Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Macau e a Noruega

DAQUI a pouco mais de quatro semanas estamos no final de 2010 e parece que ainda agora estávamos a celebrar o Ano Novo Chinês do Tigre. O ano passou rápido e pouco aconteceu que mereça destaque.

Voltámos a receber uma prenda do Governo: vimos os ordenados aumentados, mas também, em contrapartida, vimos o custo de vida aumentar num grau maior do que o do dinheiro que nos entra na conta bancária. O que significa que ficámos a perder nas contas finais. No entanto, cá vamos continuando a nossa vida, como se tudo estivesse bem e Macau fosse um mundo de rosas. Sê-lo-á, talvez; mas, tal como as rosas que, apesar de belas, têm os seus espinhos, também o território tem os seus.

Hoje, felizmente, parece haver dinheiro em abundância e, se tudo correr como até agora, assim irá continuar por muitos e bons anos. No entanto, não posso deixar de comparar Macau com a Noruega. Apesar de estarem nos antípodas do globo, este dois locais partilham de algo em comum, o «superavit» das contas públicas.

Confesso que pouco sei deste país nórdico e que não conheço nenhum norueguês; o que li, porém, numa das últimas edições da Reader Digest’s asiática, de que sou assinante há vários anos, deixou-me a pensar sobre o dinheiro de Macau.

A Noruega, até há bem poucos anos, era um país esquecido e pouco importante no que diz respeito à economia global. Ainda o é; mas esta crise mundial veio dar-lhe alguma visibilidade, devido à sua racional gestão dos dinheiros vindos da exploração do petróleo, que foi descoberto na década de setenta.

Macau não tem petróleo, mas tem jogo, o que vai dar mais ou menos ao mesmo, um fluxo constante e elevado de verbas a entrar nos cofres do Governo todos os meses.

Os Noruegueses decidiram, quando começaram a explorar a sua «mina», que o dinheiro proveniente do «ouro-negro» não seria utilizado para pagar contas do Governo. Nem uma única «coroa» seria usada para pagar contas correntes provenientes dos gastos do Estado e todas as verbas provenientes da exploração do petróleo seriam aplicadas em fundos de investimento e outras formas de o rentabilizar em segurança. O lucro aí gerado seria então utilizado para «gerir» o País. Uma solução que, em pouco mais de duas dezenas de anos, fez do País um dos mais ricos do mundo, com os melhores padrões de educação e de cuidados médicos Virtualmente, todos os cidadãos têm acesso gratuito aos melhores serviços médicos (de alta qualidade), o ensino é gratuito (até ao ultimo ano da universidade) e as reformas são das mais altas do mundo (que são pagas, mesmo que não se tenha trabalhado – no mínimo o equivalente a 300 mil patacas anuais). Há instalações culturais até na mais pequena aldeia e os cidadãos têm acesso à cultura por preços quase irrisórios.

Todas as comunidades têm, para os pais que trabalham, locais para deixarem os seus filhos a partir dos seis meses de idade. Locais de excelente qualidade e que prestam serviços em diversas línguas (as que forem necessárias para fazer face à diversidade da comunidade). E, ainda no referente à família, a licença de maternidade é de um ano e paga na totalidade, podendo ser dividida em duas partes iguais por ambos os progenitores.

Não é um sistema justo e há queixas. Mas as que existem não se devem à falta de qualidade do serviço que lhes é proporcionado, mas à falta de parcialidade. Há quem não concorde que toda a população receba por igual, visto que uns esforçam-se mais do que outros. Mas, como não há sistemas perfeitos, sempre será preferível ter um imperfeito que peque pelo excesso!

Não tenho conhecimento da forma como são aplicadas as verbas provenientes do Jogo em Macau, mas preocupa-me o facto de um dia o motor da economia local vir a encravar. Se tal acontecer, será que os lucros foram bem aplicados e dispomos de um fundo que nos permita desfrutar da mesma qualidade de vida que temos tido até agora?

Será que o Governo tenha aplicado bem as verbas e apenas use os juros que daí surgem para fazer face às despesas do dia-a-dia? Não me parece. Pelo que seria muito bom olharem para o caso da Noruega, para aprenderem com os bons exemplos a seguir, de modo a saber deles fazer uso na aplicação do dinheiro que é de Macau.

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Wikileaks sob ataque

Ora aqui está a notícia que se esperava há muito tempo. Depois de meses a revelar documentos secretos de vários países, a Wikileaks está a ver o seu fundador atacado por outro ângulo. Como não os conseguem fazer parar de publicar assuntos incómodos, tentam descredibilizá-los.
O fundador da Wikileaks é acusado de violação, entre outros crimes, de duas jovens suecas.
O mandato de captura internacional já foi emitido pela INTERPOL… No entanto, levanta-se um problema, ninguém sabe onde anda Julian Assange. Aliás, o fundador da Wikileaks foi sempre um grande mistério para as autoridades internacionais porque sempre conseguiu andar sem ser notado.
A serem verdade as acusações que caem sobre este homem, tal deve ser julgado e condenado. No entanto, devem separar as águas entre a sua conduta privada e a sua prestação no desempenho da Wikileaks.
Sinceramente, considero que tudo não será mais do que uma forma de descredibilizar o incómodo website. Se não os conseguem parar atacam-lhes a credibilidade.

Ver a noticia na íntegra…

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sabe onde fica a Quia e os Natap?

NO próximo ano fecha-se mais uma década em Macau no que diz respeito à contagem da população e, de acordo com directivas internacionais, deve-se proceder a mais um censo.

O processo está já em marcha há algum tempo e, pela primeira vez, a população de Macau irá ser contabilizada no grande número dos cidadãos da China.

Quem passou pelo Largo do Senado no início deste mês de Novembro teve, certamente, oportunidade de ver um grande aparato preparado pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos para promover a campanha que vai prolongar-se até 26 de Agosto de 2011.

Tudo isto é de louvar, visto que a participação de todos é essencial para um exacto apuramento do total de pessoas a viver em Macau.

A participação nos censos, com informação verídica e fidedigna, é um dever cívico de todos quantos vivem e trabalham em Macau. No entanto, antes de tudo, as autoridades envolvidas devem ter sempre presente que em Macau há duas línguas oficiais e que ambas devem ser tratadas em pé de igualdade. Numa primeira abordagem ao processo, tal não se verifica, porque são visíveis alguns erros e incongruências nos valores e dados apresentados na exposição do Largo do Senado. Assim como algum material de promoção só existe em chinês, como por exemplo os calendários alusivos à iniciativa.

O território de Macau está, desde há algumas décadas, dividido em paróquias, algo que herdou da tradição católica portuguesa, e que tem sido mantido ao longo dos tempos para todo o tipo de organização territorial. Sem que se saiba ter havido uma mudança de política neste campo, aparecem nas estatísticas publicadas nos painéis do Largo do Senado denominações algo caricatas, se não mesmo abusivas.

A saber: há em Macau cinco paróquias, distritos ou o quer que lhe chamem, mais a da Taipa e a de Coloane, perfazendo um total de sete zonas demográficas e bem delineadas: Santo António, São Lázaro, São Lourenço, Sé, Nossa Senhora de Fátima, na península, Nossa Senhora do Carmo, na ilha da Taipa, e São Francisco Xavier, na ilha de Coloane, estando ainda por denominar a da zona do COTAI. Isto é facilmente constatado consultando os censos de 2001 e os intercensos de 2006, anos em que estas zonas (como se pode ver nas fotos) aparecem com os dados respectivos. No entanto, nos dados publicados no Largo do Senado aparecem zonas como Ilha Verde, Natap (a saber, isto significa, de acordo com o chinês, os novos aterros da Areia Preta), Doca do Lamau ou Ferreira do Amaral (Quia), com o erro ortográfico e tudo! Aliás, o termo da Areia Preta aparecia já nas informações relativas ao Metro Ligeiro, mas pensava-se que não fosse ainda oficial, visto estar apenas relacionado com a zona mais recente e onde, de acordo com os dados conhecidos, irá desembocar a mega ponte Macau-Zhuhai-Hong Kong.

Estou ansioso por ver a publicação dos resultados oficiais dos censos de 2011, para ficar a saber se, como indica o que foi exposto, houve alguma mudança das denominações das zonas de Macau, sem que tal tenha sido publicado ou mesmo levado a consulta pública junto da população.

Sinceramente, espero que tudo não passe de um rasgo criativo dos responsáveis pelos dados estatísticos do território. Porque, se realmente alteraram as denominações, algo terá de ser explicado em praça pública, porque quem aqui vive merece ser informado das decisões tomadas nas camadas superiores do órgão que nos governa.

Não que seja de sobeja importância, mas se se pretende que os censos sejam acreditados internacionalmente, a sua elaboração deve ser feita de acordo com as directivas internacionais. E estas não se coadunam com mudanças na estrutura administrativa do território. Se se usam paróquias como sistema de divisão administrativa, como se pode passar para um outro sistema mantendo a coerência dos dados recolhidos?

Por exemplo, o NAPE, que aparece como zona na exposição no Largo do Senado, faz parte da Freguesia da Sé.

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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