VOU novamente usar o exemplo da Companhia de Telecomunicações de Macau que, depois de algum tempo em que se esforçou por usar ambas as línguas oficiais, parece ter regredido e voltado a esquecer que há clientes que não falam chinês. No entanto, a CTM é apenas um exemplo entre muitos outros. Esta empresa, apesar do bom serviço que vai prestando ao nível das telecomunicações, tem áreas em que são precisas mais melhorias, sendo que os alertas dos consumidores devem ser levados em conta.
Recentemente lançaram um novo «portal» de Internet, bastante mais funcional e que tenta agregar todos os serviços tornando o seu uso mais fácil ao utente (www.eservices.ctm.net). Contudo, se não ler chinês ou inglês de nada lhe vale. Esperamos que em breve isso seja resolvido e que a segunda língua oficial constante do artigo nono da lei fundamental passe a figurar como opção, a par das duas já existentes.
O exemplo da CTM não é único em Macau mas, sendo esta uma empresa de grande importância para quem fala português, acaba por ser visada nesta coluna várias vezes.
Quem conhece a realidade do território sabe que para se usar a língua portuguesa tem de haver esforço de todas as partes. E, no caso das empresas privadas, esse esforço tem de ser acompanhado de uma dose de boa vontade. No caso da CTM, que tem capitais estatais portugueses, – através do accionista Portugal Telecom, – pedir que se use a língua portuguesa não será nada de mais. O idioma de Camões é oficial em Macau e é também a língua do segundo maior accionista. Se usam chinês porque é a língua mais usada pelos clientes, deveriam ter o português em segundo lugar por respeito à Lei Básica e ao seu accionista português. Quanto ao inglês, continua a ser a terceira língua e a de trabalho.
A empresa manifestamente faz esforços para que tal seja uma realidade e eu sou testemunha disso. Mas, apesar de tudo, as lacunas são ainda muito grandes e cabe a todos nós a responsabilidade de ir apontando o que está menos bem. O facto de ser citada nesta coluna assiduamente justifica-se com o facto de ser uma fornecedora de serviços que usamos a todo o momento. Por isso, sempre que nos deparamos nas lojas, na nossa caixa do correio ou na Internet com informação que não obedece ao que em Macau consideramos normal, devemos fazer disso exemplo.
Durante o mês de Agosto promoveram uma campanha de vendas, entre o dia 20 e 22, onde os clientes que soubessem ler chinês (porque o que me foi enviado para a caixa de correio electrónico não tinha outra língua, apenas tendo sido reparado depois de eu reclamar junto de uma pessoa na organização, que ainda se vai preocupando com o uso correcto das línguas) teriam a possibilidade de adquirir serviços e aparelhos a preços promocionais.
A própria mensagem automática recebida, aquando da queixa feita por correio electrónico, veio redigida em três línguas, mas com o português em terceiro plano.
Pormenores
O facto de abordar amiúde estas situações tem-me dado alguns dissabores na rua, muitos deles vindos de portugueses. Algumas pessoas chegam a dizer que é demais andar sempre a criticar a falta do uso de português e que nada irá mudar. Uma perda de tempo!
No entanto, considero que se não formos nós a reclamar o uso da nossa língua ninguém o fará e o português acabará por ser completamente colocado de parte. Cabe a todos nós, com mais ou menos fundamentalismo, fazer com que a língua lusa se mantenha em Macau e que seja usada nos serviços que directamente se relacionam com a vida de todos os cidadãos.
Se, por um lado, temos Pequim a dar sinais claros de que aposta no português por causa do enorme mercado que representa; por outro, temos Macau e as entidades de Macau a retirar-lhe cada vez mais a importância que tem.
Não se trata de saber se o português é usado ou não. Todos sabemos que ao longo do tempo a língua de Camões apenas foi usada nos meios governamentais, e mesmo aí, a sua aplicação tende a diminuir. Mas apesar de tudo o Governo vai fazendo algum trabalho de casa em alguns departamentos.
Mas há exemplos de má promoção das línguas oficiais. Vejam o dos Serviços de Turismo, que promove a campanha contra as pensões ilegais. Há panfletos por todas as entradas de Macau. Os da fotografia são das Portas do Cerco. O português desapareceu!
A verdade é que Pequim decidiu que seria Macau o pólo ideal para dinamizar o uso e ensino do português. Com a estrutura toda montada torna-se mais fácil o recrutamento e a coordenação dos quadros necessários para explorar as oportunidades de negócio que a China tem em todos os Países de Língua Portuguesa. Conhecendo-se a tendência internacional para a aposta na diplomacia económica, espero que a aposta do Governo Central nos países de língua portuguesa signifique que a língua de Camões passe a ter uma importância ainda maior.
Recentemente lançaram um novo «portal» de Internet, bastante mais funcional e que tenta agregar todos os serviços tornando o seu uso mais fácil ao utente (www.eservices.ctm.net). Contudo, se não ler chinês ou inglês de nada lhe vale. Esperamos que em breve isso seja resolvido e que a segunda língua oficial constante do artigo nono da lei fundamental passe a figurar como opção, a par das duas já existentes.
O exemplo da CTM não é único em Macau mas, sendo esta uma empresa de grande importância para quem fala português, acaba por ser visada nesta coluna várias vezes.
Quem conhece a realidade do território sabe que para se usar a língua portuguesa tem de haver esforço de todas as partes. E, no caso das empresas privadas, esse esforço tem de ser acompanhado de uma dose de boa vontade. No caso da CTM, que tem capitais estatais portugueses, – através do accionista Portugal Telecom, – pedir que se use a língua portuguesa não será nada de mais. O idioma de Camões é oficial em Macau e é também a língua do segundo maior accionista. Se usam chinês porque é a língua mais usada pelos clientes, deveriam ter o português em segundo lugar por respeito à Lei Básica e ao seu accionista português. Quanto ao inglês, continua a ser a terceira língua e a de trabalho.
A empresa manifestamente faz esforços para que tal seja uma realidade e eu sou testemunha disso. Mas, apesar de tudo, as lacunas são ainda muito grandes e cabe a todos nós a responsabilidade de ir apontando o que está menos bem. O facto de ser citada nesta coluna assiduamente justifica-se com o facto de ser uma fornecedora de serviços que usamos a todo o momento. Por isso, sempre que nos deparamos nas lojas, na nossa caixa do correio ou na Internet com informação que não obedece ao que em Macau consideramos normal, devemos fazer disso exemplo.
Durante o mês de Agosto promoveram uma campanha de vendas, entre o dia 20 e 22, onde os clientes que soubessem ler chinês (porque o que me foi enviado para a caixa de correio electrónico não tinha outra língua, apenas tendo sido reparado depois de eu reclamar junto de uma pessoa na organização, que ainda se vai preocupando com o uso correcto das línguas) teriam a possibilidade de adquirir serviços e aparelhos a preços promocionais.
A própria mensagem automática recebida, aquando da queixa feita por correio electrónico, veio redigida em três línguas, mas com o português em terceiro plano.
Pormenores
O facto de abordar amiúde estas situações tem-me dado alguns dissabores na rua, muitos deles vindos de portugueses. Algumas pessoas chegam a dizer que é demais andar sempre a criticar a falta do uso de português e que nada irá mudar. Uma perda de tempo!
No entanto, considero que se não formos nós a reclamar o uso da nossa língua ninguém o fará e o português acabará por ser completamente colocado de parte. Cabe a todos nós, com mais ou menos fundamentalismo, fazer com que a língua lusa se mantenha em Macau e que seja usada nos serviços que directamente se relacionam com a vida de todos os cidadãos.
Se, por um lado, temos Pequim a dar sinais claros de que aposta no português por causa do enorme mercado que representa; por outro, temos Macau e as entidades de Macau a retirar-lhe cada vez mais a importância que tem.
Não se trata de saber se o português é usado ou não. Todos sabemos que ao longo do tempo a língua de Camões apenas foi usada nos meios governamentais, e mesmo aí, a sua aplicação tende a diminuir. Mas apesar de tudo o Governo vai fazendo algum trabalho de casa em alguns departamentos.
Mas há exemplos de má promoção das línguas oficiais. Vejam o dos Serviços de Turismo, que promove a campanha contra as pensões ilegais. Há panfletos por todas as entradas de Macau. Os da fotografia são das Portas do Cerco. O português desapareceu!
A verdade é que Pequim decidiu que seria Macau o pólo ideal para dinamizar o uso e ensino do português. Com a estrutura toda montada torna-se mais fácil o recrutamento e a coordenação dos quadros necessários para explorar as oportunidades de negócio que a China tem em todos os Países de Língua Portuguesa. Conhecendo-se a tendência internacional para a aposta na diplomacia económica, espero que a aposta do Governo Central nos países de língua portuguesa signifique que a língua de Camões passe a ter uma importância ainda maior.