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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dengue e falta de civismo

Dengue e falta de civismo

 
A FEBRE de dengue afecta Macau todos os anos, mas desta vez parece que o caso é mais complicado do que em anos anteriores. Como sabemos, o veículo transmissor da doença é um mosquito que se reproduz em águas estagnadas e limpas e que pica, principalmente, de dia. Ora, o que se pode depreender destas características é que as condições de higiene têm vindo a deteriorar-se e a qualidade de vida a baixar na cidade, aumentado as condições de reprodução do veículo transmissor da doença.
Este contínuo aumento desregrado da população, para o qual a cidade nunca esteve, nem estará preparada, pode muito bem estar na base do aumento desta epidemia. Como se sabe, na génese de qualquer surto epidemiológico está sempre a falta de limpeza e a falta de higiene do local onde se vive. Quando se promove a entrada de milhares de pessoas e se lhes dá residência, o que se pode esperar? Principalmente quando, na sua maioria, essas mesmas pessoas não têm qualquer noção de higiene ou respeitam qualquer tipo de norma de vida em sociedade.
Falo, por exemplo, do prédio onde vivo, na zona da Fortaleza do Monte, área onde fora registado um caso de febre de dengue, segundo dados dos Serviços de Saúde. Se bem que os residentes nem sequer foram informados da localização exacta do caso, dando origem a um pânico generalizado e fomentando a desconfiança entre todos. Foram colocados uns copos com um produto químico, o OVITRAP, pelos Serviços de Saúde, nas escadas em todos os andares do prédio, tendo em vista recolher amostras dos ovos dos insectos que vivem nessas zonas para se conseguir fazer um rastreio do doença. No entanto, passados dois dias, os ditos contentores tinham desaparecido quase na totalidade, apenas restando o do primeiro andar. E, pelo que temo, também esteve deve desaparecer em breve.
É que, a par com o aumento desregrado do número de residentes, aumenta também a falta de civismo de quem aqui vem residir. Os ditos contentores tinham sido furtados por um dos residentes dos andares superiores do prédio com o intuito de os meter em casa, pensando que tal iria contribuir para que não houvesse mosquitos na sua residência. Claro que nem sequer se preocupou com a segurança e bem-estar da restante vizinhança.
Por sorte – ou azar dele – deparei com a pessoa a furtar um dos ditos copos e perguntei-lhe o que estava a fazer, e se não via que estavam identificados com o símbolo dos Serviços de Saúde e com a menção «Não mexer». Respondeu que não queria saber, que se os Serviços de Saúde quisessem que fossem lá meter mais. E, quando lhe perguntei se não se importava de estar a colocar em perigo a saúde dos vizinhos, riu-se, como se me quisesse dizer que estava mais preocupado com o seu bem-estar do que com o dos vizinhos. «Que se lixem os vizinhos!», certamente pensou.
Claro que apresentei queixa por telefone para a linha indicada no único copo que restava. Depois de passar a dificuldade de encontrar alguém que falasse Português ou Inglês, lá consegui identificar o edifício e os andares em causa. Quando quis identificar a pessoa que tinha visto a furtar os copos ali deixados pelos Serviços de Saúde, disseram-me que não valeria a pena, a não ser que tivesse testemunhas. Ora essa, se eu o vi, que mais precisavam? Vi a pessoa, sei quem é e onde vive, que mais será necessário para que enviem uma autoridade ao seu apartamento para verificar a existência dos ditos contentores no seu interior?
No dia seguinte reparei que nas escadas do meu piso estava um copo. Falta-me saber se foram os Serviços de Saúde ou o ladrão que ali o meteu.
O que está em questão não será tanto os copos dos SS, mas sim a acção da pessoa e a mentalidade dos que vieram viver para Macau recentemente. O território está a tornar-se num local sujo e habitado por pessoas que apenas pensam em si, ignorando, completamente, as regras de boa vivência em sociedade. Isto, claro, traz consigo lixo lançado para a rua, sacos do lixo depositados à porta dos apartamentos, lixo nas escadas, etc. E, como se sabe, tudo isto contribui para a diminuição da salubridade na cidade, criando as condições ideais para que doenças, como o dengue, se instalem de vez entre nós.
O Governo, antes de mais, deveria começar por impedir que mais pessoas fixassem residência em Macau porque, como sabemos, a capacidade da cidade há muito está ultrapassada. Depois, devia actuar de forma a erradicar, de novo, este tipo de problemas.

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