AO andar por Macau é fácil encontrar, em vários locais, anúncios e outros papéis afixados em paredes e muros indiscriminadamente. Esta prática, banida em grande parte das cidades civilizadas, continua na RAEM sem que ninguém faça nada para lhe meter cobro. Era norma, antes de 1999, os edifícios governamentais terem uma placa onde se podia ler «Proibido afixar anúncios». Placa que, só por si, e em conjunto com o facto de se tratar de um edifício do Governo, servia de intimidação a quem afixa esse tipo de lixo.
Quando era miúdo, ainda a viver em casa dos meus pais, lembro-me de ter um amigo de escola cujos pais eram proprietários de uma discoteca. Algo que na altura começava a estar em voga junto da juventude. Era usual, nas épocas festivas, haver sessões especiais nas matinés, ou nas noites de sexta e sábado. E, para que se assegurasse uma casa cheia nesses eventos especiais, era necessário proceder à sua divulgação. Sendo a discoteca em causa uma pequena empresa e as disponibilidades financeiras serem limitadas, cabia à ajuda dos amigos fazer o papel de coladores de cartazes nas cidades vizinhas. O raio de acção atingia cerca de 50 quilómetros, o que abrangia, pelo menos três grandes cidades portuguesas.
Nas noites de colagem de cartazes, – o que era sempre de grande importância porque nos fazia sentir mais «crescidos», – havia sempre um «briefing» onde o «chefe de brigada», normalmente mais velho, tinha sempre o cuidado de alertar para não se colarem cartazes onde fosse proibido. Não obstante, algumas vezes acontecia, por ser noite e os locais serem escuros, serem colados cartazes em paredes onde estava explicitamente proibida tal actividade. Quando tal acontecia, regra geral, seguia-se um telefonema para os proprietários da discoteca, exigindo que retirassem o que colaram e que deixassem a parede nas condições iniciais. Isto, para nós, significava mais uma noite de escova na mão a retirar papéis e colas das paredes! Caso tal não fosse feito, como aconteceu algumas vezes porque chegávamos ao local e a polícia já lá estava, havia lugar a uma multa ao proprietário do estabelecimento por afixação ilegal de material de propaganda e uma valente «ensaboadela» aos coladores!
Na sua maioria estes cartazes têm contactos telefónicos, ou o seu proprietário está explicitamente identificado, pelo que a responsabilidade será fácil de apurar. Falta vontade de quem tem autoridade para o fazer. Entretanto, a nossa cidade continua suja, porca e imunda.
Zona da Fortaleza sem locais de exercício
Para quando uma zona de exercício para os moradores que vivem junto da Fortaleza do Monte? Nos últimos anos temos visto zonas de exercício nascer em tudo quanto é lado. Em quase todos os jardins, se não mesmo em todos, foram instalados aparelhos de apoio ao exercício físico. No entanto, uma das zonas nobres da cidade, a zona junto da Fortaleza do Monte e num raio superior a mil metros, não existe uma única área com estes equipamentos para que a população que ali vive possa fazer exercício. Não se conhecem as razões, mas a falta de espaço não será uma delas. Pelo menos na zona envolvente da Fortaleza, onde existe um jardim em toda a volta, há imenso espaço que pode ser usado para o efeito. Os residentes iriam certamente aplaudir a medida. Diariamente, de manhã e ao fim do dia, são centenas os moradores da área que ali se deslocam para fazer exercício, mas apenas caminhar ou a correr, sem outra opção para exercitar o corpo. Esta área foi, há já algum tempo, citada por deputados na Assembleia Legislativa devido à falta de instalações de apoio e do lixo que se acumulava no chão. O problema, pelo que constatei, continua sem ser resolvido na totalidade.
Caso não queiram instalar os ditos aparelhos na dita zona, há outros locais onde tal pode ser feito. Na parte traseira da fortaleza, no Caminho dos Artilheiros, há um terreno livre privado que, se houver vontade política e boa vontade por parte do proprietário, poderá ser arrendado para ali construir um pequeno jardim com equipamentos para exercício. Há também um terreno similar a meio da Calçada do Monte, um local que está vedado há anos e onde proliferam todo o tipo de ratos e outras pestes que contribuem para a insalubridade daquela zona. Daí que uma intervenção do Governo seria uma boa forma de resolver dois problemas de uma vez só. Outro local, embora mais pequeno, situa-se na Rua de Santa Filomena, por detrás do depósito do lixo, onde caberão três ou quatro equipamentos que seriam, sem dúvida, de bom uso para quem ali vive.
Reconheço que é complicado para o Governo ter uma percepção global das necessidades da população. Por isso, cabe a todos nós lançar alertas e ideias para aquilo que consideremos ser mais premente.
Estou em crer que os governantes acolherão de bom agrado as nossas sugestões. Afinal, trata-se de um dever cívico de todos.