NUM passeio de fim-de-semana, decidi ir a Ká Hó.
Fazia já algum tempo que não passava por aquele típico lugar da ilha de Coloane. Desde sempre que ali encontrei algo que me atraía; nesta última passagem, porém, não tive a oportunidade de o voltar a ver. Assim, regressei a Macau desapontado.
Esta incursão naquilo que Macau tem de mais provinciano deu-me a conhecer uma alarmante realidade: a triste verdade das construções ilegais.
Os residentes da ilha de Coloane há muitas décadas tentam convencer o Governo de que têm documentos comprovativos da sua posse da terra: precisamente as chamadas escrituras em papel de seda. A verdade, porém, é que nunca ninguém as viu; daí que o Governo tem de se contentar com a «palavra» de meia dúzia de residentes.
Não pretendo aqui sacar conclusões sobre quem tem, ou não tem, razão. Nem tão pouco é meu objectivo apurar se quem alega ser dono da terra e ter esse direito assegurado numa escritura de papel de seda, está a dizer a verdade.
A realidade é simples: não existindo documentos verídicos e oficiais, os terrenos são propriedade da Região Administrativa Especial de Macau. A Lei é clara e deve ser cumprida por todos por igual.
Este passeio de fim-de-semana fez-me deparar ainda com outra grande realidade que, de certa forma, está intimamente ligada à das escrituras de papel de seda: é o facto de em Ka Hó estarem a surgir construções ilegais como se fossem cogumelos. Só junto à estrada que atravessa a povoação surgem agora quatro prédios de três andares, acabados de construir.
À sua frente, como casas de campo que são, grandes carros com dupla matrícula, enquanto que, uns metros depois, pessoas de idade, nas suas casas antigas, tentam levar a vida a que estão habituados há dezenas de anos.
Esta realidade salta aos olhos de todos e o que é surpreendente e, até, escandaloso, é não haver quem de direito, a nível de autoridade, que ponha cobro a tais abusos. Ao ritmo a que os prédios ali crescem, aquela aldeia irá, muito em breve, perder todo o seu encanto, para se tornar um refúgio de meia dúzia de milionários.
O Governo, no dizer de Jaime Carion, continua a afirmar que está tudo controlado e que as construções pararam. Ora não é isso que se vê. As casas estão concluídas, outras continuam em construção e nada acontece. Algo de muito grave deverá estar a passar, para continuarem a atirar areia para os nossos olhos.
Quando passava de motorizada na rua principal, – incrédulo com o que via, – decidi parar para registar a ocasião com o meu telefone. E logo que me preparava para registar em imagem o que estava à vista, alguém, de uma dessas novas casas, me aconselhou a não o fazer, pelo que me vi obrigado a montar o meu veículo e seguir caminho. As fotos que aqui apresento, aliás com pouca qualidade, são tiradas da Estrada da Barragem de Ká Hó, ali perto de umas sepulturas centenárias, e de onde se pode agora ter uma visão panorâmica da aldeia, visto que toda a vegetação foi retirada para que o terreno fosse terraplanado. Possivelmente para, em breve, receber mais construções. Para já acolhem uma miríade de estaleiros de material de construção sem qualquer tipo de protecção e cuidados higiénicos ou ambientais.
Receio que, muito em breve, Ká Hó passe a ser um «resort» de gente rica e de ascendentes pouco aconselháveis.
A falta de fiscalização e de pulso forte por parte do Governo é preocupante. Queremos acreditar na palavra de que tudo está a ser fiscalizado e que as construções pararam e vão ser demolidas mas, também, que os seus responsáveis vão ser levados à justiça. A realidade que salta à vista, contudo, diz-nos que o que se ouve de quem deve fiscalizar não passa de palavras vãs e sem qualquer sentido.
Tenho pena de que, nos lugares típicos de Macau, como o de Ká Hó, tudo seja, pouco a pouco, demolido para dar lugar ao orgulho desmedido de pessoas ricas e sem escrúpulos.
Nesta polémica que afecta quem ali vive desde sempre e também todos os outros que vivem em Macau, o mais importante não é o que se diz, mas sim o que se vê fazer. Do departamento do Governo que diz estar atento ao que ali se verifica, exige-se bem mais do que vir a público afirmar que fiscaliza. Deve claramente passar à acção e embargar as obras em situação de manifesta ilegalidade. É obrigatório e urgente que o faça em nome da lei, da justiça e em defesa do património público que é de todos nós.
Aliás, por toda a Região se vêem tantas e tantas obras de construção em curso ou já concluídas, que deveriam, pura e simplesmente, ser embargadas e obrigar os seus donos a demolir o que é ilegal e fruto da ganância imobiliária.
Fazia já algum tempo que não passava por aquele típico lugar da ilha de Coloane. Desde sempre que ali encontrei algo que me atraía; nesta última passagem, porém, não tive a oportunidade de o voltar a ver. Assim, regressei a Macau desapontado.
Esta incursão naquilo que Macau tem de mais provinciano deu-me a conhecer uma alarmante realidade: a triste verdade das construções ilegais.
Os residentes da ilha de Coloane há muitas décadas tentam convencer o Governo de que têm documentos comprovativos da sua posse da terra: precisamente as chamadas escrituras em papel de seda. A verdade, porém, é que nunca ninguém as viu; daí que o Governo tem de se contentar com a «palavra» de meia dúzia de residentes.
Não pretendo aqui sacar conclusões sobre quem tem, ou não tem, razão. Nem tão pouco é meu objectivo apurar se quem alega ser dono da terra e ter esse direito assegurado numa escritura de papel de seda, está a dizer a verdade.
A realidade é simples: não existindo documentos verídicos e oficiais, os terrenos são propriedade da Região Administrativa Especial de Macau. A Lei é clara e deve ser cumprida por todos por igual.
Este passeio de fim-de-semana fez-me deparar ainda com outra grande realidade que, de certa forma, está intimamente ligada à das escrituras de papel de seda: é o facto de em Ka Hó estarem a surgir construções ilegais como se fossem cogumelos. Só junto à estrada que atravessa a povoação surgem agora quatro prédios de três andares, acabados de construir.
À sua frente, como casas de campo que são, grandes carros com dupla matrícula, enquanto que, uns metros depois, pessoas de idade, nas suas casas antigas, tentam levar a vida a que estão habituados há dezenas de anos.
Esta realidade salta aos olhos de todos e o que é surpreendente e, até, escandaloso, é não haver quem de direito, a nível de autoridade, que ponha cobro a tais abusos. Ao ritmo a que os prédios ali crescem, aquela aldeia irá, muito em breve, perder todo o seu encanto, para se tornar um refúgio de meia dúzia de milionários.
O Governo, no dizer de Jaime Carion, continua a afirmar que está tudo controlado e que as construções pararam. Ora não é isso que se vê. As casas estão concluídas, outras continuam em construção e nada acontece. Algo de muito grave deverá estar a passar, para continuarem a atirar areia para os nossos olhos.
Quando passava de motorizada na rua principal, – incrédulo com o que via, – decidi parar para registar a ocasião com o meu telefone. E logo que me preparava para registar em imagem o que estava à vista, alguém, de uma dessas novas casas, me aconselhou a não o fazer, pelo que me vi obrigado a montar o meu veículo e seguir caminho. As fotos que aqui apresento, aliás com pouca qualidade, são tiradas da Estrada da Barragem de Ká Hó, ali perto de umas sepulturas centenárias, e de onde se pode agora ter uma visão panorâmica da aldeia, visto que toda a vegetação foi retirada para que o terreno fosse terraplanado. Possivelmente para, em breve, receber mais construções. Para já acolhem uma miríade de estaleiros de material de construção sem qualquer tipo de protecção e cuidados higiénicos ou ambientais.
Receio que, muito em breve, Ká Hó passe a ser um «resort» de gente rica e de ascendentes pouco aconselháveis.
A falta de fiscalização e de pulso forte por parte do Governo é preocupante. Queremos acreditar na palavra de que tudo está a ser fiscalizado e que as construções pararam e vão ser demolidas mas, também, que os seus responsáveis vão ser levados à justiça. A realidade que salta à vista, contudo, diz-nos que o que se ouve de quem deve fiscalizar não passa de palavras vãs e sem qualquer sentido.
Tenho pena de que, nos lugares típicos de Macau, como o de Ká Hó, tudo seja, pouco a pouco, demolido para dar lugar ao orgulho desmedido de pessoas ricas e sem escrúpulos.
Nesta polémica que afecta quem ali vive desde sempre e também todos os outros que vivem em Macau, o mais importante não é o que se diz, mas sim o que se vê fazer. Do departamento do Governo que diz estar atento ao que ali se verifica, exige-se bem mais do que vir a público afirmar que fiscaliza. Deve claramente passar à acção e embargar as obras em situação de manifesta ilegalidade. É obrigatório e urgente que o faça em nome da lei, da justiça e em defesa do património público que é de todos nós.
Aliás, por toda a Região se vêem tantas e tantas obras de construção em curso ou já concluídas, que deveriam, pura e simplesmente, ser embargadas e obrigar os seus donos a demolir o que é ilegal e fruto da ganância imobiliária.
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