TEMOS ouvido falar nos últimos dias dos problemas no «Flower City» e na insatisfação dos seus moradores, devido a alegadas alterações estruturais feitas pelo «Park’n Shop» para instalar o seu supermercado, andando, há vários meses, as partes a atirar a culpa para o lado e a «sacudir a água do capote» sem que nada se resolva. Recentemente, o Governo veio a público dizer que iria realizar um estudo (mais um!) e que depois das conclusões a empresa responsável pelo supermercado teria dois meses para repor a legalidade e fazer as reparações necessárias. Entretanto, até lá, os moradores continuam à espera e a viver em condições perigosas, segundo dizem. Pouco satisfeitos por terem de esperar pelo estudo e mais dois meses para a sua implementação. Estou a falar sem ter conhecimento de toda a situação e sem saber quais as condições no interior dos apartamentos do prédio em questão. No entanto, os moradores asseguram que até infiltrações apareceram depois das ditas obras que alteraram partes da estrutura do prédio. Isto, pelo que se sabe, é usual em Macau e não me parece que o Governo faça alguma coisa para resolver o assunto. Esperem, pois, pelo relatório e estudo para ver as recomendações! O conselho que dou aos moradores é fazerem as reparações necessárias para assegurarem a segurança e integridade das habitações, pois se estiverem à espera do Governo, esperem sentados! Depois, avancem para tribunal, acusando também o próprio Governo. Numa escala mais pequena o mesmo acontece no meu prédio, onde o terraço está cheio de construções ilegais (ainda há duas semanas vi ser carregada uma caleira para o terraço que nem sequer cabia nas escadas) e têm aparecido infiltrações nas paredes do edifício, danificando tudo quanto encontra pelo caminho. O dito terraço já foi inspeccionado várias vezes, mas quem ali vai diz nada de ilegal se passar. O prédio, de acordo com o registo predial, tem cinco pisos, mas se lá forem ver o terraço, contarão seis... Num dos quartos do meu apartamento já perdi a conta das vezes que reparei a parede e o tecto para tentar mantê-los em condições aceitáveis. Já fiz queixa ao Instituto de Habitação, às Obras Públicas, etc. De nada valeu! Não quero dizer que nada fizeram, porque pelo menos deram-se ao trabalho de se deslocar para avaliar a situação, no entanto, nada fizeram para que o problema fosse resolvido. Da última vez que ali se deslocaram os técnicos fizeram medições de humidade, integridade das paredes, etc., tendo concluído que grande parte do problema vinha de uma fissura entre os dois prédios por onde entrava água e se infiltrava para as paredes dos apartamentos. Quando lhes perguntei pela solução, encolheram os ombros, até hoje! A solução que muitos têm encontrado no prédio é a de venderem enquanto os preços estão altos. Solução que não me agrada, visto que se vender (se bem que vale quase cinco vezes mais do que o preço que estou a pagar ao banco) nada poderei comprar da mesma qualidade e na mesma zona. É que eu, ao contrário de muitos dos outros proprietários, comprei para viver, não como investimento ou para arrendamento. Mas o prédio onde vivo não é exemplo único. Olhando da minha varanda para o outro lado da rua vejo um prédio que tem, pelo menos, um andar ilegal. E é tão evidente o seu peso que entre o rés-do-chão e o primeiro andar (todos os andares têm uma face saliente em relação ao piso térreo) foram obrigados a colocar uma estrutura de ferro, tipo umas escoras (!) para evitar que se incline mais para a frente tal não é o peso que tem nos pisos superiores. Não se vê? Só quem não quer é que não vê o problema. A razão de assim continuar prende-se com o facto de ali não viver qualquer proprietário, todos os apartamentos, pelo que consegui apurar, ou estão devolutos ou são arrendados. E, sendo arrendados, quem paga a renda nada pode fazer se o proprietário não tomar a iniciativa, pelo que a situação se arrasta sem que ninguém ponha termo à ilegalidade. Infelizmente, esta é a realidade de Macau. |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Governo nada faz (nas obras ilegais privadas)
segunda-feira, 22 de julho de 2013
É um orgulho
SÃO seis décadas e meia cheias de histórias, altos e baixos, que ficarão – para sempre – na memória colectiva de Macau. O jornal onde lêem estas linhas é um ponto incontornável na história da Imprensa e da própria história de Macau, tendo estado presente em acontecimentos em que nenhum outro, ainda no activo em língua portuguesa, tenha estado. Desde o famoso incidente do 1,2,3 à Guerra do Pacífico ou à Segunda Grande Guerra, O CLARIM passou por todos e informou sempre com isenção e imparcialidade. É com honra que colaboro a tempo parcial com este marco da história de Macau e com orgulho que guardo memórias de pessoas que por aqui passaram e que já nos deixaram, infelizmente. Lembro-me, invariavelmente, do Josué da Silva, um comunista convicto que trabalhava para um jornal católico!... Ou do tão conhecido e acarinhado professor Silveira Machado, que nos deixou mas que fez questão de legar uma vasta colecção de textos e manuscritos sobre a história e vivência de Macau. Muitos outros houve e haverá para continuar esta longa história do jornal católico que, certamente por mim e por outros, serão sempre lembrados e farão parte da história da Comunicação Social recente deste pequeno pedaço de terra tão distinto de tudo o resto que o rodeia. É muito graças a’O CLARIM que a fé cristã vai tendo uma voz neste território, uma terra cada vez mais obcecada pela ostentação e valores materiais e que se vai esquecendo dos valores da fraternidade e de ajuda ao próximo. Em alturas de despedidas, não quero deixar de lembrar o padre Albino, seu director desde os anos 80 do século passado, que agora deixa Macau devido a problemas de saúde. Senhor padre, espero que nos possamos vir a encontrar muitas vezes no futuro; ainda tem muito para dar a quem o conhece. Aproveite este descanso agora para escrever e deixar as suas memórias para as gerações vindouras, pois se não o fizer perde-se um valoroso espólio de vivências que – acredito – conhecendo-o, como conheço, não quererá que aconteça. Padre Albino, sei que deixa Macau com um nó na garganta. Quem não o faria, depois de uma vida dedicada a esta terra e a ajudar quem nela mais necessita!? Não o censuro por isso e tento compreender a sua mágoa. Apenas me resta dizer que estarei sempre disponível para as suas conversas, seja sobre o que for. E foram muitas ao longo destes anos. Dos 65 anos d’O CLARIM, e da sua respeitável idade, fica-me um rancor para com alguns poderes instituídos. Continuo sem perceber como é que os debates feitos na televisão do território, paga pelos nossos impostos, um canal que deve ser plural e aberto a todos os pontos de vista, continuam a ignorar O CLARIM, não chamando um seu representante para fazer parte do painel que semanalmente opina sobre o que acontece na região. Que mais não fosse pela sua maioridade, O CLARIM merece estar ali representado. Simplesmente não existe desculpa para tal! Macau tem as suas peculiaridades e formas de actuar, no entanto, O CLARIM sempre foi capaz, ao longo das décadas, de fazer frente a esses ímpetos que tinham como intenção calar a sua voz. Os exemplos ao longo dos anos foram muitos e mesmo recentemente todos presenciamos algo desse género. No entanto, o jornal continua e irá continuar por muitos mais anos, assim o esperamos porque é necessário à pluralidade das vozes e pontos de vista no território. São dez anos da minha colaboração nestas seis décadas e meia d’O CLARIM, um marco importante na minha colaboração que me deixa orgulho e que espero possa perpetuar por mais uma década. A todos quantos nos lêem, apraz me dizer que é com prazer que escrevemos e que semanalmente levamos até si o nosso trabalho. Esperamos que, da mesma forma que nos dá prazer, seja do vosso agrado. E, caso não seja, que manifestem as vossas opiniões para que possamos evoluir e ir ao encontro daquilo que o nosso leitor realmente quer. Muito obrigado! |
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