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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Artigos no Registo

20 de Abril 2009
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Tempos difíceis para os migrantes

A liberalização que deu origem à abertura de mercados, de fronteiras e a um infindável fluxo de bens de consumo e serviços criou também inúmeras oportunidades de emprego nos países asiáticos. Trabalhadores migrantes, como nos anos sessenta havia em Portugal e ainda hoje se vêm por altura das colheitas de fruta e das vindimas principalmente, são uma constante nesta parte do mundo. A diferença aqui é que as distâncias percorridas são maiores, envolvendo muitas vezes vários países. Agora, face à crise que se instalou, muitos dos países emergentes que eram o destino de grande parte destes trabalhadores estão a fechar as portas para se protegerem dos efeitos nefastos dos problemas financeiros. Dois dos grandes “fornecedores”
de mão-de-obra barata nesta parte do mundo, as Filipinas e o Sri Lanka, têm milhões de cidadãos a trabalhar no estrangeiro que face aos problemas que os empregadores enfrentam poderão regressar a casa de um momento para o outro. Só nas Filipinas, até ao final de Janeiro deste ano, o departamento responsável pelo controlo dos trabalhadores migrantes (Department of Labor and Employment - DOLE) registou mais seis mil despedimentos entre os trabalhadores migrantes em diversos países asiáticos (Overseas Filipino Workers - OFW). Especialmente os que se encontravam
em Taiwan foram seriamente atingidos com a crise mundial. No entanto, de acordo com vários artigos publicados nesta zona do globo, os números oficiais, regra geral, são mais baixos do que os avançados pelas organizações não governamentais. ONGs que se dedicam ao apoio a estes trabalhadores, como a Hope Workers Center registou, só em Dezembro de 2008 mais de dois mil despedimentos em Taiwan, enquanto que o DOLE avançava com pouco mais de mil. Mas nem só Taiwan acolhe os OFW das Filipinas. Países como a Austrália, o reino do Brunei, a Coreia do Sul, Macau e os Emirados Árabes Unidos, assim como o Reino Unido na Europa, estão também seriamente afectados pelo arrefecimento da economia mundial, pelo que os postos de trabalho destes trabalhadores migrantes estarãotambém em perigo. Para estes casos não há estatísticas oficiais. Relativamente a Macau, só a título de exemplo, e apenas num empreendimento ligado ao Jogo, de uma só vez, foram despedidos mais de mil funcionários provenientes deste arquipélago asiático. Apesar de tudo, e sabendo-se que nesta zona do globo a crise tem afectados sectores como a indústria electrónica, o entretenimento, a construção e os serviços, os números ainda não são alarmantes de acordo com os especialistas. Relativamente ao mercado de mão-de-obra barata do Sri Lanka tem sido mais afectado nas áreas da construção, banca e financeiro. De acordo com dados publicados na imprensa e atribuídos ao departamento governamental que regista todos os cidadãos que trabalham fora do país (Sri Lanka Bureau of Foreign Employment) até Dezembro de 2008 tinham conhecimento de mais de vinte mil desempregados devido a despedimentos de empresas que enfrentavam problemas relacionados com a crise mundial. O Japão, um dos destinos principais dos trabalhadores do Sri Lanka desde meados do ano passado tem dificultado a atribuição de permissões de trabalho. Em Novembro do ano passado o governo japonês previa que cerca de 90 mil empregados migrantes iriam perder os seus postos de trabalho em seis meses (de Outubro a Março). Ao anunciar estes números Tóquio queria realmente dizer que as medidas que iria meter em prática eram para tentar salvaguardar os empregos dos seus cidadãos, em despesa dos trabalhadores migrantes. Enquanto que os países fornecedores de mão-de-obra barata reconhecem que estes despedimentos colectivos vão fazer engrossar a já extensa lista de desempregados no seus países, pouco ou nada podem fazer para o contrariar. No entanto, as Filipinas não ficam de braços cruzados, tendo já metido em prática um plano de contingência para ajudar estes OFWs que regressam de vários países depois de perderem o emprego. A primeira medida passa por ajuda-los a tentar encontrar trabalho noutro país ou, no caso de se revelar impossível, optam por os apoiar na criação de pequenos negócios nos seus locais de origem para que possam garantir a sua subsistência e a das suas famílias, ao mesmo tempo que contribuem para dinamizar a economia doméstica. Isto pode parecer irrisório e de pouca importância, mas até em Portugal recentemente se tem falado das remessas dos imigrantes. Só para que possamos ter uma ideia das remessas do OFWs nas Filipinas, em 2008, de acordo com o Banco Mundial, ascenderam ao equivalente a 18 mil milhões de Euros, cerca de dez por dento do Produto Interno Bruto de Portugal. Dá para perceber o peso destes trabalhadores nas economias dos seus países de origem e os problemas que os seus despedimentos podem causar. Em diversos países asiáticos o desemprego tem levado milhares de trabalhadores, sobretudo emigrantes, a protestar nas ruas.
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