Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sábado, 19 de março de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

As «mijinhas» de Pequim

QUANDO era miúdo, lá na minha terra tínhamos uma expressão da qual ainda hoje gosto de me lembrar quando algo nos aparece a conta-gotas. Dizíamos que era às «mijinhas», ou seja, nunca vinha tudo de uma vez e tínhamos de esperar eternamente até que tudo chegasse! Digamos, era um martírio para uma criança impaciente.

O facto das mensagens do outro lado da fronteira chegarem sempre truncadas, ou a conta-gotas, há muito deixou de me surpreender. Raramente vemos vir de Pequim um sinal que seja claro, conciso e sem campo para ilações que não sejam as originais.

Há quanto tempo se fala da falta de espaço de Macau? Que me lembre, desde sempre! Daí existirem tantos aterros nesta terra. Mas, como em tudo, os aterros não se podem estender eternamente, caso contrário corremos o risco de um dia destes chegar a Hong Kong a pé. Lá ficavam os barcos sem negócio e a ponte Y ficava sem grande utilidade!

A solução que Pequim encontrou, sugerida por muitas vozes deste território, foi a de «dar» a Ilha da Montanha – não lhe chamem «Henqin», porque tem nome em Português; e, em Cantonense, chamam-lhe «wankam» – às «mijinhas». Primeiro foi o talhão para a Universidade de Macau, tendo logo tudo quanto é instituição de ensino feito fila para que lhes fosse atribuído semelhante benesse. Muitas delas nem em Macau fazem um serviço competente, mas querem expandir-se!

Depois da onda educativa, seguiu-se a da ciência, com vários hospitais programados para a ilha e com a promessa de que, se estivermos doentes, podemos conduzir para ir ao médico na China!

Por mim, obrigado, mas não quero, e por duas razões principais: primeiro, porque se estou doente não devo ter grandes condições para conduzir; segundo, porque nem mesmo em Macau confio nos médicos vindos do continente, quanto mais na Ilha da Montanha!

É do conhecimento público que está em construção o maior parque aquático da Ásia ali na mesma ilha. Aliás, de certas zonas, em Coloane, consegue-se ver parte do parque em construção. Será que, se formos ao médico na ilha, nos dão autorização para ir visitar o parque e tomar banho? Ou para tal vamos precisar de Visto?

Não consigo perceber o motivo de tanta indecisão e falta de vontade política. Não quero acreditar que seja falta de visão, porque se há coisa que Pequim nos ensinou é que percebem de planeamento económico a longo prazo. O resultado está à vista de todos, com uma Economia galopante e forte.

A solução da Ilha da Montanha viria, como dizia o empresário David Chow há já alguns anos, resolver muitos dos problemas de Macau, principalmente em termos de espaço e pôr termo a muitas das dificuldades que aqui são sentidas, nomeadamente no que diz respeito à especulação imobiliária.

Por outro lado, estando tudo a ser feito a conta-gotas, deve haver quem tenha mais informação do que nós, simples cidadãos. Só assim se percebe que grupos empresariais, nomeadamente americanos e ligados ao jogo na Ásia, tenham andado a investir fortemente na compra de direitos de uso de terreno na dita ilha vizinha de Macau. Se não souberem algo mais do que aquilo que nós sabemos, é de supor que não seja um bom investimento.

Parece quase evidente que, mais cedo ou mais tarde, a Ilha da Montanha fará parte de Macau. Julgo que isso será realidade daqui a uns anos; o que não percebo é a razão por que não decidem, de uma vez por todas, anexar a ilha e dar a Macau os direitos de utilização. Aliás, de todas as opções existentes, essa seria a mais viável e de fácil concretização. Afinal, a Ilha da Montanha apenas está ligada ao continente por uma pequena ponte, que a liga à Ilha da Lapa (a que os chineses chamam Wanchai). Bastaria criar na dita ponte um controle fronteiriço, à semelhança das Portas do Cerco e, aos habitantes da ilha que ali vivam (digamos há 20 anos consecutivos ou ali tenham familiares directos) dar-lhes a residência de Macau. Resolvia-se o problema rapidamente, ganhando Macau mais mão-de-obra (serão cerca de 20 a 30 mil os habitantes da ilha) e mais alguns habitantes em troca de uma área enorme para expansão.

Talvez seja uma solução que soa a simplória mas, em troca das «mijinhas», estou para aceitar qualquer coisa!

Em Macau julgamos ser profissionais e, regra geral, queremos decisões rápidas e duradouras. De Pequim temos sido surpreendidos, regularmente, com decisões muito acertadas, tanto a nível internacional, como a nível de Macau. Mas, de tempos a tempos, surgem sinais muito confusos que nos levam a pensar se haverá mesmo uma «linha» decidida para o desenvolvimento deste pequeno pedaço de terra a que chamamos Macau.

domingo, 13 de março de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

CTM mete a «pata» na poça

ESTE artigo vai soar a diário de uma pessoa insatisfeita, mas, como penso não estar sozinho nesta luta, decidi, mesmo assim, escrever.

Às seis e meia da manhã do dia 25 de Fevereiro, já acordado, decidi verificar a minha correspondência electrónica, como faço todos os dias durante a semana. Para surpresa minha, não tinha acesso à Internet em casa através do sistema sem fios que tenho instalado em todo o apartamento. Pensando ser um problema do sistema físico, fiz o que mandam os livros, verificando todas as ligações e, depois de me certificar que tudo estava conforme, desliguei todo o sistema e recomecei-o. De nada valeu. Continuava sem acesso à rede global em casa. Verifiquei o telemóvel, visto que, como muitos de nós, hoje em dia, também por esse meio posso aceder à Internet, e tudo funcionava, acabando por consultar a correspondência ali mesmo. Digamos que às seis e meia da manhã estava com pouca paciência para telefonar para a CTM e ter de explicar tudo, em inglês, a um(a) telefonista que nada iria resolver. Isto, claro, se fosse capaz de me fazer entender, porque maior parte das vezes o nível de entendimento em inglês (para já não falar do português que deveria ser tido como língua principal, ao lado do chinês) é pouco mais que básico! Culpa não do funcionário, mas da empresa que não contrata pessoas competentes, ou não lhes dá o treino devido.

Problema da correspondência resolvido, voltei costas ao problema e fiz-me à vida.

Chegado ao escritório, já esquecido do «glitch» técnico que me tinha deixado mal disposto logo de manhã cedo, ligo o computador, verifico todas as contas de mensagens electrónicas e, como sempre, deixo a privada da CTM para último. Os afazeres profissionais no escritório vêm sempre em primeiro lugar e só se verifica a conta privada caso haja tempo livre para isso.

Ao aceder à caixa de correio da CTM, via «Cyberctm webmail», na página em português, «Sorry, you haven't subscribe the service»! Só aqui me apercebi que pelo telefone também não tinha tido acesso a esta conta!

Nesta altura já me tinha esquecido do que havia ocorrido às seis e meia da manhã. Eram 9 e 15 e tentei ligar a linha 1000, tendo sido atendido, depois de dez minutos de música, por uma telefonista na linha em português, sob a opção Internet, que me perguntou o que queria (em inglês!). Se estava na opção Internet, certamente que não queria tratar de assuntos do telemóvel, certo? Ao ter referido o que se passava, nem tempo me deu para explicar mais, dizendo que me iria transferir para o «Internet Service». Fiquei perplexo! Então, não tinha eu teclado 1000, opção 3 (português, o inglês vem em segundo lugar, antes da língua oficial portuguesa!) e depois opção 2 para Serviços de Internet e 0 para falar com um agente de serviço?

Olhei para o relógio dessa manhã de sexta-feira e marcava 9:17. Ouvi música e uma voz que, de tempos a tempos, em Chinês, Inglês e Português, me ia dizendo que estavam todos muito ocupados e que, em breve, iria ser atendido. Às 9.38, depois de muita música, alguém atendeu a minha chamada que estava em espera, para me dizer o que a voz gravada me vinha repetindo incontáveis vezes! Depois, perguntando se era urgente e, em tal caso, para deixar o meu contacto e que alguém me iria telefonar mais tarde!

Sendo urgente, será que se coadunava com esperar por um telefonema mais tarde e que, hipoteticamente, nunca iria chegar? Quando me preparava para deixar o número de telefone, e como estranhei o silêncio do outro lado da linha, deparei que me tinha desligado a chamada na cara, sem apelo nem agravo!

O problema devia-se a não ter sido feito o pagamento da conta. Contudo, apesar de estarem certos e com direito a cortarem-me o sinal, algo deveriam ter feito para me avisar. Quando me desloquei à empresa para pagar outras contas, como sempre faço, nada me foi dito (apesar de estarem todas sob o mesmo nome e endereço). Nem um telefonema me fizeram a avisar. Dizem ter enviado um «email»! De que serviria, se eu não tinha acesso a ele?

Sei não estar sozinho nesta onda de insatisfação perante o serviço da CTM. Basta falar com conhecidos para ouvir queixas das mais variadas, sejam elas relativas aos telemóveis (onde felizmente temos outras opções), seja relativo à linha fixa (onde não parece haver grandes problemas, visto o serviço ser invariavelmente mau e de pouco uso), ou seja acerca da Internet (onde, infelizmente, não temos opções e considero que o Governo deveria tomar uma posição para resolver o problema).

Macau, que pretende ser um território evoluído e que se promove como cidade internacional, precisa urgentemente de mais opções para serviços de Internet. Só havendo outro(s) concorrente(s) que ofereçam serviços idênticos, a CTM se verá «obrigada» a melhorar os seus e os cidadãos poderão ter acesso a um serviço mais desenvolvido.

O serviço da Internet da CTM é deplorável e caro. A velocidade de acesso é arrepiantemente lenta, quando comparada com as velocidades (efectivas e reais) que se praticam noutros países (basta ir a Hong Kong, se não quisermos comparar com a Europa). Nós que pagamos merecemos melhor. Merecemos, pelo menos, respeito e sinceridade.

Todos temos problemas e, caso sejam reconhecidos, certamente todos iremos entender e ser mais tolerantes. A postura de que a culpa é sempre do outro não nos serve. Logo que haja outra opção, mesmo que pior, serei dos primeiros a experimentar, até que a CTM se decida a tratar os clientes com respeito e seriedade.

Chega de arrogância, mau serviço e falta de educação e respeito.

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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