NO passado mês de Novembro foram enviadas, pela última vez, dez cartas com toda a informação relativa à viagem que eu e a minha família vamos levar a efeito no princípio de 2014 e que tem como objectivo principal assinalar a chegada dos portugueses à Ásia, mais concretamente à China e a Macau, em 1513. Faz precisamente este ano cinco séculos, apesar de quase ter passado despercebido em Macau. Apenas tiveram lugar esporádicas iniciativas, pouco ou nada apadrinhadas pelo nosso Executivo. As cartas com a dita informação, para que conste e para que seja do conhecimento público, foram enviadas para o Chefe do Executivo (aliás, foram remetidas várias durante este ano, sem uma única resposta); para o Gabinete do Porta-voz do Governo; para a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (para esta entidade foram enviadas duas também no decorrer de 2013, tendo a resposta sido negativa das duas vezes. A primeira, ainda pelo antigo director; a segunda, já assinada pela nova directora); para o Presidente da Assembleia Legislativa (para tomada de conhecimento apenas, visto a AL nada fazer neste campo); para a Chefe de Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura (anteriormente tinha sido enviada uma directamente para o Secretário, mas não houve qualquer resposta, apesar de uma reunião infrutífera com uma das suas assessoras); para a Fundação Macau (para aqui seguiram duas missivas em 2012 e 2013, tendo o pedido de apoio sido recusado, por falta de fundamento ligado a Macau. Recentemente acusaram a recepção da última carta, respondendo negativamente. Basearam-se na análise que fizeram em 2012. Isto é, nem sequer se deram ao trabalho de ler a nova proposta que é diferente da inicial. Mas o que se espera de uma fundação que até o CCAC desconfia dos critérios de atribuição de apoios); e para o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (anteriormente tinha sido abordado verbalmente com o Secretariado Permanente, tendo a resposta sido negativa porque – segundo explicaram – não apoiam iniciativas de cariz cultural. Fica então por esclarecer o que é a Semana Cultural que pagam todos os anos, juntamente com os milhões que vão para a Lusofonia e desaparecem sem se ver resultados). Foi também enviada uma carta para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, por ser um evento apadrinhado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e o IACM ser quem representa Macau no organismo lusófono. Pediram-nos que preenchêssemos o requerimento normal para a atribuição de apoios. Ainda esperamos por uma resposta. Claro que Macau e as suas instituições estão no direito de recusar apoios a qualquer iniciativa. Seja de promoção das relações entre os Países de Língua Portuguesa, ou de outra índole. No entanto, estranha-se que com tanto palavreado sobre a defesa do Português e sobre a importância dos PLP, não se queira apoiar simbolicamente uma iniciativa que tem como objectivo assinalar esta vivência de 500 anos. As dificuldades têm sido mais do que muitas. Umas vezes porque não somos chineses (disse o City of Dreams), ou porque não nascemos em Macau (disse a TDM chinesa), ou porque não somos uma associação (disse o Galaxy Group), ou por qualquer outra razão. Não quero acreditar que seja por motivos pessoais, apesar de todos os envolvidos me conhecerem pessoalmente, devido às funções que desempenhei durante vários anos e que me obrigaram a lidar com eles de perto. Também não quero acreditar que seja por não ser chinês, isso seria «baixeza de mais», como dizem os nossos irmãos brasileiros. Do Turismo disseram-me que não conseguiam perceber como é que a viagem iria promover Macau e o seu nome(!?). Sinceramente, não é possível fazer ver quem não quer ver! Será difícil compreender como é que Macau pode ser promovido por um casal, que se assume como sendo de Macau, que vai dar a volta ao mundo? O primeiro exemplo é que menciona o nome desta terra sempre que é entrevistado, sempre que participa em programas de rádio e sempre que escreve nos jornais sobre a viagem. Além disso, tínhamos previsto partir de Macau, com a bandeira de Macau, mas tal não é possível porque o Governo sempre se negou a nos apoiar. Um apoio que nem sequer era financeiro, até porque havia uma empresa de Macau (ligada ao jogo) interessada em financiar toda a aventura, caso o evento tivesse a chancela do Governo. Infelizmente, isso não aconteceu. Mas, claro, como sempre dissemos, e porque somos mesmo muito casmurros, a aventura continua! Não vai ser por falta de apoio que iremos deixar de homenagear os nossos antepassados, que chegaram a estas costas há 500 anos. O seu legado é maior do que qualquer empecilho que a RAEM e as suas elites nos queiram colocar à frente. A terminar, deixo um rol de perguntas sentidas, vindas do nosso coração: – Se consideram que não será possível promover Macau, como explicam a utilidade que terá publicarmos artigos mensais numa das maiores revistas da Tailândia? – Que visibilidade irá potenciar a publicação mensal de artigos em Inglês na maior revista de vela da Ásia, baseada em Hong Kong? – Que fará pelo nome de Macau, além-fronteiras, as publicações semanais n’O CLARIM, o jornal mais antigo de língua portuguesa de Macau e o mais lido na diáspora? – Que resultado terá a participação semanal num programa de rádio da Antena 1, transmitido para todo o mundo, entre o meio-dia e as três da tarde de Macau? – E de que servirá o documentário que irá ser feito para a RTP? É pena que nenhum de nós seja chinês, nem «lambe botas» do poder… Mas, por outro lado, ficamos livres para dizer a verdade e tudo aquilo que nos apetecer, sem ter que pintar o quadro com cores mais agradáveis! |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Não vamos promover Macau, dizem!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo comentário.
Volte sempre.