Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Desigualdades (que não se apagam com patacas)

Desigualdades (que não se apagam com patacas)

 
MACAU é uma terra cheia de boas surpresas para quem tem amigos nos sítios certos. No entanto, para a maioria de nós, – os «outros» – é madrasta e difícil de digerir.
Não acreditam? Vejam quantas pessoas passam fome em Macau! Verdade! Com tanto dinheiro nesta terra ainda há pessoas que passam fome diariamente, sem que nada seja feito para que o seu sofrimento seja atenuado. Por vezes passamos por eles e nem sequer ligamos, ou fazemos que não vemos.
Quantas pessoas continuam sem trabalho, mesmo com qualificações, enquanto que outras mal chegam, ou acabam cursos sem qualquer interesse numa universidade que ninguém conhece, e começam logo a trabalhar com grandes salários em bons empregos, porque conhecem as pessoas certas ou são da família tal que mexe cordelinhos nos locais de decisão? Enquanto que outros trabalham a vida inteira no duro sem nunca serem reconhecidos e vêem estes privilegiados a passar-lhes à frente.
E, no campo dos apoios financeiros, quantos de nós já nos deparamos com barreiras intransponíveis quando precisamos de apoio, mas outros recebem aos milhões só porque conhecem fulano ou sicrano e têm amigos que tomam decisões acerca de dinheiros públicos destinados a apoiarem seja o que for?
Há pedidos que nunca recebem resposta, mesmo após inúmeras tentativas para se saber o resultado. Enquanto que outros fazem os pedidos já sabendo quanto vão receber, quanto e quando!
Basta olhar para o que é publicado na Imprensa para se ir percebendo que existem muitas injustiças, nomeadamente na atribuição de apoios a eventos e iniciativas realizadas em Macau. Méritos das iniciativas aparte, porque todas elas o têm de uma maneira ou de outra, quais são os critérios que levam a Fundação Macau (apenas como exemplo, visto ser o maior «fornecedor» de apoios com dinheiros públicos da RAEM) a financiar uma associação para despesas correntes, mas nega apoio a outra quando esta se propõe organizar um evento que pode ajudar a promover o nome de Macau no exterior por uns míseros milhares de patacas?
Mas, quem diz a Fundação Macau, pode referir qualquer outra instituição do Governo ou particular. O que está em causa é a falta de critérios igualitários que dão depois origem a desigualdades difíceis de aceitar pela sociedade e que fazem com que as bases se comecem a revelar contra quem manda.
Quando o Governo decide dar aos residentes uns cheques, dissimulados como forma de ajudar a combater a inflação, algo de muito errado vai no seio da nossa sociedade. Macau, pelo que sei, não é o único «país» que enveredou pela distribuição de dinheiro pelos seus cidadãos. Essa medida tem vindo a ser utilizada por muitos dos reinos do Golfo Pérsico sem resultados aparentes. Aliás, basta ver o desequilíbrio social existente nesses locais. Muitos deles deixaram de distribuir esses dinheiros para os tentar aplicar de forma mais pragmática no desenvolvimento de estruturas que realmente beneficiam a população porque, mesmo com cheques, estas reclamam mais benefícios sociais.
Recentemente li na Imprensa internacional que Macau, apesar de ser o local que mais lucros tira do jogo a nível mundial, apenas tem três unidades hospitalares, enquanto que Las Vegas, a quem Macau tirou o trono, oferece dezenas de hospitais aos seus residentes e uma qualidade de vida que a RAEM nem consegue imitar, quanto mais igualar!
Colocando de parte toda a propaganda que o artigo pudesse conter, uma verdade não se pode esconder: Macau está a sofrer devido à falta de capacidade dos seus governantes trabalharem para a população. A governação da RAEM está, cada vez mais, virada para as empresas e para o lucro a qualquer custo. O escamoteamento desta realidade com cheques que tentam calar os mais pobres não é mais do que uma completa falta de respeito pelas pessoas inteligentes. Pessoas essas que – na minha opinião – são ainda a maioria da população, apesar do Governo pensar que a classes média e baixa não passam de uma cambada de ignorantes que podem ser comprados, quiçá também calados, com meia dúzia de milhares de patacas por ano.
Macau sofre de um sintoma social grave e que o Governo, por muito que tente, parece não conseguir curar: A sociedade está enferma devido aos abusos da máquina administrativa, pelo que o tratamento terá de passar, em primeiro lugar, por essa mesma máquina...
Muitos deputados defendem uma remodelação governativa. Eu, além dessa remodelação, penso que deveria haver também uma completa reformulação da estrutura do Governo.
Neste momento, cada vez que tem de se tomar uma decisão, cria-se uma comissão de avaliação!? Assim, meus senhores, não vamos a lado nenhum!

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