NO próximo ano fecha-se mais uma década em Macau no que diz respeito à contagem da população e, de acordo com directivas internacionais, deve-se proceder a mais um censo.
O processo está já em marcha há algum tempo e, pela primeira vez, a população de Macau irá ser contabilizada no grande número dos cidadãos da China.
Quem passou pelo Largo do Senado no início deste mês de Novembro teve, certamente, oportunidade de ver um grande aparato preparado pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos para promover a campanha que vai prolongar-se até 26 de Agosto de 2011.
Tudo isto é de louvar, visto que a participação de todos é essencial para um exacto apuramento do total de pessoas a viver em Macau.
A participação nos censos, com informação verídica e fidedigna, é um dever cívico de todos quantos vivem e trabalham em Macau. No entanto, antes de tudo, as autoridades envolvidas devem ter sempre presente que em Macau há duas línguas oficiais e que ambas devem ser tratadas em pé de igualdade. Numa primeira abordagem ao processo, tal não se verifica, porque são visíveis alguns erros e incongruências nos valores e dados apresentados na exposição do Largo do Senado. Assim como algum material de promoção só existe em chinês, como por exemplo os calendários alusivos à iniciativa.
O território de Macau está, desde há algumas décadas, dividido em paróquias, algo que herdou da tradição católica portuguesa, e que tem sido mantido ao longo dos tempos para todo o tipo de organização territorial. Sem que se saiba ter havido uma mudança de política neste campo, aparecem nas estatísticas publicadas nos painéis do Largo do Senado denominações algo caricatas, se não mesmo abusivas.
A saber: há em Macau cinco paróquias, distritos ou o quer que lhe chamem, mais a da Taipa e a de Coloane, perfazendo um total de sete zonas demográficas e bem delineadas: Santo António, São Lázaro, São Lourenço, Sé, Nossa Senhora de Fátima, na península, Nossa Senhora do Carmo, na ilha da Taipa, e São Francisco Xavier, na ilha de Coloane, estando ainda por denominar a da zona do COTAI. Isto é facilmente constatado consultando os censos de 2001 e os intercensos de 2006, anos em que estas zonas (como se pode ver nas fotos) aparecem com os dados respectivos. No entanto, nos dados publicados no Largo do Senado aparecem zonas como Ilha Verde, Natap (a saber, isto significa, de acordo com o chinês, os novos aterros da Areia Preta), Doca do Lamau ou Ferreira do Amaral (Quia), com o erro ortográfico e tudo! Aliás, o termo da Areia Preta aparecia já nas informações relativas ao Metro Ligeiro, mas pensava-se que não fosse ainda oficial, visto estar apenas relacionado com a zona mais recente e onde, de acordo com os dados conhecidos, irá desembocar a mega ponte Macau-Zhuhai-Hong Kong.
Estou ansioso por ver a publicação dos resultados oficiais dos censos de 2011, para ficar a saber se, como indica o que foi exposto, houve alguma mudança das denominações das zonas de Macau, sem que tal tenha sido publicado ou mesmo levado a consulta pública junto da população.
Sinceramente, espero que tudo não passe de um rasgo criativo dos responsáveis pelos dados estatísticos do território. Porque, se realmente alteraram as denominações, algo terá de ser explicado em praça pública, porque quem aqui vive merece ser informado das decisões tomadas nas camadas superiores do órgão que nos governa.
Não que seja de sobeja importância, mas se se pretende que os censos sejam acreditados internacionalmente, a sua elaboração deve ser feita de acordo com as directivas internacionais. E estas não se coadunam com mudanças na estrutura administrativa do território. Se se usam paróquias como sistema de divisão administrativa, como se pode passar para um outro sistema mantendo a coerência dos dados recolhidos?
Por exemplo, o NAPE, que aparece como zona na exposição no Largo do Senado, faz parte da Freguesia da Sé.
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