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quinta-feira, 11 de junho de 2009

O que se falou no G20

No passado mês de Abril 20 países reuniram-se em Londres para definir a estratégia para enfrentar a crise económica mundial. Entre os países estava a China que, como todos esperavam, tomou a dianteira na estratégia. Aliás, muitos países dependiam da China, nomeadamente os Estados Unidos da América, para sair da crise.
Muito se falou dessa cimeira dos G20 mas pouco transpirou para o exterior.
Para se ter uma ideia do que se falou deixo-vos aqui o texto integral da intervenção do Presidente chinês no encontro.
Hu Jintao aborda temas bastante sensíveis e toca em pontos que muitos dos países ocidentais gostariam de ver deixados em paz!
A ler…
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Discurso do Presidente Hu Jintao na 2.ª Cimeira Finaceira do Grupo dos 20 (texto integral) 
Trabalhar em conjunto para nos ajudarmos uns aos outros
Discurso do Presidente da República Popular da China, Hu Jintao na 2.ª Cimeira Finaceira do Grupo dos 20
Londres, Reino Unido, aos 2 de Abril de 2009


Exmo. Sr. Primeiro-Ministro Gordon Brown
Caros colegas

É com muito prazer que, na nesta época primaveril em que as flores desabrocham, estou aqui em Londres para discutir com todos os colegas soluções para a crise financeira internacional e a recuperação do crescimento económico mundial. Antes de tudo, gostaria de dirigir as minhas palavras de agradecimento ao Sr. Primeiro-Ministro Gordon Brown pela gentileza do convite e pela hospitalidade que me oferece.
Há mais de quatro meses, na Cimeira de Washington sobre o mercado financeiro e economia mundial em que estivémos presentes, chegámos a uma série de consensos sobre a crise financeira internacional, reforço do controlo financeiro e promoção da reforma do sistema financeiro internacional. Desde então, muitos países lançaram políticas e medidas para estabilizar o sector financeiro e estimular a economia interna, os resultados começam agora a ser visíveis. Estão em curso trabalhos preparativos para a reforma do sistema financeiro internacional. Actualmente, a crise financeira internacional está ainda em crescimento e aprofundamento, o impacto causado à economia real torna-se cada vez mais evidente. A situação económica e financeira do mundo continua a ser complicada e severa. Muitos países afundaram-se em recessão económica e confrontam-se agora com o grande desafio de manter a estabilidade social.
Actualmente, a tarefa mais premente é fazer todos os esforços para recuperar o crescimento económico mundial e prevenir uma grave recessão; opor-se a todas as formas de proteccionismo e manter um ambiente aberto e livre para o comércio e investimento; acelerar as reformas e reconstruir a ordem financeira mundial. Devemos implementar o consenso a que se chegou, aumentar a confiança, tomar medidas mais eficazes, alargar a cooperação, realizar reformas mais justas e lutar por obter resultados concretos.
1. Reforçar ainda mais a confiança. Depois de um desenvolvimento prolongado, a economia mundial dispõe de uma base material e tecnológica sólida, possuimos, pois, condições para fazer face à crise financeira internacional. Os “instrumentos de macro-controlo” à nossa disposição já deram provas de que são eficazes, possuimos, pois, meios políticos para fazer face à crise financeira internacional. A comunidade internacional prontifica-se a intensificar a coordenação e cooperação, pelo que demonstra que temos uma vontade comum de fazer face à crise. Basta-nos para tal ter uma firme confiança e fazer esforços comuns para ultrapassar as dificuldades, atingindo o objectivo conjunto.
2. Intensificar ainda mais a cooperação. A crise financeira internacional ocorre quando a globalização económica se encontra desenvolvida e a interdependência entre os países tende a ser cada vez mais estreita, pelo que, nenhum país pode estar imune à situação, sendo a cooperação a opção correcta. Devemos ter um entendimento claro da situação, reforçar a comunicação, prestar apoio mútuo, superar as dificuldades actuais mediante esforços concertados. É essencial que a nossa política macroeconómica seja consistente, oportuna e perspectivada para o futuro. O G-20 proporciona uma plataforma importante e eficaz para esforços internacionais concertados para enfrentar a crise económica e financeira internacional. Devemos fazer avançar a cooperação, acelerar o reajustamento estrutural, estabilizar o mercado, promover o crescimento, aumentar o emprego, melhorar a subsistência das populações bem como minimizar com todos os meios possíveis o impacto da crise na economia real. Devemos desenvolver cooperação no comércio, investimento e outras áreas da economia real e lançar fundações sólidas para a recuperação do crescimento económico. Devemos reforçar a cooperação no financiamento do comércio e aumentar, em particular, a força de financiamento nos países em desenvolvimento. Devemos promover a cooperação entre as pequenas e médias empresas e ajudá-las a ultrapassar as dificuldades o mais rápido possível. Devemos dar um impulso à cooperação nas novas indústrias, particularmente na conservação de energia, controlo da poluição, protecção ambiental e novas energias, cultivando de forma activa um novo pólo de crescimento da economia mundial. Devemos reforçar a cooperação internacional nas ciências e tecnologia, cujo progresso servirá como motor de crescimento económico.
3. Fazer avançar a reforma. Devemos intensificar os esforços em implementar o importante consenso alcançado na Cimeira de Washington e continuar a trabalhar para uma ordem financeira internacional justa, imparcial, inclusiva e bem gerida, sob o princípio da compreensividade, equilíbrio, incremento progressivo e eficiência. Para tal, é necessário fazer esforços nos seguintes aspectos: 1) Reforçar a cooperação na fiscalização financeira, elaborar, com a maior brevidade possível, os padrões e normas de fiscalização financeira aceites universalmente, melhorar o código de conduta e regime de fiscalização relativas às agências de notação de risco, estabelecer um mecanismo de alerta antecipado que abranja todo o mundo, particularmente os principais centros financeiros internacionais, para aumentar a capacidade de resposta. 2) As instituições financeiras internacionais devem prestar mais assistência aos países em desenvolvimento. As instituições financeiras internacionais e regionais devem expandir de forma activa os seus canais de financiamento e mobilizar recursos por vários meios. A China apoia o aumento de capitais do Fundo Monetário Internacional e está disposta a abordar com todas as partes e dar o seu contributo. Entretanto, consideramos que a injecção de capitais deve ter em conta o equilíbrio entre os direitos e deveres e deve ser feita mediante a combinação da contribuição baseada na quota com a contribuição voluntária. Os novos recursos deverão ser utilizados preferencialmente nos país menos desenvolvidos. É necessário criar um mecanismo de socorro financeiro internacional efectivo de resposta rápida, aplicando-se aos países devedores padrões de avaliação objectivos, científicos e abrangentes. 3) O Fórum de Estabilidade Financeira deve desempenhar um papel mais importante. Com o sucesso no aumento recente do número dos membros, o Fórum deve racionalizar o mais rápido possível o seu mecanismo, elaborar planos, dar início aos trabalhos e estabilizar atempadamente os mercados financeiros; apresentar mais propostas para a supervisão financeira e reforçar a coordenação com outras instituições financeiras internacionais, no sentido de obter, com a maior brevidade possível, progressos na reforma do sistema financeiro internacional. 4) O Fundo Monetário Internacional deve reforçar e melhorar a supervisão sobre as políticas macroeconómicas de todas as partes, particularmente as das economias de emissão das principais moedas de reserva, com ênfase nas suas políticas de emissão de moedas. 5) Melhorar a estrutura governativa do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial e aumentar a representatividade e a voz dos países em desenvolvimento. 6) Melhorar o sistema monetário internacional, aperfeiçoar o mecanismo de regulação da emissão de moedas de reserva, manter a estabilidade das taxas de câmbio das principais moedas de reserva, promover a diversificação e racionalização do sistema monetário internacional. Para a fase seguinte devemos elaborar um calendário e mapa do itinerário praticáveis com base nas consultas e proceder a avanços sólidos em várias reformas, no sentido de criar um ambiente institucional favorável ao desenvolvimento saudável da economia mundial.
4. Opor-se ainda mais ao proteccionismo. Nos últimos tempos, o proteccionismo do comércio e outras formas de proteccionismo têm surgido com mais evidência, o que não corresponde ao consenso alcançado na Cimeira de Washington quanto à recusa do proteccionismo e prevenção da sua introversão nas nossas políticas. O proteccionismo foi prevalecente durante a Grande Depressão do final dos anos 20 e anos 30 do século passado, mas só acarretou consequências graves. As lições da história devem ser aprendidas. Nenhum país ou território deve recorrer ao proteccionismo sob pretexto de estimular a economia. Devemos opor-nos conjuntamente às práticas discriminatórias contra os trabalhadores estrangeiros sob pretexto de proteger os empregos domésticos. Devemos trabalhar todos pela oposição ao proteccionismo do comércio de diversas formas e recursar todas as tentativas de elevar o limiar de acesso ao mercado sob vários pretextos e todas as formas de proteccionismo de investimento que prejudiquem os interesses dos outros países. Devemos opor-nos ao abuso de medidas recurso do comércio. Esperamos que os respectivos países possam reduzir as suas restrições injustas nas exportações dos países em desenvolvimento e aumentar o comércio com os mesmos. As negociações da ronda de Doha são cruciais para a liberalização do comércio global. Devemos fazer cumprir o consenso de Julho de 2008 e continuar a avançar com base no quadro existente e promover as negociações com vista a obter, o mais cedo possível, resultados abrangentes e equilibrados.
5. Apoiar ainda mais os países em vias de desenvolvimento. Alguns países em vias de desenvolvimento estão agora a sofrer tumultos sociais e políticos devido à deterioração das condições económicas e financeiras, o que deve merecer a nossa atenção. A crise financeira internacional causou grandes dificuldades para todos os países, mas não podemos interromper por esta razão o processo para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. Continuamos a fazer avançar o processo porque tal é também favorável para a recuperação do crescimento económico mundial. Mais uma vez apelo à comunidade internacional para prestar maior atenção e minimizar os danos da crise financeira nos países em vias de desenvolvimento, particularmente os países menos desenvolvidos. A comunidade internacional, especialmente os países desenvolvidos, devem assumir as devidas responsabilidades e obrigações, continuando a cumprir os seus compromissos de ajuda e redução das dívidas, tomar medidas concretas para manter e aumentar a assistência aos países em vias de desenvolvimento, ajudá-los a salvaguardar a estabilidade financeira e promover o crescimento económico, prestar auxílio a estes países, especialmente os países africanos, para superarem as dificuldades e melhorarem o ambiente exterior para o desenvolvimento.
Caros colegas,
A crise finaceira internacional trouxe à China dificuldades e desafios sem precedentes, entre os quais se destacam o aumento da pressão do declínio económico, queda contínua nas importações e exportações, abrandamento da produção industrial, dificuldades de exercício que se registam em algumas empresas e aumento das dificuldades na obtenção de emprego. Esta crise coincide com o momento crucial em que a China se esforça por transformar o modelo de crescimento e ajustar a estrutura económica. Os novos desafios, aliados aos problemas existentes, agravaram as dificuldades em resolver os nossos problemas.
Para fazer face ao impacto da crise financeira internacional, manter um crescimento económico estável e relativamente rápido, a China procedeu ao ajustamento das suas políticas macroeconómicas, adoptou resolutamente uma política fiscal proactiva e uma política monetária moderada e formulou um pacote de planos para desenvolver a procura doméstica e promover o crescimento económico. Aumentámos as despesas públicas, introduzimos um plano bienal de investimento num valor total de quatro triliões de renminbi e levámos a efeito a redução estrutural de impostos. Baixámos várias vezes as taxas de juros e aumentámos a fluidez do sistema bancário. Implementámos em grande escala planos de restruturação e recuperação industrial e promovemos inovações científicas e optimização tecnológica. Trabalhámos intensamente para conservar energia, reduzir a poluição e proteger o eco-ambiente. Fizémos esforços para ajustar a distribuição das receitas nacionais e trabalhámos energeticamente para expandir os mercados domésticos, especialmente os mercados rurais. Elevámos significativamente o nível da segurança social. Estas medidas estão a produzir resultados positivos, incluindo a procura forte do consumo doméstico, procura de investimento que tende a crescer gradualmente e uma situação social estável. Isto mostra que a linha de pensamento da China na resposta à crise financeira é pragmático e as políticas são activas e eficazes. As medidas adoptadas pela China terão um impacto positivo não só na nossa economia como também na economia da Região e até de todo o mundo.
Apesar do impacto adverso da crise financeira internacional que continua a ser sentido na economia real da China, nem os aspectos fundamentais nem a tendência positiva de longo termo da economia chinesa registam alterações radicais enquanto a fundação em que se sustenta o crescimento económico rápido se mantém sólida. Mercê do desenvolvimento contínuo e rápido ao longo de 30 anos de reformas e abertura, a China acumulou uma fundação material bastante forte, para além de ter um ambiente institucional melhorado. Há ainda uma grande margem para o desenvolvimento de infra-estruturas, optimização das indústrias, avanços e inovações científicas e tecnológicas, protecção ambiental, gastos dos consumidores e programas sociais. A China tem grandes potencialidades na procura doméstica, ricos recursos humanos, sistema financeiro genericamente saudável e margem adequada para ajustamento da política macroeconómica. A China esforça-se por transformar a pressão em força motriz e os desafios em oportunidades, minimizar o impacto da crise financeira internacional e manter estável e relativamente rápido o crescimento económico.
Face ao impacto da crise financeira internacional, vamos continuar a seguir a política básica do Estado de abertura e prosseguir a estratégia de benefício mútuo da abertura ao mundo exterior. Acreditamos que a China com maior dinâmica e abertura estará numa posição favorável não só para manter estável e relativamente rápido o crescimento económico doméstico, como também para contribuir para a comunidade internacional no combate comum à crise financeira e promover a paz e desenvolvimento mundial.
Caros colegas,
Como membro responsável da comunidade internacional, a China nunca deixou de se envolver no combate à crise financeira internacional.
Apesar das grandes dificuldades, a China tem mantido o câmbio do renminbi estável.
A China tomou parte activa no Programa de Financiamento do Comércio Global da International Finance Corporation e decidiu disponibilizar 1500 milhões de dólares americanos como primeira tranche do seu apoio financeiro ao Programa. Apoiamos os bancos de desenvolvimento regionais para prestarem serviços de financiamento e continuamos a coordenar com as instituições financeiras internacionais e os respectivos países, para reforçar a cooperação multilateral, regional e bilateral no financiamento do comércio.
A China fez o melhor possível para prestar apoio e assistência aos outros países e assinou protocolos bilaterais de swaps de moeda com os países e regiões num valor total de 65 mil milhões de renmibi. Estamos prontos a celebrar mais protocolos semelhantes sempre que as circunstâncias assim o exijam. Participamos activamente na constituição do arranjo auto-administrado de compartilhamento de reservas no quadro da Iniciativa de Multilateralização de Chiang Mai com vista a salvaguardar a estabilidade económica e financeira na região em que nos inseremos e promover a cooperação financeira e o desenvolvimento do comércio da Região.
O facto da China ter enviado missões de compras para o exterior mostra que insiste na política de abertura e toma uma atitude firme na promoção da recuperação do crescimento económico mundial.
A China compromete-se inequivocamente a implementar as medidas de assistência anunciadas na Cimeira de Beijing do Fórum para Cooperação China-África. Vamos continuar a aumentar, dentro das nossas possibilidades, a ajuda para a África, reduzir ou isentar as dívidas que os países africanos contraíram, alargar o comércio com países africanos e aumentar o investimento naquela região bem como reforçar a cooperação. No quadro da cooperação Sul-Sul, a China vai continuar a prestar assistência, dentro das suas possibilidades, aos outros países em vias de desenvolvimento, incluindo ajuda gratuita, redução ou isenção de dívidas e ajuda à promoção do comércio.
A China vai continuar a trabalhar com a comunidade internacional para reforçar a coordenação da política macroeconómica, promover a reforma do sistema financeiro internacional, manter a estabilidade do sistema do comércio multilateral e dar o seu contributo para a recuperação do crescimento económico mundial.
Caros colegas,
Depois do Inverno vem a Primavera, período de renovação. Desde que estabeleçamos confiança e trabalhemos em conjunto, seremos capazes de superar os desafios desta crise financeira internacional, criando um melhor futuro.
Obrigado a todos.

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