EM Macau existe uma associação que tem por objectivo preservar e promover tudo o que se relacione com a Cultura Portuguesa e apoiar iniciativas de portugueses residentes em Macau. Mas como já foi apontado por diversas vezes, pelas mais variadas pessoas, esta associação «mete o dedo» em áreas que não lhe dizem qualquer respeito, deixando de fora outras em que evidentemente deveria ter uma palavra a dizer. Nomeadamente nos eventos em que lhe é requisitada assistência institucional e que recusa porque, provavelmente, não se enquadra nos seus propósitos promocionais, nem dão muita «face» à classe dirigente... Fui sócio da Casa de Portugal de Macau e por isso não posso deixar passar esta oportunidade para manifestar o que penso. Quando me fiz sócio fi-lo porque acreditava no projecto e pensava que viesse trazer algum valor acrescentado ao panorama cultural e associativo de Macau. No entanto, e passados estes anos, tal não se registou. É apenas mais uma a receber chorudos subsídios que o Governo sabiamente vai distribuindo, para depois os redistribuir como bem quer e lhe apetece. Entretanto, recebe medalhas da RAEM. É do conhecimento de todos que a Casa de Portugal em Macau recebe milhões do erário público, como todas as outras associações do território. Os valores estão publicados em Boletim Oficial. Só da Fundação Macau recebe dinheiro suficiente para tudo e mais alguma coisa (este ano já foram mais de 7,5 milhões!!!). Mas, como também se sabe, a maioria das iniciativas da Casa, nomeadamente os cursos que organiza amiúde e todas as vertentes (desde costura a aulas de ginástica, que obviamente estão intrinsecamente relacionados com a Cultura Portuguesa...), têm de ser pagos por quem os quer frequentar, apesar de contarem com o apoio do Governo. Isto é, recebem duas vezes, em abono da verdade! Recebem subsídio do Governo e depois recebem o pagamento de quem os frequenta. E porque na sua maioria podem ser pagos com o subsídio que o Governo dá aos residentes de Macau para «formação contínua», acabam subsidiados a dobrar pelos amigos da Praia Grande. Mas não é só nos cursos que a Casa extrapola as atribuições de associação. Até há bem pouco tempo tinha um restaurante! Sim, um restaurante aberto ao público com finalidade lucrativa! Facto que foi alvo de críticas na Comunicação Social, visto que uma associação de cariz cultural nunca deveria ser autorizada a ter um restaurante, marcadamente de cariz comercial e apoiado com fundos do Governo, enquanto outros restaurantes do território, nomeadamente restaurantes que servem Comida Portuguesa e por arrasto promovem a Cultura Portuguesa à mesa, fecham as portas por falta de apoio e devido às rendas escabrosas (o caso mais recente foi o «Porto de Macau» que encerrou recentemente). O da Casa de Portugal fechou porque o Turismo teve de deixar de arrendar o prédio onde se encontrava, mesmo junto às Ruínas de São Paulo. Aliás, esteve bem o proprietário do local ao afirmar que é apenas um negociante, assim como quem lá está a usar o local, pelo que não vai em obras de caridade. Assim respondeu quando abordado sobre a disponibilidade de liberar o espaço para que a CPM e outras associações ali continuassem a desenvolver actividades de cariz comercial. É de estranhar que a Casa se recuse – apesar de todos os apoios do Governo – a apoiar institucionalmente eventos apresentados por portugueses, nomeadamente seus sócios, que têm por objectivo reforçar o que defendem em quase todo o Artigo 3.º dos seus Estatutos. Mas, como em tudo, cada cabeça tem as suas prioridades e, ao que parece, neste momento as da Casa são outras. Esperemos que no futuro mudem, como tudo muda felizmente. Mas não é só a Casa que parece estar alheada da realidade e do que realmente se passa na Comunidade Portuguesa. O mesmo, noutra escala, se passa com o nosso Consulado. Mas aqui, como há rotatividade, espera-se sempre que melhore quando Lisboa decide enviar uma nova cara para o Bela Vista. Infelizmente temos esperado desde 1999 e pouco parece ter mudado... Felizmente o Povo Português tem muita esperança. Aqui em Macau aprendemos a ter «paciência de chinês». De uma vez por todas quem se dedica, ou se propõe, a trabalhar para uma comunidade, seja ela a Portuguesa, a Chinesa ou outra qualquer, tem de se capacitar que não pode trabalhar apenas para certos interesses; tem que trabalhar para a Comunidade num todo, quer se goste ou não dos projectos ou dos seus propósitos. Os gostos ou preferências pessoais devem ficar na esfera privada, não devem afectar o desempenho da função pública. No caso do Consulado, a visão e posição do representante diplomático foi bem clara relativamente a um projecto de promoção da Lusofonia que lhe foi apresentado. Não gostava por considerar que se tratava de um projecto de cariz particular. Como não lhe foi perguntado se gostava ou não, só se pede é que o Consulado faça o que lhe é devido e dê apoio institucional a todos os portugueses por igual. Afinal, o pedido foi feito ao Consulado, não ao seu dirigente. É este tipo de confusão que leva a que as instituições percam credibilidade junto da população. O que se vê na Comunicação Social (casa cheia de recepções, exposições com muitas fotos e sorrisos) não reflecte a verdadeira imagem do pensar da população, porque quem frequenta este tipo de eventos são sempre os mesmos. Acreditem ou não, a maioria dos portugueses em Macau nunca foi a uma recepção do Dia de Portugal, nunca foi a um evento apoiado pelas instituições de cariz português, pois não se identifica com os seus valores. Infelizmente é mesmo a maioria, apesar da imagem que as instituições tentam passar para o exterior. |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Cada um no seu galho
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