NUMA terra que lentamente vai perdendo as suas raízes e características que a fizeram especial durante séculos, irrita-me a passividade com que se olha para o delapidar do património que é de todos nós. Principalmente porque estamos numa época em que se valoriza, cada vez mais, nas sociedades mais desenvolvidas, o que é antigo e de boa qualidade. Por cá, parece que andamos em sentido oposto e apenas se olha para o que é novo, «kitsch» e desprovido de qualquer valor histórico, civilizacional ou cultural.
Os exemplos aparecem nas páginas dos jornais diariamente, mas as autoridades, ou quem por inerência de funções devia ter alguma sensibilidade para situações relacionadas com casos deste género, parecem assobiar para o lado e fechar os olhos cada vez que «cai por terra» um pouco da história comum do território.
Macau é feito de uma mescla de influências, que variam entre o oriental e o ocidental, com grandes marcas do que é chinês, do que é português ou de características portuguesas. É isto, em grande parte, que traz ao território um bom número de turistas sedentos de vestígios históricos da sã convivência milenar entre o Oriente e Ocidente.
É do conhecimento de todos que a grande maioria dos turistas que nos visitam (99%) pouco se importa com o património e pouco mais querem do que mesas de bacará e máquinas de papa-níqueis. No entanto, e como prefiro inclinar-me para a lenga-lenga dos responsáveis do Turismo de Macau, os outros (o tal 1% restante) vêm com vontade de ver algo diferente, algo que só a RAEM pode oferecer – como diz o chavão «Num mundo de diferenças, a diferença é Macau!».
Recentemente a população ficou estupefacta, pela positiva desta vez, com a acertada decisão do Instituto Cultural de salvar a pretensa farmácia que serviu de refúgio ao fundador da China moderna! Pelo que foi dado a conhecer, o presidente do IC foi célere depois de alertado, mesmo não havendo quaisquer certezas de que tal edifício seja mesmo o das secretas reuniões de Sun Yat-sen para conspirar contra o regime imperial Qing. Apesar das dúvidas, fica o aplauso para a decisão de suspender os trabalhos e proceder a melhores averiguações para tentar salvar, que mais não seja, um edifício que data de finais de 1800, portanto, com mais de cem anos de existência. Só o próprio facto da sua «antiguidade» já faz com que mereça ser restaurado e apreciado pela população e por quem nos visita, com ou sem Sun Yat-sen!
Pena me faz que não seja seguido este princípio em todos os casos referentes ao património que diariamente é delapidado. Se decidiram optar por salvar este prédio (que estava destinado a dar lugar à construção de apartamentos), porque não fazer o mesmo com os edifícios nas traseiras das Ruínas de São Paulo? Confesso que não compreendo o uso de dois pesos e duas medidas. A única diferença entre eles é que um representa a história da China e o outro apenas representa o lado ocidental de Macau. Não quero pensar sequer que tal seja a razão de tão «científica» decisão. Porque, se assim fosse, estariam então os princípios orientadores da sociedade local em muito maus lençóis…
A verdade é que o edifício da Rua das Estalagens fica de pé até novos estudos serem feitos e os edifícios dos funcionários públicos, na Rua D. Belchior Carneiro, apesar de serem exemplares únicos daquele tipo de arquitectura em Macau (e mesmo na Ásia), estão com o destino traçado para darem lugar a um parque de estacionamento.
Estejam atentos às notícias mais recentes e antevejam o que irá acontecer nos próximos dias! É de pasmar, mas é mesmo verdade. Aqui deitamos por terra prédios históricos que não se vêem em mais lugar nenhum do continente asiático, para dar lugar a espaço destinado a veículos motorizados! Mesmo que digam e mostrem que é em nome da preservação do património. O facto de existirem vestígios da antiga muralha, ou de supostas cerâmicas Qing, será razão suficiente para demolir exemplares completos de um estilo arquitectónico que não existe em nenhum outro local de Macau?
É isto que me leva a dizer que na RAEM andamos em sentido oposto ao do resto do mundo, pelo menos no que a conservação do património diz respeito!
Os exemplos aparecem nas páginas dos jornais diariamente, mas as autoridades, ou quem por inerência de funções devia ter alguma sensibilidade para situações relacionadas com casos deste género, parecem assobiar para o lado e fechar os olhos cada vez que «cai por terra» um pouco da história comum do território.
Macau é feito de uma mescla de influências, que variam entre o oriental e o ocidental, com grandes marcas do que é chinês, do que é português ou de características portuguesas. É isto, em grande parte, que traz ao território um bom número de turistas sedentos de vestígios históricos da sã convivência milenar entre o Oriente e Ocidente.
É do conhecimento de todos que a grande maioria dos turistas que nos visitam (99%) pouco se importa com o património e pouco mais querem do que mesas de bacará e máquinas de papa-níqueis. No entanto, e como prefiro inclinar-me para a lenga-lenga dos responsáveis do Turismo de Macau, os outros (o tal 1% restante) vêm com vontade de ver algo diferente, algo que só a RAEM pode oferecer – como diz o chavão «Num mundo de diferenças, a diferença é Macau!».
Recentemente a população ficou estupefacta, pela positiva desta vez, com a acertada decisão do Instituto Cultural de salvar a pretensa farmácia que serviu de refúgio ao fundador da China moderna! Pelo que foi dado a conhecer, o presidente do IC foi célere depois de alertado, mesmo não havendo quaisquer certezas de que tal edifício seja mesmo o das secretas reuniões de Sun Yat-sen para conspirar contra o regime imperial Qing. Apesar das dúvidas, fica o aplauso para a decisão de suspender os trabalhos e proceder a melhores averiguações para tentar salvar, que mais não seja, um edifício que data de finais de 1800, portanto, com mais de cem anos de existência. Só o próprio facto da sua «antiguidade» já faz com que mereça ser restaurado e apreciado pela população e por quem nos visita, com ou sem Sun Yat-sen!
Pena me faz que não seja seguido este princípio em todos os casos referentes ao património que diariamente é delapidado. Se decidiram optar por salvar este prédio (que estava destinado a dar lugar à construção de apartamentos), porque não fazer o mesmo com os edifícios nas traseiras das Ruínas de São Paulo? Confesso que não compreendo o uso de dois pesos e duas medidas. A única diferença entre eles é que um representa a história da China e o outro apenas representa o lado ocidental de Macau. Não quero pensar sequer que tal seja a razão de tão «científica» decisão. Porque, se assim fosse, estariam então os princípios orientadores da sociedade local em muito maus lençóis…
A verdade é que o edifício da Rua das Estalagens fica de pé até novos estudos serem feitos e os edifícios dos funcionários públicos, na Rua D. Belchior Carneiro, apesar de serem exemplares únicos daquele tipo de arquitectura em Macau (e mesmo na Ásia), estão com o destino traçado para darem lugar a um parque de estacionamento.
Estejam atentos às notícias mais recentes e antevejam o que irá acontecer nos próximos dias! É de pasmar, mas é mesmo verdade. Aqui deitamos por terra prédios históricos que não se vêem em mais lugar nenhum do continente asiático, para dar lugar a espaço destinado a veículos motorizados! Mesmo que digam e mostrem que é em nome da preservação do património. O facto de existirem vestígios da antiga muralha, ou de supostas cerâmicas Qing, será razão suficiente para demolir exemplares completos de um estilo arquitectónico que não existe em nenhum outro local de Macau?
É isto que me leva a dizer que na RAEM andamos em sentido oposto ao do resto do mundo, pelo menos no que a conservação do património diz respeito!