Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mais uma feira de iates (sem línguas oficiais)

Mais uma feira de iates (sem línguas oficiais)

 
NO fim-de-semana do Grande Prémio, onde se esqueceram do hino nacional de Portugal – situação que o cônsul-geral de Portugal diz ser normal, – realizou-se também a segunda edição da feira de barcos de Macau. Depois de, no ano passado, ter sido realizada na Doca dos Pescadores – aliás, é na água onde se devem realizar feiras de barcos, – este ano, após recusa da Doca dos Pescadores em alugar o local, desculpando-se com a necessidade de programar os trabalhos de renovação do recinto, a entidade organizadora da China teve de optar por uma solução de recurso, acabando por fazer uma feira náutica seca, num dos pavilhões do Venetian.
Não será novidade fazerem-se feiras em terra firme. É norma um pouco por todo o interior do território dos Estados Unidos, onde apenas há lagos e rios. No entanto, não deixa de ser caricato que se vendam barcos em terra, numa quase ilha que é Macau! E, além de ser um pouco fora do normal, acaba por ter outros contratempos, como o facto de não haver exibição de grandes barcos, nem demonstrações para possíveis interessados.
O que me leva este ano a escrever sobre a feira novamente é o facto de parecer não terem aprendido nada com a experiência do ano passado. Falo dos erros cometidos, começando por comunicados à Imprensa num Inglês paupérrimo, já para não falar na completa inexistência de Português ou de Chinês tradicional. Foi tudo conduzido como se se tratasse de um evento na «mainland», apenas com Mandarim e escrito em Chinês simplificado. Quanto ao que foi disponibilizado em Inglês, parece-me ter sido obra do «Google Translate». Confrontada a organização com o facto, nada adiantaram, prometendo melhorar na próxima oportunidade, à semelhança do ano passado.
A minha crítica pode até ser um pouco descabida. Afinal, que benefícios trazem os barcos para os residentes de Macau? Barcos são para os ricos, ouço dizer muitas vezes!
Guardo o direito de discordar, sempre que ouço este tipo de desculpas. Primeiro, sabendo-se da necessidade que Macau tem em diversificar a Economia, a opção por feiras de barcos pode muito bem ser uma opção; primeiro, porque movimenta muito dinheiro; segundo, porque a par do sector da venda de barcos pode surgir, ou ressurgir para ser mais exacto, todo um sector de indústrias de apoio, desde a reparação, a membros de tripulação, a empresas ligadas aos serviços náuticos, a desportos de água, etc. Algo que sempre foi tradição em Macau, mas que nas duas últimas décadas praticamente desapareceu com a cegueira do Jogo.
Ao se fazerem feiras de barcos em Macau, e tendo o Governo visão para criar legislação que permita a ancoragem de barcos ao largo – no canal entre Macau e a Taipa, por exemplo, que é uma zona de ancoragem, mas que a Capitania não deixa utilizar, sem se saber muito bem a razão – a construção de mais uma marina iria contribuir para criar um sector forte, que pode empregar milhares de pessoas do território.
Macau deve aproveitar esta oportunidade, principalmente porque o maior competidor, Hong Kong, está a atravessar uma crise no sector, não tendo mais espaço para se expandir. Além dos residentes de Macau eventualmente interessados em ter barco, muitos de Hong Kong, se as condições aqui forem adequadas, mudarão as suas embarcações para a RAEM.
Todo um leque de actividades pode florescer, caso este ramo de actividade seja dinamizado e apoiado pelo Governo. Contudo, parece que se começou com o pé errado, ao se dar, de mão beijada, a organização do evento a uma empresa que nada tem a ver com Macau. Há no território, pelo menos, duas empresas capazes de organizar tais eventos e com o «knowhow» e uma equipa habituada a organizá-los: uma é obviamente a que está ligada à Doca dos Pescadores (daí se perceber agora porque não disponibilizaram o espaço este ano, penso eu!); e outra, ligada a uma das maiores famílias deste território e cujo líder tem tentado fazer algo pela náutica do território, mas a quem o Governo tem fechado todas as portas.
Pergunto: que valor acrescentado traz a empresa da China que está responsável pelo evento? Nunca antes tinham realizado uma feira de barcos! E qual a justificação para que o sócio local fosse a Nam Kwong (que nem sequer é local, pois, como todos sabemos, é um braço empresarial do Governo de Pequim)? E, ainda por cima, vêm para Macau impor línguas que não fazem parte das nossas tradições, desrespeitando as línguas oficias.

Recado à Capitania

Por várias vezes foi pedido à Capitania dos Portos que fosse permitida a ancoragem de barcos privados na zona do Fai Chi Kei, no apelidado abrigo de tufões, que ninguém usa. Tais pedidos têm sido, repetitivamente, recusados pela autoridade marítima, dizendo que quem quer parar barcos em Macau tem de o fazer na Marina do Lamau, obrigando, assim, os residentes e visitantes a dar dinheiro a uma entidade privada. No entanto, este fim-de-semana esteve um veleiro (Kitty 1), registado em Hong Kong, mas cujo proprietário e empresa que o gere são da China, ancorado no local com pessoas a dormir no seu interior.
Ao mesmo tempo, um outro veleiro, pertencente ao proprietário de uma empresa náutica de Hong Kong, foi obrigado a ficar na dita marina, tendo de pagar do seu bolso a estadia.
Gostaria que a Capitania explicasse esta dualidade de critérios e fizesse pública a justificação de autorizar um barco, cujo proprietário é da China, a ficar num local onde tem recusado ancoragem, ao longo dos anos, a residentes locais.
Espero que a Capitania venha a público responder a isto na língua oficial, porque os residentes merecem saber o que está por detrás desta dualidade de critérios.

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