Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Capitania desrespeita Lei Básica

Capitania desrespeita Lei Básica

 
COMEÇA a ser um bocado desencorajador e cansativo andar sempre a escrever sobre o mesmo assunto e não ver quaisquer mudanças; apenas palavras ocas e sem qualquer significado mas que, quando proferidas, metem todos os que se interessam pela língua portuguesa em Macau a saltar de contentes. Dizem que vão apostar mais na língua portuguesa e os deputados da Assembleia Legislativa regurgitam com excitação e tentam puxar os louros para si. Enquanto a comunidade continua a acreditar que a intenção dos governantes é mesmo de fazer a língua portuguesa valer, como foi acordado entre Lisboa e Pequim: ser língua oficial, a par da língua chinesa, até 20 de Dezembro de 2049.

Incluo-me no grupo dos eternos sonhadores que acreditam que, em Macau, o Governo irá tudo fazer para que a língua portuguesa seja respeitada e tratada em pé de igualdade com a chinesa. Mas a realidade que se constata diariamente faz-me pensar noutro sentido, apesar de secretamente querer acreditar que estou redondamente enganado.
Existem sinais, agora que estamos no terceiro mandato do Chefe do Executivo, que não deixam sinais para dúvidas. Vejam quantos sítios na Internet foram criados desde 20 de Dezembro de 1999 e quantos deles têm o seu endereço em Português. Na sua maioria são denominados em Inglês e, se nada for feito, acredito que irão começar a ser denominados em Chinês visto que, passadas quase três décadas da invenção da Internet, os caracteres chineses já são aceites para escrever na barra de endereços nos navegadores do ciberespaço. Em Macau, no sector privado, existe pelo menos um já denominado em Chinês, o do empreendimento La Scala (www.御海南灣.com). Portanto, não se admirem que comecem a surgir os do Governo também em Chinês em detrimento do Português.
Outro dos sinais que me deixam apreensivo diz respeito à correspondência que, insensatamente, vamos recebendo como lixo nas caixas do correio, sem que tenha sido requisitada aos departamentos do Governo. Urge existir em Macau um sistema, à semelhança da Europa, que permita aos residentes recusar receber correspondência não solicitada nas suas caixas do correio.
Recentemente recebi, desta vez da Capitania dos Portos, o bonito panfleto relativo à poupança de água, um assunto que me é querido mas que, por imposição do Governo, não posso aprofundar porque, segundo consegui perceber nas únicas palavras na língua oficial que é a portuguesa «para adquirir a versão portuguesa deste folheto, por favor, consultem a seguinte página electrónica do Grupo de Trabalho:www.marine.gov.mo/waterconservation».
Só depois de seguir o «link» é que fiquei exactamente a saber o que era o conteúdo do panfleto mas, como podem ver pela imagem da página principal do dito «grupo», até aqui se torna complicado encontrar aquilo que for. A coluna da esquerda que, supostamente, deveria servir para navegação está de tal forma confusa em Português que tive de clicar um a um até encontrar o que procurava:www.marine.gov.mo/waterconservation/pdfs/recycledWaterPlan_p.pdf.
Para espanto meu e defraudado com tanta falta de consideração para com quem não lê Chinês, fiquei a saber que é o texto da consulta pública referente ao Plano de Desenvolvimento de Água Reciclada em Macau (2013-2022). Uma pesquisa que deve interessar a todos quantos vivem em Macau e não apenas à comunidade chinesa, mas que a Capitania (ou o dito grupo de trabalho) devem considerar que não vale a pena tratar as duas línguas oficias em igualdade, relegando os que apenas lêem Português para uma posição subalterna relativamente a quem lê Chinês.
Pergunto: Se o texto tivesse sido enviado em Português e tivesse escrito que se quisessem a versão chinesa tinham de ir à Internet e descarregá-la, será que os leitores de Chinês iriam gostar desta forma de tratamento? Afinal, sendo residente permanente de pleno direito, e obrigações, de Macau, não descarto nem desisto do direito que tenho a ser tratado em pé de igualdade.
A Lei Básica é clara: tanto o Chinês como o Português são línguas oficias, podendo ambas ser usadas nos serviços públicos. Portanto, porque insistem alguns em não respeitar a regra, tratando uma das línguas como sendo de somenos importância?
Gostaria de saber se a Capitania dos Portos prevê reparar o erro e dar ordens para que, a partir de agora, tudo seja enviado nas duas línguas, pelo menos até 2049!

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