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sexta-feira, 27 de março de 2009

Artigos no Registo

14 de Julho de 2008
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Potência militar japonesa

Uma das imposições dos Aliados quando ganharam a Segunda Guerra Mundial foi a não militarização do Japão, que então tinha saído derrotado no Pacífico. No entanto, a pouco e pouco, o Governo japonês tem vindo a alterar este status quo na sua Constituição. Com a conivência dos países vizinhos e grandes potências mundiais como o Estados Unidos, o Governo do país do sol nascente tem introduzido alterações que permitem a existência de um exército, a participação em missões humanitárias armadas, através das Nações Unidas, e mais recentemente, a militarização do espaço. A Lei que permite este uso do espaço aéreo japonês para fins militares foi aprovada em Maio pelo parlamento de Tóquio. Se por um lado isto são boas notícias, porque vai permitir uma maior cooperação internacional a nível de defesa e desenvolvimento do escudo de mísseis que os Estados Unidos querem instalar, por outro faz o Governo japonês confrontarse com escolhas difíceis no que diz respeito à sua estratégia política. A verdade é que, vivendo o Japão numa zona do Globo que é conhecida, especialmente, pela instabilidade da península coreana, a corrida à segurança nuclear é uma das estratégias defendidas por muitos dos especialistas em defesa. No entanto, e para manter o equilíbrio e a estabilidade da região, estes especialistas ocidentais e orientais defendem que tal nuclearização continue a ser feita sob a esfera de influência da aliança americana. Em detrimento de um plano solitário, que pode vir a levantar suspeitas e medos antigos dos vizinhos asiáticos, nomeadamente de potências nucleares como a Coreia do Norte e da China, que viveram experiências traumatizantes sob a influência japonesa na década de trinta e quarenta do século passado. Feridas que ainda hoje estão por sarar e que, de tempos a tempos, vão causando incidentes diplomáticos bem conhecidos de todos nós. Para já, oficialmente, o Japão não tem armas nucleares. No entanto, há quem acredite que já as possua com o apoio dos Estados Unidos. De uma forma ou de outra, armamento nuclear está disponível em território japonês, seja sob tropas japonesas ou americanas. Como é do conhecimento público, o Japão alberga dos maiores contingentes militares americanos no exterior, contingente esse que Tóquio debate estratégias de defesa. Para alguns, o recursos à tecnologia nuclear é encarado como uma forma de manter a estabilidade na região. Vivendo o Japão numa zona do Globo que é conhecida, especialmente, pela instabilidade da península coreana, a corrida à segurança nuclear é uma das estratégias defendidas por muitos dos especialistas em defesa militar japonesa inclui vários porta-aviões, submarinos e outras embarcações armadas de tecnologia nuclear. O dilema asiático A aprovação da nova Lei foi apoiada tanto pela coligação no poder como pela oposição vai permitir ao Japão utilizar a sua rede de satélites, que é das mais avançadas do mundo, para vigilância militar. Permitindo ainda que possa ser usada como sistema de aviso e como parte integrante do sistema de defesa de mísseis balísticos que está a ser construído pelos Estados Unidos. Este sistema de defesa no Japão está direccionado para a Coreia do Norte que, em 1998, testou um míssil que sobrevoou território japonês e, em 2006, testou uma arma nuclear. No entanto, as autoridades japonesas estão também preocupadas com a grande potência asiática, a China, e o seu programa espacial. As crescentes capacidades militares chinesas ficaram bem patentes quando em 2007 destruíram um dos seus satélites com um míssil. A possível interligação entre o sistema americano e japonês parece estar ainda longe de ser conseguido, muito pela indecisão japonesa. Por um lado, Tóquio quer um escudo que os proteja dos hipotéticos ataques nucleares da Coreia do Norte ou da China e sabem que não têm a capacidade técnica ou financeira para o elaborarem. Por outro lado, sabem que serem parte da engrenagem militar dos Estados Unidos os metem numa posição bastante delicada, fazendo com que os inimigos dos americanos se tornem também seus inimigos. Com os recentes rumores de incursões militares americanas em solo iraniano, os japoneses têm muito que ponderar antes de tomarem uma decisão tão importante como é a de se aliarem aos Estados Unidos na questão do escudo anti míssil. Desde a Guerra Fria que o Japão não se via numa posição tão delicada. Nos períodos mais decisivos da Guerra Fria o território nipónico servia de base estratégica aos Estados Unidos no confronto com os soviéticos, pelo que lhes era fácil rejeitarem as exigências de maior participação no combate global por parte dos americanos sem recearem perderem o apoio essencial de Washington. Agora, com o fim da Guerra Fria, e com os conflitos de interesse centrados noutras áreas do globo, a posição estratégica dos japoneses desvaneceu-se, desaparecendo também grande parte do seu poder negocial perante os americanos. Por outro lado a aproximação dos Estados Unidos e da China, principalmente a nível económico, está a tornar-se cada vez mais um trunfo contra os japoneses, visto que a América já não depende exclusivamente do mercado japonês na Ásia. Perante este cenário, a crescente ameaça nuclear da Coreia do Norte e o poderio económico/militar chinês, ao Japão só lhes resta apostar num cada vez maior envolvimento militar e estratégico com os americanos. Envolvimento esse que já viu alguns desenvolvimentos, quer seja com o apoio ao reabastecimento da frota americana do Índico ou o envio de tropas em ajuda humanitária para o Iraque em 2004. Actualmente, o maior envolvimento da parte japonesa vem do apoio na ponte aérea de transporte de forças americanas para o Iraque. A nova legislação está de acordo com os requisitos americanos no campo da cooperação da defesa antimíssil pelo que, apesar de não dar muitas garantias face aos chineses ou norte-coreanos, assegura, de certa forma, a defesa do país e das forças americanas aí estacionadas.
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