NUNCA uma visita ministerial teve tão pouco impacto na vida da comunidade portuguesa de Macau. O ministro Paulo Portas passou pelo território, depois de um passeio alargado, com peditório, pelas terras do Império do Meio, mas pouco ou nada deixou para os milhares de portugueses que aqui vivem, nem para a maioria das associações de cariz lusófono.
Aliás, diz-se que o Ministro dos Negócios Estrangeiros veio ao Oriente com a pasta errada. Afinal apenas falou de negócios e o quanto Portugal é apetecível para os chineses! Será que passou a ser um superministro e açambarcou a pasta da Economia, sem que Passos Coelho desse por isso?
Diplomacia Económica, dizem alguns dos defensores desta «nova» abordagem das relações entre países e as comunidades dos cidadãos desses países, espalhados pelo mundo. No entanto, não teria o MNE tido tempo para se inteirar acerca das preocupações da população portuguesa residente? Especialmente das questões relativas ao funcionamento do Consulado, onde diariamente se tem de esperar horas a fio para se tratar da documentação necessária a qualquer cidadão? Não houve tempo para se reunir com as associações de cariz português e se falar dos assuntos que as preocupam? Apenas uma minoria dos representantes da comunidade foi recebida.
Pelo que vi na Imprensa, apenas se abordaram questões económicas e de investimentos, o que me leva a crer que Paulo Portas veio com capacidade de ministro da Economia!
A verdade é que, desde sempre, nos habituámos a nada esperar dos dignitários representantes de Lisboa que, de tempos a tempos, vêm gastar o erário público em passeios pela Ásia. Desculpam-se dizendo que a presença é necessária, para manter as boas relações e angariar investimentos. Pessoalmente, não me parece que os investidores chineses que queiram investir em Portugal estejam dependentes de visitas de ministros e secretários de Estado. Quem tem dinheiro e quer investir sabe muito bem onde o fazer e, caso não saiba, tem a inteligência de pagar a quem saiba fazer o trabalho de casa para eles!
As queixas que aqui apresento não são, infelizmente, apenas minhas. Basta ler o que se publica nos vários sítios da Internet, onde a população pode ventilar livremente o que pensa, para nos apercebermos de que o simples cidadão tem uma ideia pouco abonatória destas visitas ministeriais ao Oriente e, especialmente, a Macau.
A ideia que fica, desde que Macau passou a ser RAEM, é que só passam por aqui porque no território há muito dinheiro. E, das vezes que aqui passam, pouco se interessam pelos portugueses que aqui ficaram: palavras de circunstância, uns apertos de mão, umas palmadinhas nas costas e pouco mais. Medidas concretas, para tentar apoiar quem se encontra longe do seu país, raramente são vistas, se bem que muitas vezes sejam anunciadas!
Desta vez não foi diferente! Um discurso económico, com algumas referências vagas à comunidade, sem entrar em grandes detalhes. Mas, como se costuma dizer, de palavras bonitas estamos todos fartos!
Não se consegue perceber que o ministro dos Negócios Estrangeiros venha visitar um local onde a comunidade portuguesa, por razões históricas, tem uma tradição enorme, e não reúna com os representantes da mesma, na totalidade. Não houve um momento para receber todas as associações que trabalham diariamente em prol da comunidade?
Portugal goza do prestígio que tem, graças aos cidadãos que resolveram deixar o País e não devido aos seus políticos ou políticas externas. E se o Governo em Lisboa não reconhece isso, parece-me que o País percorre um caminho que apenas o levará ainda mais à desgraça.
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