SÃO seis décadas e meia cheias de histórias, altos e baixos, que ficarão – para sempre – na memória colectiva de Macau. O jornal onde lêem estas linhas é um ponto incontornável na história da Imprensa e da própria história de Macau, tendo estado presente em acontecimentos em que nenhum outro, ainda no activo em língua portuguesa, tenha estado. Desde o famoso incidente do 1,2,3 à Guerra do Pacífico ou à Segunda Grande Guerra, O CLARIM passou por todos e informou sempre com isenção e imparcialidade. É com honra que colaboro a tempo parcial com este marco da história de Macau e com orgulho que guardo memórias de pessoas que por aqui passaram e que já nos deixaram, infelizmente. Lembro-me, invariavelmente, do Josué da Silva, um comunista convicto que trabalhava para um jornal católico!... Ou do tão conhecido e acarinhado professor Silveira Machado, que nos deixou mas que fez questão de legar uma vasta colecção de textos e manuscritos sobre a história e vivência de Macau. Muitos outros houve e haverá para continuar esta longa história do jornal católico que, certamente por mim e por outros, serão sempre lembrados e farão parte da história da Comunicação Social recente deste pequeno pedaço de terra tão distinto de tudo o resto que o rodeia. É muito graças a’O CLARIM que a fé cristã vai tendo uma voz neste território, uma terra cada vez mais obcecada pela ostentação e valores materiais e que se vai esquecendo dos valores da fraternidade e de ajuda ao próximo. Em alturas de despedidas, não quero deixar de lembrar o padre Albino, seu director desde os anos 80 do século passado, que agora deixa Macau devido a problemas de saúde. Senhor padre, espero que nos possamos vir a encontrar muitas vezes no futuro; ainda tem muito para dar a quem o conhece. Aproveite este descanso agora para escrever e deixar as suas memórias para as gerações vindouras, pois se não o fizer perde-se um valoroso espólio de vivências que – acredito – conhecendo-o, como conheço, não quererá que aconteça. Padre Albino, sei que deixa Macau com um nó na garganta. Quem não o faria, depois de uma vida dedicada a esta terra e a ajudar quem nela mais necessita!? Não o censuro por isso e tento compreender a sua mágoa. Apenas me resta dizer que estarei sempre disponível para as suas conversas, seja sobre o que for. E foram muitas ao longo destes anos. Dos 65 anos d’O CLARIM, e da sua respeitável idade, fica-me um rancor para com alguns poderes instituídos. Continuo sem perceber como é que os debates feitos na televisão do território, paga pelos nossos impostos, um canal que deve ser plural e aberto a todos os pontos de vista, continuam a ignorar O CLARIM, não chamando um seu representante para fazer parte do painel que semanalmente opina sobre o que acontece na região. Que mais não fosse pela sua maioridade, O CLARIM merece estar ali representado. Simplesmente não existe desculpa para tal! Macau tem as suas peculiaridades e formas de actuar, no entanto, O CLARIM sempre foi capaz, ao longo das décadas, de fazer frente a esses ímpetos que tinham como intenção calar a sua voz. Os exemplos ao longo dos anos foram muitos e mesmo recentemente todos presenciamos algo desse género. No entanto, o jornal continua e irá continuar por muitos mais anos, assim o esperamos porque é necessário à pluralidade das vozes e pontos de vista no território. São dez anos da minha colaboração nestas seis décadas e meia d’O CLARIM, um marco importante na minha colaboração que me deixa orgulho e que espero possa perpetuar por mais uma década. A todos quantos nos lêem, apraz me dizer que é com prazer que escrevemos e que semanalmente levamos até si o nosso trabalho. Esperamos que, da mesma forma que nos dá prazer, seja do vosso agrado. E, caso não seja, que manifestem as vossas opiniões para que possamos evoluir e ir ao encontro daquilo que o nosso leitor realmente quer. Muito obrigado! |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
segunda-feira, 22 de julho de 2013
É um orgulho
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