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Os novos desafios de Portugal no Sudoeste asiático
O Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas será assinalado na Tailândia com uma recepção do embaixador Português em Banguecoque a representantes de todos os quadrantes sociais do antigo Reino do Sião, no hotel
Shangri-La, perto da zona onde se localiza a embaixada junto ao rio Chaopraya. Igualmente convidada está toda a comunidade portuguesa e famílias luso-descendentes (em especial das antigas “paróquias” portuguesas de Santa Cruz, Rosário e Conceição).
As nossas relações com a Tailândia remontam há quase 500 anos. Sendo os portugueses os primeiros ocidentais a manterem uma base permanente nesta parte do mundo, da qual ainda hoje restam indícios e que estão agora a ser recuperados.
Brevemente irá ter início a segunda fase do projecto de recuperação do património português da antiga capital do reino do Sião, Ayuthaya. Segundo adianta o embaixador Faria e Maya, em entrevista exclusiva ao REGISTO, em paralelo à recepção será exibido, em ecrã gigante, “uma montagem de video-clips sobre Portugal” e uma exposição de fotografias e cartazes de promoção turística e cultural. A todos os presentes serão distribuídos folhetos de informação sobre a realidade portuguesa no sector das exportações e das novas tecnologias, iniciativas que vão contar com apoio do recentemente aberto Centro de Negócios da AICEP em Singapura. Ainda segundo embaixador, e em data ainda a confirmar, “mas enquadrada também nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, está prevista a abertura de uma exposição sobre a mensagem universalista da vida e obra do Padre António Vieira, no ano em que se celebra o 4º centenário do seu nascimento, promovida pela Embaixada e pelo Centro Cultural Português do Instituto Camões e cujo acervo será oportunamente também exibido pelo Leitorado Português na Universidade de Kuala Lumpur (Malásia)”.“A integração deste evento no período das comemorações do Dia de Portugal depende, porém, do respectivo material ser aqui recebido com a necessária antecedência”, acrescenta. Os aspectos económicos A Tailândia está atenta ao que se vai fazendo em Portugal e está ciente dos avanços tecnológicos que se registam no nosso país, tanto no campo da Biotecnologia, como das Ciências da Comunicação ou da Biologia Marinha, só para referir alguns. Para tal, e no âmbito das boas relações e da cooperação entre os dois Estados, entende-se que devem ser criadas as condições ideais para que os agentes destes campos possam desenvolver os seus contactos. Sendo Portugal e a Tailândia dois países com Governos democráticos, não lhes cabe obrigar os agentes económicos a desenvolverem contactos. Têm, sim, a obrigação de criarem as condições para que essa cooperação aconteça e é isso que tem estado a ser feito, segundo explicou o embaixador. Quando confrontado com a falta de ligações directas entre Portugal e o Sudeste Asiático, algo que será essencial para que a cooperação económica seja uma realidade, Faria e Maya fez questão de relembrar que o Acordo de Transportes Aéreos entre Portugal e a Tailândia, assim como o Acordo Comercial entre a TAP e a Thai Airways continuam em vigor. Contudo, os Governos apenas criam as condições ideais para que a cooperação possa existir, devendo o passo seguinte ser dado pelas instituições envolvidas. O embaixador faz questão de referir que, mesmo sem que o acordo aéreo esteja a ser utilizado, o volume de turistas de Portugal para a Tailândia tem vindo a aumentar incessantemente nos últimos anos. No entanto, a cooperação entre os dois países é, e deve ser, mais do que económica. Para lá das questões políticas e económicas, a nossa participação e afirmação cultural passa também por trazer à Tailândia testemunhos da nossa cultura contemporânea, como a música ou o cinema e teatro, referiu o embaixador. No último Festival de Dança e Música de Banguecoque esteve a Marisa, que deixou recordações tão agradáveis em quem a viu e ouviu que se tudo correr como planeado, deve voltar aqui a actuar em breve. Mas nem só de fado vive a cultura portuguesa. Em Banguecoque esteve também a Companhia Nacional de Bailado, com o Lago dos Cisnes. A par disto, estão a decorrer negociações para que a vinda da Ópera Nacional de São Carlos seja uma realidade no decorrer deste ano. Também para este ano estão a ser desenvolvidos esforços no sentido de fazer algo de original: uma composição musical, da autoria de um membro de uma família portuguesa originária de Macau, os Siqueira, - os quais, pelo facto de alguns dos seus membros terem ocupado altos cargos no Governo tailandês, são muito próximos da família real, - deverá ser editada em «cd». Um dos membros dessa família decidiu, sendo músico, escrever uma cantata para orquestra baseada nos Lusíadas. A partitura dessa cantata foi a prenda de Portugal ao Rei Bhumidol nas comemorações dos 60 anos do seu reinado. Parte dessa peça musical fora apresentada a 10 de Junho de 2007, tendo sido interpretada por uma orquestra e
um coro tailandês.
O Embaixador Faria e Maya, representa Portugal na Tailândia, Birmânia, Vietname, Singapura, Laos, Cambodja e Malásia. Em Banguecoque recebeu o REGISTO para uma entrevista EXCLUSIVA, na qual aponta o caminho para a cooperação portuguesa.
A situação da Birmânia
Apesar de ainda não ter apresentado credenciais em Rangoom, capital da Birmânia, a Embaixada portuguesa ”fez o acompanhamento diário, informando o Ministério dos Negócios Estrangeiros das sequelas da tragédia que se abateu sobre uma grande parte da população daquele país, em especial na região do Delta do Irrawaddy, com a passagem do Ciclone Nargis, que terá causado cerca de 150 mil vítimas mortais, para
além dos desalojados e sem abrigo, da escassez alimentar (acentuado défice nas reservas de arroz), da destruição de culturas de subsistência, do desemprego e do risco iminente da eclosão de doenças epidémicas”. Estes factores levam as Nações Unidas e outras organizações a temerem que mais de um milhão e meio de pessoas possam estar em risco. Paralelamente, de acordo com Faria e Maya, a Embaixada procedeu a
constantes averiguações a possibilidade de eventuais turistas ou outros viajantes portugueses se encontrarem em território birmanês na ocasião. Felizmente “não se tendo apurado qualquer situação que reclamasse a nossa protecção ou cuidado”. Relativamente ao único agregado familiar português residente na Birmânia, e registado junto da Embaixada em Banguecoque, um casal luso-birmanês e três crianças menores, ”encontravam-se em segurança e de boa saúde em Rangoon, apesar dos problemas iniciais de abastecimento de água potável e cortes de energia eléctrica”.
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