Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

Calem as ambulâncias sem emergência

domingo, 27 de março de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

Ancoradouros para barcos privados

certos aspectos em que Macau está uns passos à frente de Hong Kong. Nos últimos anos, o nosso território tem dado alguns exemplos à região vizinha, embora ainda tenhamos muito que aprender com ela.

Com o desenvolvimento da sociedade, e sendo a RAEM um local primordialmente virado para o mar, é natural que quem aqui vive se sinta, cada vez mais, atraído pela água. Apesar de ser uma cidade ribeirinha, de tradições afincadamente enraizadas no espírito da faina, Macau não faz jus ao nome de ser o porto e porta de entrada na China que, em séculos passados, fez os portugueses aqui permanecerem.

Quem pretender fazer da ligação ao mar um modo de vida, ou um modo de passar momentos agradáveis, defronta-se com inúmeros obstáculos legais, burocráticos e outros de pura casmurrice de quem decide.

Colocando de lado o facto das embarcações serem, mais ou menos dispendiosas, a verdade é que, apesar de não ser impossível comprá-las, será quase impraticável mantê-las em Macau.

De acordo com a legislação (draconiana) vigente, quem pretender adquirir barco (seja ele a motor ou à vela) tem de o guardar na Marina do Lamau ou no Clube Naútico, em Coloane. Enquanto este só aceita embarcações de pequeno porte, por se tratar de doca seca, a primeira só aceita quem tiver uma conta bancária a rondar os milhões, visto que os pontões estão todos vendidos e as rendas custam mais do que algumas casas e a quota do clube outro tanto.

Olhando para Hong Kong, onde possuir um barco não é luxo, vemos que a realidade é bem diferente. Se for residente na antiga colónia britânica, ou tendo ali uma empresa registada, pode optar por requerer um local de ancoramento, – devidamente controlado pelas autoridades marítimas, – numa das zonas para tal autorizadas (há dezenas de locais por todo o território com espaço para milhares de fundeadouros), sendo o preço de pouco mais de dois mil e 600 dólares de Hong Kong (para um barco até 60 metros quadrados de área), podendo alcançar os 17 mil dólares, se se tratar de um barco maior.

Nas várias vezes que abordei os serviços competentes em Macau – porque, como muitos residentes com menos posses para pagar as verbas exorbitantes da Marina e do Clube Náutico, também tenho direito de usufruir de uma embarcação na terra onde vivo, trabalho e pago impostos – a resposta da Capitania dos Portos foi sempre a mesma, num tom ríspido e algumas vezes a rondar o arrogante. As escolhas são as que conhecemos, ou se paga a quem explora os locais existentes ou não se pode comprar barco. Esta situação deixa muitos dos potenciais interessados numa embarcação de recreio, ou mesmo em viver a bordo, sem qualquer hipótese de recurso.

No entanto, sabemos que há no Porto Interior locais para ancorar barcos de pesca, que ali ficam aquando de tufões, durante a época do defeso, no Ano Novo Chinês e em outras ocasiões. Sobre a hipótese de um particular ali também poder ter, com todas as condições, um local para a sua embarcação, a Capitania nada diz, deixando antever que tal não será possível, visto que não há qualquer tipo de regulamentação que o preveja.

Não será tempo de, em Macau, se olhar para estes pormenores? Há na RAEM, além do Porto Interior, outros locais que podem servir para ancorar as embarcações de recreio (nomeadamente em Hác Sá e em Cheoc Van, na zona do porto de águas profundas, ou ao lado do aeroporto perto da central térmica) e que deveriam ser geridos pela Capitania, para que quem estivesse interessado pudesse requerer um ancoradouro para a sua embarcação, sem ser obrigado a enveredar por clubes ou instituições de cariz particular que apenas visam o lucro.

Não querendo estar a levantar qualquer falso juízo, o facto de se mostrarem irredutíveis e pouco interessados em estudar a questão dá a entender que estão a defender os interesses de quem explora as únicas duas opções privadas, obrigando, indirectamente, os interessados a ter que pactuar com situações de completa exploração.

Um barco para recreio ou mesmo para se viver nele, numa localidade à beira mar como é Macau, não é um luxo. Para quem pense que é capricho de rico, basta ver que os barcos são mais baratos do que as casas e oferecem as mesmas condições de habitabilidade.

Em Hong Kong compram-se juncos chineses, completamente adaptados para uma vida a bordo, com tudo o que se possa imaginar a nível do equipamento que se encontra numa habitação, por menos de um milhão de dólares de Hong Kong.

Quanto aos preços de manutenção, acreditem que gasto mais por ano com a minha casa! Portanto, para quem vive em Macau e aqui compra um apartamento, não acredito que ter barco seja uma questão de luxo.

Depende, claro está, do ponto de vista. Eu, se me fosse proporcionado pelas autoridades competentes, ponderaria sinceramente entre viver na água ou num prédio cheio de vizinhos mal-educados.

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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