Pobres dos taxistas
MUITOS de nós já passamos pela «aventura» de apanhar um táxi em Macau. No entanto, apesar de tal ser cada vez mais difícil, torna-se ainda mais incrível na época dos tufões. As queixas de abusos nas tarifas são mais do que muitas e a DSAT desdobra-se em desculpas, reafirmando que tudo faz para combater o problema. Confesso não acreditar no que dizem e considero que mais valia estarem calados, do que dizerem sempre o mesmo. Desculpem ser tão directo!
A verdade é que os taxistas de Macau, salvo raras excepções, revelam falta de educação, não sabem conduzir e pensam-se donos e senhores da estrada e do que transportam dentro dos veículos. Fazem o que lhes apetece, são pouco prestáveis e conhecem menos a cidade do que muitos turistas; isto, para além de se fazerem desentendidos, quando reclamamos.
Na época de tufões, não cansados de «espremer» os clientes durante os restantes dias do ano, aproveitam para cobrar 600 patacas para transportar alguém de Macau para a Taipa. Perante o confronto com o cliente que lhe diga que é ilegal, dizem que têm que cobrar mais, porque o seguro é muito caro para cobrir os riscos em caso de acidente em dia de tufão. E, se não querem pagar, rua!
A verdade é que, de acordo com as seguradoras de Macau, não existe um só táxi que tenha seguro que cubra acidentes em dias de tufão! Aliás, o tal seguro é mesmo caro, por isso ninguém o faz. Portanto, porque razão cobram a tarifa elevada, ilegal, se não serve de nada?
Se realmente houver um acidente e o passageiro ficar ferido, de nada vale o seguro do táxi, porque, legalmente, não estando coberto para circulação em dias de tufão, o taxista não deveria estar a transportar passageiros nem andar na estrada… Portanto, táxis a circular em dias de tufão sem o devido seguro, circulam ilegalmente.
A verdade é que isto regista-se sempre que passam tufões por Macau. Ano após ano, as queixas repetem-se e a DSAT dá sempre a mesma desculpa. As queixas das pessoas lesadas de nada valem, porque raramente são levadas até à última instância. Aliás, quando ocorrem estes casos, como pode o passageiro apresentar queixa? Será a palavra dele contra a do condutor, porque não será possível encontrar nenhum fiscal da DSAT. Ou será que a DSAT irá passar a colocar um fiscal (ou uma câmara de vigilância) em cada táxi?
Ou iremos passar a ter um sistema semelhante ao que vi recentemente na Coreia do Sul, onde todos os táxis são obrigados a estar equipados com GPS (sempre ligado) e com sistema wifi (internet sem fios) que permite à polícia e à central de táxis saber onde se encontra, a velocidade, a tarifa cobrada, etc. Além disso, são obrigados a ter instalado um sistema de CCTV (câmara de vigilância) ligada ao sistema de internet e que pode ser acedida pelas autoridades, em caso de qualquer incidente ou reclamação de um passageiro para dirimir o conflito. De salientar que este sistema guarda a imagem vídeo, o som, e combina-os com os dados do GPS, por um período de um ano.
Em Macau, todos sabemos que os seguros são caros, pois só assim as seguradoras podem fazer face às indemnizações que têm de pagar aos taxistas que não sabem conduzir e que provocam acidentes a toda a hora. Se a prevalência dos acidentes fosse menor no sector, certamente que os seguros seriam mais baratos. É o que acontece com todo o tipo de seguro: se não houver nenhuma participação no prazo de um ano, o cliente vê o prémio diminuído no ano seguinte.
A DSAT, na última explicação a alguns deputados sobre o assunto, disse que manteve reuniões com o sector dos táxis e das seguradoras, mas que não chegou a nenhum consenso, visto as seguradoras não poderem oferecer preços mais baixos. Por seu lado, os taxistas insistem, dizendo que não podem pagar mais. No meio ficam os passageiros, que acabam por pagar pequenas fortunas para usufruírem de um serviço de péssima qualidade.
Seria muito mais simples que a DSAT clarificasse as mentes dos taxistas, dizendo-lhes que, em dias de tufão, se querem trabalhar, devem fazer um seguro especial e pagar o preço pedido. Caso contrário, que mantenham o veículo na garagem, até o tufão passar.
Afinal, os táxis para circular têm de estar segurados. Se têm de estar para dias normais, também o devem estar para dias especiais. E, caso os seus proprietários queiram trabalhar, têm de cumprir a lei ou assumir as responsabilidades.
A lei tem de ser igual para todos os cidadãos. Nas nossas casas somos obrigados a ter seguro contra-incêndio e seguro de saúde para as empregadas, etc. Em dias de tufão, caso os seguros que temos não cubram essas eventualidades, somos obrigados a assumir as responsabilidades.
Se da minha varanda cair um vaso que cause danos, sou obrigado a pagar pelo prejuízo, caso o meu seguro não o cubra. Porque razão os senhores taxistas querem impor ao passageiro o prémio do seguro em tempo de tufão? É já altura de deixarmos as hipocrisias de lado e cada um assumir as suas responsabilidades. Os taxistas, como todos os cidadãos, têm responsabilidades sociais e, como tal, devem assumi-las.
Se o problema é o seguro, o Governo tem de estabelecer tarifas especiais para dias de sinal número 8. Não será muito difícil resolver o problema. Um aumento de 100% seria preferível à roubalheira descarada que os taxistas fazem. E se as tarifas forem instituídas, só as paga quem quer. A única certeza que temos no meio de tudo isto é que, a partir da próxima Páscoa, os táxis vão aumentar a bandeirada e o preço por quilómetro!