Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Outra vez o Festival secreto

EM Novembro ou Dezembro de 2009 surgiu uma polémica em redor de um festival de cinema que ninguém sabia o que era, de onde vinha, e que tinha surgido em Macau como que por magia. Pois, o mesmo voltou e foi apresentado recentemente pelos mesmos organizadores. Não vou citar nomes porque, de acordo com o que li na Imprensa portuguesa e inglesa diária, o responsável e promotor do evento anda já a processar judicialmente seja quem for que o critique. No entanto, a mesma personalidade, que pouca gente de Macau sabe quem é e de onde veio (não que isso me tire o sono), não se coíbe de criticar a Imprensa local pela falta de cobertura do «seu» evento. Acusando mesmo, indiscriminadamente, os profissionais da comunicação de Macau de não saberem dar a cobertura devida e profissional a eventos de expressão mundial.
Vivendo em Macau há mais de uma dezena de anos e sem qualquer intenção de deixar o território, só me apetece dizer a este senhor que, se pretende que o seu evento seja comparado ao de Cannes, deve começar pelos princípios mais básicos. Primeiro, o «Festival de Cannes» apresenta-se na língua oficial do local onde nasceu (neste caso o francês, em Macau deveria ser em chinês e português), mas não esquece que é internacional; por isso também se apresenta em inglês, árabe, espanhol, japonês e grego. O de Macau começou mal, apenas se apresentando em chinês, daí comprometendo grandemente a sua faceta internacional e, na minha opinião, desrespeitando completamente a tradição de Macau no que diz respeito a línguas.
Também, segundo o que li, o dito director, quando lhe perguntaram se o festival iria fazer acordos com parceiros internacionais (no caso citaram Hong Kong e Portugal), a resposta foi negativa.
Na verdade, não consigo compreender como se pode organizar um evento de cinema, neste caso um festival, sem que haja um completo envolvimento das entidades locais e das entidades culturais de Macau.
Concordo e agrada-me ver o sector privado a tomar iniciativas de carácter cultural, mas quando está em causa a imagem do território no exterior, defendo que o Governo tem um papel marcante a desenvolver. Que mais não seja, um papel de suporte e de apoio em todas as frentes.
Este festival, que muitos acusam de ser uma fachada para obter lucros pessoais, começou com o pé esquerdo na primeira edição, envolto em secretismos e com uma aura de dúvida que lhe turvou a imagem. Na segunda edição, que agora apresentaram, vieram acusar a população e a Imprensa local de serem os principais responsáveis pelos maus resultados obtidos. Penso ser um mau presságio sacudir a água do capote e atirar as culpas para quem os acolhe.
A edição que agora apresentaram vem recheada de extras. Entre eles a promessa de salas de cinema 3D e de uma academia de cinema, entre parcerias com altas individualidades do panorama chinês. Se se querem atingir níveis como o que se faz em Cannes, dêem-se ao trabalho de ver a sua ficha técnica e olhar para a diversidade que faz um festival internacional.
Apetece-me dizer que de promessas está Macau farto e o inferno cheio. A mim convencer-me-ão, quando começar a ver resultados a nível internacional e críticas positivas sobre o trabalho que desenvolvem.
Até lá, o meu modesto conselho é que deixem de atirar pedras aos telhados dos vizinhos, porque os seus também são de vidro.

Desejo de menino

Desde pequenino tenho um desejo secreto: de visitar uma central de incineração. Quanto era mais novo e vivia naquele rectângulo plantado à beira do Atlântico, nunca tive essa oportunidade porque ainda não existiam. Depois que me radiquei em Macau pensava que esse sonho se iria concretizar. Infelizmente, parece que tal não será possível. Assim como eu, penso que centenas de meninos e meninas, crescidos e crescidas, partilham da mesma expectativa. Não é que as centrais locais sejam locais ultra-secretos, nem que a empresa que as gere esteja de portas fechadas, porque de Setembro a Dezembro são organizadas visitas, todos os primeiros, segundos e terceiros sábados do mês, duas vezes ao dia, com transporte gratuito e com a oferta de um chapéu-de-chuva e a possibilidade de ganhar prémios monetários. O problema é que, se não falamos Cantonense, ficamos a olhar para a chaminé, se é que as centrais de incineração as têm.
Como disse, nunca visitei nenhuma e, pelos vistos, nunca irei realizar o tal meu «desejo secreto», em Macau.
Estou desolado… não me deixam concretizar um sonho de infância…

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os animais que somos

OS ANIMAIS de companhia sempre foram uma presença constante em Macau. Desde tempos idos, cães e gatos marcam o quotidiano da vida de quem aqui vive. Apesar do evoluir da sociedade, com o aumento do número de pessoas e a consequente diminuição de espaço, o número de animais continua a aumentar. Segundo os números não oficiais das instituições que se dedicam a proteger os animais, há cada vez mais cães e gatos vadios nas ruas da cidade. Sem ou com números oficiais, a verdade é que os canis de Macau estão cheios e todos os dias aparecem mais animais abandonados.
O querer adquirir um animal de estimação não é decisão que se possa tomar de ânimo leve, porque um cão ou um gato podem chegar a viver uma dezena de anos, aliás alguns chegam mesmo a passar largamente essa marca. Pelo que, ao decidir levar um amigo de quatro patas para casa, temos de fazê-lo depois de muito ponderar e conscientes de que temos as condições necessárias para o tratar de modo conveniente. Caso não se assuma essa responsabilidade, mais vale desistir da ideia porque, mais cedo ou mais tarde, acaba-se por abandonar o animal.
Apesar de saber que estas palavras, possivelmente, irão cair em saco roto, penso que se deve continuar a sensibilizar a população. O Governo, através do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, faz um esforço louvável, sendo também de salientar e enaltecer o trabalho das associações protectoras dos animais no dia-a-dia. Mas, apesar disto, e da dedicação de centenas de pessoas, a situação parece ainda estar longe de ser a ideal.
Falta em Macau uma estrutura que considero essencial na educação e sensibilização das pessoas, ou seja, uma federação ou qualquer outro organismo que congregue, a nível institucional, todas as entidades privadas e públicas que se dedicam à protecção e promoção dos animais de estimação. São essas federações, ou clubes, que organizam eventos e competições, em que os donos e os interessados podem ver os animais em acção: uma actividade que pode servir, em grande medida, para sensibilizar quanto aos direitos dos animais e obrigações dos seus donos. Assim como pode ser um veículo extremamente eficiente para promover as leis que regulam a posse de animais e o comportamento que os seus proprietários devem ter em conta para evitar serem punidos. Para tudo na sociedade tem de haver regras e a posse de animais não deve ser diferente.

Evento sem tradução

A Doca dos Pescadores vai ser palco, este fim-de-semana (começa hoje e termina no Domingo) de um evento denominado (numa tradução livre porque não existe nem sequer versão em inglês) Olimpíadas dos Animais de Estimação. Pelo que consegui perceber no sítio da internet (www.olympets.net), trata-se de uma competição/exibição/certame com cães. O dito evento é apenas uma das etapas de um calendário que já passou por Cantão, Xangai e Hong Kong, voltando depois novamente a Xangai e, por fim, passa por Zhuhai.
Como se pode ver pelo seu carácter «internacional» (!), este evento usa erradamente o nome «International Pet Oympic Games Association», visto que, para ser «international», deveria contar com a participação de países estrangeiros e, antes de mais, deveria ser promovido convenientemente, de modo que os «internationals» pudessem perceber de que tipo de evento realmente se trata. Tal não acontece, pois tudo é comunicado unicamente em chinês, sem qualquer versão em português ou, em última instância, em inglês.
É de louvar que em Macau se organizem eventos desta natureza, mas considero que quando se dá autorização, deve ser exigido que, pelo menos, se usem as duas línguas oficiais e também o inglês, pois só assim se pode assegurar que a população de Macau (que fala chinês, português e inglês) seja um alvo potencial das campanhas de sensibilização.
Desejo, mesmo assim, que o evento possa decorrer da melhor forma e que no próximo ano, caso volte a Macau, seja organizado de forma que todos possamos ser informados devidamente e entender, de facto, o evento.

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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