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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Esbanja-se muito na Saúde

Esbanja-se muito na Saúde

 
NA Imprensa local falava-se, recentemente, nos milhões gastos na Saúde e do quanto tem ido parar ao Kiang Wu – ou seja, ao hospital privado – e a outras instituições.
Isto até nem seria grande novidade, caso o hospital público fosse aquilo que devia ser: um exemplo de excelência que todos os cidadãos merecem, prestando um serviço de qualidade em todas as suas valências a quem delas precisam.
Numa cidade como a de Macau, onde abundam milhões para dar aos amigos e distribuir pelos mais variados sectores, o serviço de Saúde do Governo continua a ser uma «porcaria». No entanto, há verbas para esbanjar com o sector privado, suportando, muitas vezes, serviços que nada trazem de valor acrescentado para a população em geral.
Há aqui algo de muito errado! Se há dinheiro para suportar as extravagâncias dos amigos do privado (não esquecer que o presente Chefe do Executivo foi durante anos presidente da associação que detém o Kiang Wu e a sua família tem ali muitos interesses), por que não há dinheiro e capacidade para repor a qualidade no Centro Hospitalar Conde de São Januário?
Quando cheguei a Macau, há alguns anos, o CHCSJ era uma unidade de Saúde de referência na Ásia e destino de visitas de vários especialistas, nomeadamente do Japão e de Singapura, locais que agora gozam de excelente qualidade de cuidados de Saúde, tanto no sector privado, como no público. Algo que, quando perguntado aos responsáveis desses países, dizem ser, de alguma forma, inspirado no que viram e aprenderem em Macau antes da transferência de soberania.
Não consigo entender (até consigo mas não posso afirmar nestas páginas!) como é que o sistema de Saúde do território chegou ao estado em que está. Ainda por cima, quando se entregam, de mão beijada, milhões às associações e aos operadores do sector privado.
Os responsáveis continuam a dizer que não conseguem recrutar médicos e enfermeiros em Portugal para reforçar os quadros clínicos. Eu, não sendo especialista em recrutamento, caso queiram, consigo dar-lhes contactos de médicos e enfermeiros disponíveis para virem para Macau se lhes pagarem condignamente. Aliás, os pagamentos e condições dignas devem ser oferecidas a todos os profissionais, a começar pelos que já aqui estão estabelecidos há vários anos.
Não sou contra o sector privado na Saúde, mas acredito que este deve apenas complementar o público. Só assim compreendo que o Governo dê, de mão beijada, milhões aos operadores privados. Esse dinheiro apenas deve ser disponibilizado depois de se assegurar que tudo foi feito para garantir no público o fornecimento de serviços da mais alta qualidade. Se o sector do Estado não consegue oferecer serviços de qualidade, o sector privado deve continuar a sobreviver com as suas próprias verbas e não com dinheiros que deviam ser investidos no desenvolvimento e aperfeiçoamento dos serviços públicos.
Macau tendo, felizmente, tanta abundância de verbas, deve ser capaz de repor a qualidade dos serviços que havia anteriormente. Tanto mais que, antes de 1999, a abundância de dinheiros públicos nunca atingiu os valores que hoje conhecemos.
Se era possível, perante as restrições orçamentais pré-RAEM, manter um sistema de saúde público de qualidade, por que razão numa época de abundância de dinheiro continuamos a ser martirizados com serviços de Saúde de baixa qualidade?
O nível profissional de grande parte dos clínicos não está aqui em questão. O grande problema parece ser mesmo a falta de profissionais e uma grande falta de capacidade da sua gestão. Problemas que a injecção de dinheiro pode ajudar a resolver em várias vertentes.
Se há falta de mão-de-obra, contratem-se mais trabalhadores! Se há falta de capacidade de gestão, procurem-se profissionais capazes da sua execução em Macau ou no exterior!
Pagar aos privados para fazerem o trabalho que cabe ao Governo é que não me parece ser o caminho a seguir, se se quer garantir, a longo termo, serviços de Saúde universais de qualidade.

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