregados não pode ser justificação para carregar ainda mais a conta final que cada pessoa paga.