Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os animais que somos

OS ANIMAIS de companhia sempre foram uma presença constante em Macau. Desde tempos idos, cães e gatos marcam o quotidiano da vida de quem aqui vive. Apesar do evoluir da sociedade, com o aumento do número de pessoas e a consequente diminuição de espaço, o número de animais continua a aumentar. Segundo os números não oficiais das instituições que se dedicam a proteger os animais, há cada vez mais cães e gatos vadios nas ruas da cidade. Sem ou com números oficiais, a verdade é que os canis de Macau estão cheios e todos os dias aparecem mais animais abandonados.
O querer adquirir um animal de estimação não é decisão que se possa tomar de ânimo leve, porque um cão ou um gato podem chegar a viver uma dezena de anos, aliás alguns chegam mesmo a passar largamente essa marca. Pelo que, ao decidir levar um amigo de quatro patas para casa, temos de fazê-lo depois de muito ponderar e conscientes de que temos as condições necessárias para o tratar de modo conveniente. Caso não se assuma essa responsabilidade, mais vale desistir da ideia porque, mais cedo ou mais tarde, acaba-se por abandonar o animal.
Apesar de saber que estas palavras, possivelmente, irão cair em saco roto, penso que se deve continuar a sensibilizar a população. O Governo, através do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, faz um esforço louvável, sendo também de salientar e enaltecer o trabalho das associações protectoras dos animais no dia-a-dia. Mas, apesar disto, e da dedicação de centenas de pessoas, a situação parece ainda estar longe de ser a ideal.
Falta em Macau uma estrutura que considero essencial na educação e sensibilização das pessoas, ou seja, uma federação ou qualquer outro organismo que congregue, a nível institucional, todas as entidades privadas e públicas que se dedicam à protecção e promoção dos animais de estimação. São essas federações, ou clubes, que organizam eventos e competições, em que os donos e os interessados podem ver os animais em acção: uma actividade que pode servir, em grande medida, para sensibilizar quanto aos direitos dos animais e obrigações dos seus donos. Assim como pode ser um veículo extremamente eficiente para promover as leis que regulam a posse de animais e o comportamento que os seus proprietários devem ter em conta para evitar serem punidos. Para tudo na sociedade tem de haver regras e a posse de animais não deve ser diferente.

Evento sem tradução

A Doca dos Pescadores vai ser palco, este fim-de-semana (começa hoje e termina no Domingo) de um evento denominado (numa tradução livre porque não existe nem sequer versão em inglês) Olimpíadas dos Animais de Estimação. Pelo que consegui perceber no sítio da internet (www.olympets.net), trata-se de uma competição/exibição/certame com cães. O dito evento é apenas uma das etapas de um calendário que já passou por Cantão, Xangai e Hong Kong, voltando depois novamente a Xangai e, por fim, passa por Zhuhai.
Como se pode ver pelo seu carácter «internacional» (!), este evento usa erradamente o nome «International Pet Oympic Games Association», visto que, para ser «international», deveria contar com a participação de países estrangeiros e, antes de mais, deveria ser promovido convenientemente, de modo que os «internationals» pudessem perceber de que tipo de evento realmente se trata. Tal não acontece, pois tudo é comunicado unicamente em chinês, sem qualquer versão em português ou, em última instância, em inglês.
É de louvar que em Macau se organizem eventos desta natureza, mas considero que quando se dá autorização, deve ser exigido que, pelo menos, se usem as duas línguas oficiais e também o inglês, pois só assim se pode assegurar que a população de Macau (que fala chinês, português e inglês) seja um alvo potencial das campanhas de sensibilização.
Desejo, mesmo assim, que o evento possa decorrer da melhor forma e que no próximo ano, caso volte a Macau, seja organizado de forma que todos possamos ser informados devidamente e entender, de facto, o evento.

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