Finalmente um parque para cães
AO longo dos anos, os donos de animais de estimação do território têm vindo a reclamar contra as leis pouco adequadas e desactualizadas no que se refere aos bichos.
Os regulamentos legais sofreram algumas alterações. mas, em muitos pontos, continuam ainda fora de contexto. Esta é a actual situação, apesar dos veterinários e associações de protecção dos animais continuamente reclamarem quanto a alguns aspectos que consideram urgente serem revistos, tendo em vista acompanhar o desenvolvimento da cidade e proteger o bem-estar dos animais.
Como se sabe, em Macau é proibido passear cães de estimação sem estarem presos por uma trela, sejam eles bem ou mal treinados. Pelo que, legalmente, não é possível ao dono soltar o animal para que este se exercite e gaste energias acumuladas.
Se perguntarmos a qualquer veterinário acerca da importância do exercício para os animais de estimação, certamente ele nos dirá que é dos aspectos mais importantes a ter em conta com um animal que vive, como a grande maioria dos existentes em Macau, 24 horas dentro de um apartamento. De acordo com a letra da lei, o único local onde o animal pode estar sem trela é em casa dos donos! Infelizmente, a maioria dos residentes não dispõe de casas com espaço suficiente, ou jardim, para os animais andarem à vontade.
Em todos os jardins e áreas ajardinadas do território ou é proibido entrar com cães ou, quando é permitido, não se pode deixá-los à solta.
O facto de o animal não ter oportunidade para exercitar e gastar energias acumuladas faz com que o seu comportamento se torne mais agressivo, começando a comportar-se mal em casa e acabando por se tornar num fardo que poucos têm paciência para carregar. A frustração e todos os comportamentos negativos nos animais estão, muitas vezes, na base da decisão dos donos os abandonarem.
Ao fim de alguns anos de pedidos e insistências de vários sectores, Macau conta agora com um parque para cães. Entrou em funcionamento recentemente e, tanto quanto sei, há planos para mais alguns em outros locais, onde tal seja possível.
É de louvar a ideia do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, pois desde há muito esse era um desejo de todos os proprietários de animais de estimação e de quem gosta de animais.
Apesar de nem tudo ser perfeito, o local escolhido é aprazível e está bem localizado. Entre o edifício «SeaView» e o Jardim do Reservatório, o parque para cães tem capacidade para acolher dezenas de animais, havendo em todo o recinto caixotes do lixo para depositar as fezes dos animais, podendo ser recolhidas em sacos biodegradáveis que também se encontram no local, em dispensários adequados. Existe também um aguadeiro para os cães aí poderem beber. A iluminação, visto que o parque está aberto das sete da manhã às dez da noite, é insuficiente, mas penso que tal se deve ao facto do recinto ser recente e ainda não ter havido reajustamentos no modo de funcionamento.
No local em questão, onde só podem entrar cães acompanhados e devidamente registados e vacinados, está destacado um segurança que vai zelando pelo bom funcionamento do recinto e preservando o bom ambiente. Periodicamente, um funcionário da empresa concessionária da limpeza passa por ali, para substituir os sacos do lixo nos caixotes. Apesar do grande avanço que esta instalação traz para a população e para os animais de estimação, há ainda aspectos a ter em conta.
Da última vez que ali me desloquei, deparei com muitas fezes dos animais na relva. Deveriam ter sido retiradas pelos proprietários dos animais, mas tal não aconteceu, porque o segurança não exerceu o seu dever de alertar os proprietários. Tal não deve suceder. O segurança tem de estar atento a estas situações de desrespeito pelo Regulamento Geral dos Espaços Públicos e, caso detecte alguma violação, deve chamar as pessoas à atenção ou pedir a presença imediata de um fiscal ou agente das forças de segurança no local, para tomar conta da ocorrência.
Na eventualidade do incidente não ser detectado, o segurança, após se ter apercebido do facto ou ser alertado para o mesmo por algum utente, deve chamar alguém responsável pela limpeza para remover as fezes da relva, de modo que outras pessoas e animais possam usufruir do recinto, sem terem de andar preocupadas em pisar algo menos próprio! Tanto mais que o recinto é frequentado por muitas crianças que acompanham os adultos com animais e aproveitam também para socializar com os cães no recinto.
Cabe também ao segurança zelar pela ordem dentro daquele espaço, onde é proibido comer e beber. Também nessa minha última deslocação, na zona mais distante do parque em direcção ao local de estacionamento do Parque do Reservatório, vi um sujeito sentado num dos bancos a fumar e a beber dentro do recinto. Chamei à atenção do segurança na altura, mas de nada serviu, pois nem se deu ao trabalho de ir verificar o que lhe tinha dito.
Apesar de tudo, é positiva a criação do parque para cães. Espera-se agora que outros surjam e que o funcionamento seja melhor de dia para dia.