SE a memória não me atraiçoa, foi a 12 de Junho de 2003 que escrevi, pela primeira vez, nas páginas d’O Clarim. Esta data fará de mim um dos colaboradores mais antigos deste semanário de língua portuguesa de Macau. O mais antigo jornal de língua portuguesa a ser publicado no Oriente, quer se queira quer não, mesmo havendo outros que por portas travessas tentem fazer com que tal não seja valorizado. Este facto é algo que me deixa muito orgulhoso mas, ao mesmo tempo, muito consciente da responsabilidade que é levar semanalmente aos leitores algo que não alinhe pelo sensacionalismo. Uma década de colaboração contínua, maioritariamente com crónicas, onde fui retratando como podia aquilo que sentia e via em Macau e no Oriente como português, mas também algumas entrevistas que me marcaram. Esta data não foi assinalada no respectivo mês, propositadamente, porque na altura estava já decidido que a minha colaboração no «Coisas&Loisas» iria sofrer uma pausa. Até quando, não sei! Mas será apenas uma pausa no acompanhar do dia-a-dia das vivências em Macau, porque estarei envolvido numa outra aventura que irá também aqui ser relatada nas páginas do nosso O Clarim e que espero vir a ser do agrado dos leitores. Durante esta década, que foi também de acompanhamento do crescimento da Região Administrativa Especial de Macau, dos seus altos e baixos, fui muitas vezes acusado de ser directo, de apontar muito o dedo, de ser incompreendido e de me dedicar muito à defesa da língua portuguesa. Críticas que sempre me deixaram muito satisfeito porque, primeiro, significavam que era lido – lido mas muitas vezes incompreendido, – segundo, porque causavam incómodo e isso é para mim um sinal positivo. No entanto, não quero deixar passar esta oportunidade também para referir que foram muitas as vezes que leitores, pessoas anónimas e que não aparecem nas fotografias da sociedade, mas que são as mais importantes para mim, me escreveram com palavras bonitas, com simples agradecimentos e muitas com dicas para artigos que foram enchendo estas colunas. Foram, sem dúvida, a maior fonte de inspiração e a força motriz que me fez seguir quando havia forças que o tentavam impedir. Quem me conhece sabe que passei por vários jornais de Macau, Tribuna de Macau, quando ainda era semanário, depois na sua versão diária (à moda de Macau, visto que só sai aos dias de semana!!!), no extinto Macau Hoje e também pela Rádio Macau. De todos guardo recordações e não tenho rancor. Fiz amigos e inimigos e outros que sorriem na minha cara, mas por trás é o que se sabe!... Pessoalmente posso afirmar que durmo descansado... Eles sabem que eu sei quem são. Mas, sinceramente, o que mais fica na minha memória são os leitores, especialmente aqueles que me vão abordando de tempos a tempos, com reparos, palavras de incentivo, ou apenas com troca de opiniões. O jornalismo é isto mesmo, chegar ao leitor e fazer com que ele venha até nós. A minha carteira de jornalista número 4363 está, por iniciativa própria, suspensa desde que iniciei funções no Governo da RAEM porque, para mim, para ostentar a carteira profissional é preciso não estar impedido e exercer a profissão em exclusividade. Apesar de haver muitos em Macau que não entendem o que isso é. Depois acumulam funções incompatíveis. Afinal estamos em Macau onde tudo é possível! O Clarim, desde a sua fundação, é um jornal escola, onde muito se aprende e onde, apesar de ser propriedade da Diocese de Macau, há liberdade para abordar os temas que se quer, sem estarmos preocupados com a «censura». Quando fui convidado pelo padre Albino isso foi-me assegurado e nunca senti que a sua promessa tivesse sido quebrada. Assim como, pelo que sei, não o irá ser nas décadas vindouras. Como sempre o Clarim há-de ser um dos baluartes da liberdade de expressão em Macau e um jornal onde os poderes económicos pouco influenciam. Daí a nossa liberdade de informar e de abordar temas que a outros jornais se torna complicado chegar. Muito obrigado a todos e até breve, noutro formato. Ilha da Montanha desapareceu Desde sempre me opus à tradução de nomes, mudança de nomenclaturas e outros atentados às línguas. Quem me conhece, sabe que nunca concordei com o facto do Leal Senado ter passado a ser identificado como Edifício do IACM, assim como também não engoli o facto do Palácio da Praia Grande ter sido rebaptizado como Sede do Governo!!! Aliás, como eu há muitos, tanto que os nomes foram repostos em muitos documentos oficiais por ordem de Pequim. Agora vem o director dos Serviços de Administração e Função Pública tentar impingir, a nível oficial e por ordem escrita, que a Ilha da Montanha (Wam Kam, em Cantonense, e Hengqin, em Mandarim) deixe se ser assim denominada, evocando uns regulamentos relativos à forma de romanização dos nomes chineses, prevista no artigo 18.º da «Lei sobre padrão da língua chinesa falada e escrita da República Popular da China», onde se diz que o sistema a usar será o da romanização baseado em «pinyin». Daí a Ilha da Montanha (Hengqin Dao, usando a romanização do «pinyin», mas conhecida há séculos no Sul da China pelo seu nome Cantonense, Wam Kam, romanizado pelo sistema usado em Macau para transliterações de «Chinês» para Português) se passar a chamar Ilha de Hengqin. Mas o mesmo se aplica para Pequim, que não é Beijing, e para Cantão, que não é Guangzhou, em Português. Concordo com a necessidade de se uniformizar e de se utilizar termos iguais para as mesmas coisas mas, havendo um nome institucionalizado na língua portuguesa, não há necessidade de se proceder à romanização de qualquer outro nome. Assim sendo, porque também não mudamos Macau para Aomen? A Ilha da Montanha é conhecida por este nome desde 1514, possivelmente nessa altura nem sequer era chamada de Hengqin, mas sim de Wam Kam, visto ser o dialecto que já se falava por estas «bandas». Portanto, antes de invocar artigos e regulamentos, as cabeças pensadoras desta terra deveriam abrir os livros de História, porque Macau, quer queiram quer não, tem a maior parte da sua história, incluindo o seu legado linguístico, ligado à língua portuguesa. |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Muito obrigado por esta década
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Cada um no seu galho
EM Macau existe uma associação que tem por objectivo preservar e promover tudo o que se relacione com a Cultura Portuguesa e apoiar iniciativas de portugueses residentes em Macau. Mas como já foi apontado por diversas vezes, pelas mais variadas pessoas, esta associação «mete o dedo» em áreas que não lhe dizem qualquer respeito, deixando de fora outras em que evidentemente deveria ter uma palavra a dizer. Nomeadamente nos eventos em que lhe é requisitada assistência institucional e que recusa porque, provavelmente, não se enquadra nos seus propósitos promocionais, nem dão muita «face» à classe dirigente... Fui sócio da Casa de Portugal de Macau e por isso não posso deixar passar esta oportunidade para manifestar o que penso. Quando me fiz sócio fi-lo porque acreditava no projecto e pensava que viesse trazer algum valor acrescentado ao panorama cultural e associativo de Macau. No entanto, e passados estes anos, tal não se registou. É apenas mais uma a receber chorudos subsídios que o Governo sabiamente vai distribuindo, para depois os redistribuir como bem quer e lhe apetece. Entretanto, recebe medalhas da RAEM. É do conhecimento de todos que a Casa de Portugal em Macau recebe milhões do erário público, como todas as outras associações do território. Os valores estão publicados em Boletim Oficial. Só da Fundação Macau recebe dinheiro suficiente para tudo e mais alguma coisa (este ano já foram mais de 7,5 milhões!!!). Mas, como também se sabe, a maioria das iniciativas da Casa, nomeadamente os cursos que organiza amiúde e todas as vertentes (desde costura a aulas de ginástica, que obviamente estão intrinsecamente relacionados com a Cultura Portuguesa...), têm de ser pagos por quem os quer frequentar, apesar de contarem com o apoio do Governo. Isto é, recebem duas vezes, em abono da verdade! Recebem subsídio do Governo e depois recebem o pagamento de quem os frequenta. E porque na sua maioria podem ser pagos com o subsídio que o Governo dá aos residentes de Macau para «formação contínua», acabam subsidiados a dobrar pelos amigos da Praia Grande. Mas não é só nos cursos que a Casa extrapola as atribuições de associação. Até há bem pouco tempo tinha um restaurante! Sim, um restaurante aberto ao público com finalidade lucrativa! Facto que foi alvo de críticas na Comunicação Social, visto que uma associação de cariz cultural nunca deveria ser autorizada a ter um restaurante, marcadamente de cariz comercial e apoiado com fundos do Governo, enquanto outros restaurantes do território, nomeadamente restaurantes que servem Comida Portuguesa e por arrasto promovem a Cultura Portuguesa à mesa, fecham as portas por falta de apoio e devido às rendas escabrosas (o caso mais recente foi o «Porto de Macau» que encerrou recentemente). O da Casa de Portugal fechou porque o Turismo teve de deixar de arrendar o prédio onde se encontrava, mesmo junto às Ruínas de São Paulo. Aliás, esteve bem o proprietário do local ao afirmar que é apenas um negociante, assim como quem lá está a usar o local, pelo que não vai em obras de caridade. Assim respondeu quando abordado sobre a disponibilidade de liberar o espaço para que a CPM e outras associações ali continuassem a desenvolver actividades de cariz comercial. É de estranhar que a Casa se recuse – apesar de todos os apoios do Governo – a apoiar institucionalmente eventos apresentados por portugueses, nomeadamente seus sócios, que têm por objectivo reforçar o que defendem em quase todo o Artigo 3.º dos seus Estatutos. Mas, como em tudo, cada cabeça tem as suas prioridades e, ao que parece, neste momento as da Casa são outras. Esperemos que no futuro mudem, como tudo muda felizmente. Mas não é só a Casa que parece estar alheada da realidade e do que realmente se passa na Comunidade Portuguesa. O mesmo, noutra escala, se passa com o nosso Consulado. Mas aqui, como há rotatividade, espera-se sempre que melhore quando Lisboa decide enviar uma nova cara para o Bela Vista. Infelizmente temos esperado desde 1999 e pouco parece ter mudado... Felizmente o Povo Português tem muita esperança. Aqui em Macau aprendemos a ter «paciência de chinês». De uma vez por todas quem se dedica, ou se propõe, a trabalhar para uma comunidade, seja ela a Portuguesa, a Chinesa ou outra qualquer, tem de se capacitar que não pode trabalhar apenas para certos interesses; tem que trabalhar para a Comunidade num todo, quer se goste ou não dos projectos ou dos seus propósitos. Os gostos ou preferências pessoais devem ficar na esfera privada, não devem afectar o desempenho da função pública. No caso do Consulado, a visão e posição do representante diplomático foi bem clara relativamente a um projecto de promoção da Lusofonia que lhe foi apresentado. Não gostava por considerar que se tratava de um projecto de cariz particular. Como não lhe foi perguntado se gostava ou não, só se pede é que o Consulado faça o que lhe é devido e dê apoio institucional a todos os portugueses por igual. Afinal, o pedido foi feito ao Consulado, não ao seu dirigente. É este tipo de confusão que leva a que as instituições percam credibilidade junto da população. O que se vê na Comunicação Social (casa cheia de recepções, exposições com muitas fotos e sorrisos) não reflecte a verdadeira imagem do pensar da população, porque quem frequenta este tipo de eventos são sempre os mesmos. Acreditem ou não, a maioria dos portugueses em Macau nunca foi a uma recepção do Dia de Portugal, nunca foi a um evento apoiado pelas instituições de cariz português, pois não se identifica com os seus valores. Infelizmente é mesmo a maioria, apesar da imagem que as instituições tentam passar para o exterior. |
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Não vamos promover Macau, dizem!
NO passado mês de Novembro foram enviadas, pela última vez, dez cartas com toda a informação relativa à viagem que eu e a minha família vamos levar a efeito no princípio de 2014 e que tem como objectivo principal assinalar a chegada dos portugueses à Ásia, mais concretamente à China e a Macau, em 1513. Faz precisamente este ano cinco séculos, apesar de quase ter passado despercebido em Macau. Apenas tiveram lugar esporádicas iniciativas, pouco ou nada apadrinhadas pelo nosso Executivo. As cartas com a dita informação, para que conste e para que seja do conhecimento público, foram enviadas para o Chefe do Executivo (aliás, foram remetidas várias durante este ano, sem uma única resposta); para o Gabinete do Porta-voz do Governo; para a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (para esta entidade foram enviadas duas também no decorrer de 2013, tendo a resposta sido negativa das duas vezes. A primeira, ainda pelo antigo director; a segunda, já assinada pela nova directora); para o Presidente da Assembleia Legislativa (para tomada de conhecimento apenas, visto a AL nada fazer neste campo); para a Chefe de Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura (anteriormente tinha sido enviada uma directamente para o Secretário, mas não houve qualquer resposta, apesar de uma reunião infrutífera com uma das suas assessoras); para a Fundação Macau (para aqui seguiram duas missivas em 2012 e 2013, tendo o pedido de apoio sido recusado, por falta de fundamento ligado a Macau. Recentemente acusaram a recepção da última carta, respondendo negativamente. Basearam-se na análise que fizeram em 2012. Isto é, nem sequer se deram ao trabalho de ler a nova proposta que é diferente da inicial. Mas o que se espera de uma fundação que até o CCAC desconfia dos critérios de atribuição de apoios); e para o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (anteriormente tinha sido abordado verbalmente com o Secretariado Permanente, tendo a resposta sido negativa porque – segundo explicaram – não apoiam iniciativas de cariz cultural. Fica então por esclarecer o que é a Semana Cultural que pagam todos os anos, juntamente com os milhões que vão para a Lusofonia e desaparecem sem se ver resultados). Foi também enviada uma carta para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, por ser um evento apadrinhado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e o IACM ser quem representa Macau no organismo lusófono. Pediram-nos que preenchêssemos o requerimento normal para a atribuição de apoios. Ainda esperamos por uma resposta. Claro que Macau e as suas instituições estão no direito de recusar apoios a qualquer iniciativa. Seja de promoção das relações entre os Países de Língua Portuguesa, ou de outra índole. No entanto, estranha-se que com tanto palavreado sobre a defesa do Português e sobre a importância dos PLP, não se queira apoiar simbolicamente uma iniciativa que tem como objectivo assinalar esta vivência de 500 anos. As dificuldades têm sido mais do que muitas. Umas vezes porque não somos chineses (disse o City of Dreams), ou porque não nascemos em Macau (disse a TDM chinesa), ou porque não somos uma associação (disse o Galaxy Group), ou por qualquer outra razão. Não quero acreditar que seja por motivos pessoais, apesar de todos os envolvidos me conhecerem pessoalmente, devido às funções que desempenhei durante vários anos e que me obrigaram a lidar com eles de perto. Também não quero acreditar que seja por não ser chinês, isso seria «baixeza de mais», como dizem os nossos irmãos brasileiros. Do Turismo disseram-me que não conseguiam perceber como é que a viagem iria promover Macau e o seu nome(!?). Sinceramente, não é possível fazer ver quem não quer ver! Será difícil compreender como é que Macau pode ser promovido por um casal, que se assume como sendo de Macau, que vai dar a volta ao mundo? O primeiro exemplo é que menciona o nome desta terra sempre que é entrevistado, sempre que participa em programas de rádio e sempre que escreve nos jornais sobre a viagem. Além disso, tínhamos previsto partir de Macau, com a bandeira de Macau, mas tal não é possível porque o Governo sempre se negou a nos apoiar. Um apoio que nem sequer era financeiro, até porque havia uma empresa de Macau (ligada ao jogo) interessada em financiar toda a aventura, caso o evento tivesse a chancela do Governo. Infelizmente, isso não aconteceu. Mas, claro, como sempre dissemos, e porque somos mesmo muito casmurros, a aventura continua! Não vai ser por falta de apoio que iremos deixar de homenagear os nossos antepassados, que chegaram a estas costas há 500 anos. O seu legado é maior do que qualquer empecilho que a RAEM e as suas elites nos queiram colocar à frente. A terminar, deixo um rol de perguntas sentidas, vindas do nosso coração: – Se consideram que não será possível promover Macau, como explicam a utilidade que terá publicarmos artigos mensais numa das maiores revistas da Tailândia? – Que visibilidade irá potenciar a publicação mensal de artigos em Inglês na maior revista de vela da Ásia, baseada em Hong Kong? – Que fará pelo nome de Macau, além-fronteiras, as publicações semanais n’O CLARIM, o jornal mais antigo de língua portuguesa de Macau e o mais lido na diáspora? – Que resultado terá a participação semanal num programa de rádio da Antena 1, transmitido para todo o mundo, entre o meio-dia e as três da tarde de Macau? – E de que servirá o documentário que irá ser feito para a RTP? É pena que nenhum de nós seja chinês, nem «lambe botas» do poder… Mas, por outro lado, ficamos livres para dizer a verdade e tudo aquilo que nos apetecer, sem ter que pintar o quadro com cores mais agradáveis! |
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
A tal cidade internacional
ATÉ hoje apenas tinha ouvido rumores, mas agora posso afirmar que afinal é verdade. Os turistas em Macau são tratados pela Polícia como criminosos e, em detrimento do que diz a Lei – que todos somos inocentes até prova em contrário, – é-lhes apontado o dedo, acusando-os de serem os culpados daquilo que lhes acontece em Macau. A história é fácil de contar. Na semana passada recebi um grupo de amigos, proveniente da Tailândia, via Hong Kong. Vierem passar a quinta-feira a Macau, tendo ido do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior directamente para minha casa, sem qualquer incidente, onde deixarem a bagagem. Vieram directamente do aeroporto de Hong Kong, sendo que só no final do dia regressariam – para ficar – na região vizinha. A insistência foi minha para que viessem visitar Macau, dado que, inicialmente, nem queriam vir. Daí sentir-me bastante abalado com o incidente que viria a ocorrer. Indirectamente a culpa foi minha, porque se não tivesse insistido, nada teria acontecido! O grupo chegou a Macau, almoçou comida portuguesa num conhecido restaurante, localizado perto do Largo do Senado – encantado da vida, – visitou a Fortaleza do Monte, as Ruínas de São Paulo, a Sé Catedral e o Templo de Á-Má. Acabou o passeio no Venetian, porque dois, por razões profissionais, queriam ver o maior casino do mundo. No final do dia, passaram por minha casa, para recolher a bagagem; apanharam dois táxis junto da Rua do Campo e dirigiram-se ao Terminal Marítimo. Ali chegados, depararam com a perda de uma das malas no táxi que chegou em último, que trazia a bagageira mal fechada... Argumentando com o taxista, que nem uma palavra de Inglês sabia articular, nada se resolveu, sendo pedida a intervenção da Polícia no «jet-foil». Eu, que fiquei em casa, fui avisado por telefone do que se estava a passar. Tendo conhecimento da Linha Aberta para o Turismo – embora fossem perto das nove horas da noite, – liguei para pedir informações e para ver se tinham algum funcionário no posto do Terminal Marítimo. Depois de mais de vinte minutos ao telefone, chegou-se à conclusão que nada podiam fazer, nem apoio podia ser dado ao grupo de turistas, que se viu involuntariamente metido num problema. Depois de tentar argumentar, desisti porque nada conseguia resolver com a funcionária ao telefone. Diga-se que a conversa foi sempre cordial, se bem que infrutífera. Voltando aos meus amigos: fiquei a saber que o taxista em questão, com um dos passageiros, fez de novo o percurso para ver se conseguiam encontrar a mala perdida. Claro que nada encontraram, passado mais de uma hora do sucedido! Já na esquadra, enquanto se esperava que o taxista voltasse da sua viagem infrutífera, os agentes continuavam a fazer perguntas, num Inglês paupérrimo que mal dava para entender, mas sempre insinuando que a perda da mala não era da responsabilidade do taxista. Mantendo-me sempre ao lado, não interferindo na conversa, visto não ser um dos envolvidos, fui ouvindo o que se ia passando. Com a chegada do taxista – já os meus amigos estavam desesperados para deixarem Macau, pois no grupo de oito pessoas estavam três de idade avançada, que se encontravam extremamente cansadas do dia passado no território – a Polícia continuou a insistir na teoria de que a perda da mala era da responsabilidade dos meus amigos. Segundo o agente, o taxista nenhuma responsabilidade tinha sobre o que transportava no táxi. Ao que lhe perguntei, já não aguentando mais, por que razão o taxista não tinha responsabilidade, se cobra uma taxa pelo transporte de bagagem na mala do carro? O polícia respondeu (rispidamente) que se trata de uma taxa pelo serviço de transporte e que nada tem a ver com a responsabilidade pela perda ou danificação das bagagens. Indignado, ainda perguntei onde tal está regulamentado, tendo ficado sem resposta. Voltando-se novamente para os meus amigos, o agente perguntou se saberiam dizer o valor da mala perdida e se esta tinha algo no interior. Felizmente os haveres eram apenas roupas. Não havia dinheiro, nem artigos de valor no interior, pelo que os meus amigos avançaram com o valor de dois mil dólares de Hong Kong, pela mala Samsonite e pelos haveres, já completamente esgotados e a sentirem-se criminosos, quando na verdade eram eles as vítimas. O taxista, esse, mantinha-se caladinho, até porque tinha a Polícia a interceder por ele. A única vez que esboçou uma reacção aconteceu quando o agente lhe disse que os meus amigos – aconselhado pelo próprio polícia – baixavam a compensação de duas mil para quinhentas patacas. Aí o taxista fez-se ouvir, afirmando que só podia pagar trezentas, porque não tinha mais. Valores à parte, o que aqui está em causa é a atitude do polícia, que assumidamente tomou o partido do taxista, quando deveria ter-se mantido neutro e tentado resolver a questão de outra forma. Deplorável foi também a atitude do taxista que, sendo um elo importante nesta peça teatral, que é o turismo em Macau – o taxista é um dos primeiros actores que o turista vê quando chega e um dos últimos quando parte de viagem, – deveria desempenhar a função com todo o zelo. Infelizmente, todos sabemos que os taxistas, na sua maioria, são pouco profissionais, arrogantes e donos de pouca educação, tratando quem nos visita, e quem aqui vive, como animais, sem desprezo para com a bicharada. O talão de participação (fotografia que acompanha o texto) refere que a mala se extraviou, e o táxi ou taxista não são identificados, quando o mesmo taxista esteve na esquadra e acabou por indemnizar os turistas em trezentas patacas. Além disso, está redigido em Chinês, sendo que nenhum dos queixosos fala esta língua, tendo sido coagidos a assinar sem qualquer explicação. Curiosamente, este grupo, que veio em visita particular, incluiu dois jornalistas – um da televisão e outro de uma revista de viagens da Tailândia. Bonita promoção deverá ter Macau por parte destes meus amigos... Foi um dia triste para o território e para o turismo desta cidade, que se diz internacional. A nível pessoal aprendi a lição: nunca mas convido ninguém para vir a Macau! |
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Joao has posted a new update...
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segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Faltam caixotes do lixo
MUITAS vezes ouvimos queixas relativas à acumulação de lixo nas ruas e é já normal os residentes queixarem-se dos turistas que não se sabem comportar como pessoas civilizadas, no que ao lixo e seu correcto depósito no local adequado diz respeito. No entanto, poucas vezes nos referimos à falta de infra-estruturas para a colecta de lixo nas ruas de Macau, algo que nos últimos anos se tem vindo a acentuar. Não sei se se nota mais agora, devido ao aumento do número de pessoas nas ruas do território, ou se é mesmo porque o número de postos de recolha de lixo (caixotes de lixo) está mesmo a diminuir. Sinceramente – confesso – não tive paciência para ver números oficiais e nem sei se tais existem. Como em tudo o que envolve cifras e números oficiais, nem sempre reflectem a realidade de cada local como ela «realmente» é. São apenas números e nada mais. Posso citar, por exemplo, que da zona do Instituto Português do Oriente (Rua do Pato), seguindo em frente para a igreja de São Lázaro (Rua Nova de São Lázaro), e depois para o Tap Seac (pela Rua do Volong), não há um caixote do lixo sequer! Como este exemplo há muitos outros. Faço esse trajecto amiúde pelo prazer de andar e por ter que levar o cachorro a passear. Muitas vezes, quando o cão decide fazer as «necessidades» onde bem lhe apetece, tenho de carregar o respectivo papel com as fezes até encontrar um caixote do lixo. No prolongamento da Rua do Volong, ao lado do Conservatório de Música, há uns contentores que não substituem os caixotes de lixo de rua porque se destinam a recolher o lixo proveniente do interior das casas. E, na mesma rua, já no final antes de virar para a Calçada do Poço, há também um caixote do lixo, que no entanto obriga a mudar de itinerário, o que muitos não estão dispostos a fazer. O mesmo acontece na rua onde vivo, na Calçada do Monte, por onde milhares de turistas passam diariamente com destino à Fortaleza do Monte. Em toda a sua extensão, desde o Consulado Geral de Portugal até à dita Fortaleza, não há um único caixote do lixo para onde as pessoas possam levar o lixo. E claro, na maioria das vezes, o mesmo acaba no chão porque nem todos são como eu, que chego a passar um dia inteiro com um papel no bolso na esperança de encontrar um caixote do lixo para o depositar, acabando depois por me esquecer, tirando-o do bolso apenas quando chego a casa! Outro exemplo na mesma zona: na esquina das traseiras do Consulado Geral de Portugal há uma árvore plantada numa espécie de canteiro elevado que é usado diariamente por dezenas de residentes e turistas para descansar, comer uma bucha ou beber algo para refrescar antes de arrepanhar caminho. Contudo, não há qualquer local para depositar o lixo nem beatas de cigarro. O caixote do lixo mais próximo é uma daqueles caixas de betão horrorosas e mal cheirosas que o Governo decidiu criar, dizendo que servem para tratar o lixo por raios ultravioleta (do qual ainda não consegui encontrar nenhuma informação científica que comprovem tal facto), que fica mesmo junto da entrada do Instituto Português do Oriente, a uns bons metros do referido local e que nem todos têm conhecimento ou paciência para andar até lá. O que acontece ao lixo? Muito fácil! Acaba no chão ou no canteiro dias a fio sem que ninguém se incomode. É pena que com uma empresa concessionária responsável pela recolha do lixo, com a obrigação de manter as nossas ruas limpas, se continue a ver tanto lixo nas bermas da estrada. É triste que numa cidade que se diz internacional não haja estruturas em todas as ruas, cantos e esquinas, onde as pessoas possam deixar lixo e resíduos de pequeno tamanho. Será pedir muito que se instalem caixotes do lixo num raio de 50 metros em toda a cidade? Deveria haver uma fórmula que fosse seguida para a instalação de caixotes de lixo. Esta existe em países europeus e pode muito bem ser adoptada pela cidade internacional que Macau quer ser. Se há dinheiro para tanta coisa, será que não há dinheiro para instalar uns milhares de caixotes de lixo por toda a cidade? Tanto mais que tal pode ser uma boa oportunidade de negócio para um qualquer amigo com fábrica na China! Afinal, todos sabemos como as coisas funcionam por aqui... |
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Mal na fotografia
CADA vez que anunciam a vinda de políticos portugueses a Macau fico com calafrio na espinha, não só por serem políticos e por andarem a viajar à borla com o País em crise, mas também porque não sabemos qual o disparate que vêm dizer. Há muito que estamos habituados que sempre que alguém do Executivo Português aqui vem só nos deixa mal vistos aos olhos dos cidadãos chineses. Diga-se, em abono da verdade, que passados todos estes anos eles já nem ligam às «trocas e baldrocas» dos políticos de Portugal. Passou mesmo a motivo de risota o simples anúncio de que alguém de Lisboa está a caminho. Só falta começarem a fazer apostas junto do Pacapio, à semelhança do futebol e de outros eventos. A última fornada que por aqui passou deu origem – apenas – a dois casos: Um em que se chamou República da China, por diversas vezes e no mesmo discurso, à República Popular da China, sem que nunca se desse pela gralha. Caso para perguntar que tipo de assessoria trazem e que trabalho de casa fazem. Aliás, penso que ainda hoje o secretário de Estado não deve ter percebido muito bem o que fez porque nem um pedido de desculpas por parte do seu gabinete. O outro em que o «nosso» Paulo Portas (o das feiras) só se atrasou duas horas para a recepção oficial – em sua homenagem – na residência oficial do cônsul-geral de Portugal, vulgo hotel Belavista. Nada contra o atraso, pois pode acontecer a qualquer um quando se trata de voos internacionais, mais barcos e viaturas oficiais e, no meio de tudo isto, o caótico trânsito de Macau, que como sabemos nos causa atrasos de horas a fio como em Lisboa. O lapso de duas horas do vice-Primeiro-Ministro até se compreende, ou melhor, não se aceita, mas compreende-se. O que não se compreende, nem se aceita, é a falta de respeito com que Portas nos vai brindando desde que chegou ao «poleiro». Quando andava pelas feiras a distribuir beijinhos e abraços era uma coisa, agora no poder mostra a sua verdadeira face. Não estive presente na recepção – lamento que o Consulado Geral de Portugal nem sempre convide todos os portugueses de Macau – mas também não fiquei com saudades. Contou quem lá esteve que quando Paulo Portas chegou já metade dos convidados se tinha ido embora (a chegada estava marcada para as nove da noite, apenas apareceu perto das onze...). Não explicou o sucedido, nem pediu desculpas pelo incómodo causado aos presentes. Um digno exemplo de humildade e de educação de um país que nutre a admiração de muitos na Ásia. Como já disse, compreendo que possam acontecer certos atrasos. O que não pode acontecer é faltar ao respeito aos convidados, como se eles ali estivessem por obrigação. Uma explicação sobre o sucedido era o mínimo que se exigia. Nos dias de hoje, com a comitiva de assessores que Paulo Portas deve ter trazido, não se compreende que ninguém tivesse tido a ideia de pegar no telefone e ligado ao cônsul-geral, para o informar que estavam atrasados, explicar-lhe a razão e pedir-lhe que tal fosse transmitido no local, para que todos ficassem a saber a razão do atraso. Até podia dizer que o representante de Portugal se sentia constrangido (mesmo que não fosse verdade) por causar tanto incómodo. O cônsul teria andado, a determinada altura, de convidado em convidado, a tentar apaziguar os ânimos – algo agitados, em resultado de um atraso de que nem ele saberia a razão, segundo chegou ao meu conhecimento através de um dos presentes. Teria sido muito mais razoável que alguém da comitiva do vice-Primeiro-Ministro tivesse ligado e informado o diplomata da situação, ou que tivesse o diplomata ligado a perguntar o que se passava. Penso que deve ter poderes para tal, afinal é o representante máximo de Portugal neste território. Teriam morto dois coelhos de uma cajadada! O atraso ficava explicado e o cônsul não precisava de fazer figuras menos dignas, ficando toda a comunidade a ganhar. Como sempre, ficámos mal vistos! Mas como sempre também acontece nestas ocasiões, já ninguém se lembra e agora resta-nos esperar pela próxima visita. |
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Acordo discriminatório
ESCLAREÇAM-SE se estiver errado. Recentemente tem-se falado muito do processo de troca de cartas de condução da China e de Macau. Também recentemente foi anunciado, como se fosse a coisa mais natural deste mundo, que se for uma carta de condução de Macau que tenha sido trocada por uma portuguesa não dará o direito a conduzir na China. Para tal tem que ser uma carta de condução tirada em Macau, tudo isto porque, segundo justificam, a China não é signatária da Convenção sobre o Trânsito Rodoviário. Pelo que não aceita cartas de condução de países signatários da mesma. No entanto, Macau é signatário dessa mesma resolução internacional e se o residente tem carta de Macau, tendo ela sido ou não tirada em Macau, que diferença há? É que os signatários da dita convenção não devem discriminar nenhuma das licenças de condução de nenhum dos países membros. Em que ficamos? As cartas de condução de Macau (tiradas em Macau) estão ao abrigo da convenção, mas são reconhecidas no interior da China que, reciprocamente e como mandam as boas regras das relações internacionais, reconhecem as da China para se conduzir aqui. Tendo em mente que quem conduzir na China, com carta de condução de Macau, tem de respeitar as leis e regras de trânsito do outro lado da fronteira, enquanto os do outro lado quando conduzirem em Macau têm de seguir as regras daqui (vou-me rir tanto!), ou seja, as mesmas que são utilizadas na grande maioria dos países do mundo que são signatários da convenção. Pergunto: se as cartas da China vão ser equivalentes às de Macau (entenda-se equivalentes às dos países signatários da Convenção sobre o Trânsito Rodoviário, visto que as de Macau o são), quem os vai impedir de conduzir em todos os outros países signatários da convenção internacional, pedindo a emissão da Carta de Condução Internacional a que terão direito com o reconhecimento em Macau? Por exemplo, em Portugal, onde a carta de condução de Macau é aceite, visto serem signatários da Convenção sobre o Trânsito Rodoviário. A questão que se levanta não é tanto relativamente ao facto de podermos, ou não, nós portadores de cartas emitidas por equivalência a uma estrangeira, conduzir na China. A questão é precisamente o contrário, saber como se vai regular o facto dos condutores da China, por direito que lhes advém de terem acesso à licença em Macau, terem oportunidade de pedir uma carta de condução internacional reconhecida em mais de 70 países. E, por outro lado, como vai Macau explicar que residentes locais, que ao abrigo da Lei Básica são todos iguais e gozam dos mesmos direitos e obrigações, irão passar a ser descriminados baseados na licença de condução que possuem. Tanto quanto sei, na Lei do Trânsito Rodoviário de Macau, recentemente aprovada, não existe qualquer distinção entre carta de condução de Macau tirada localmente ou por equivalência por licença adquirida no exterior. Isto ainda está tudo apenas em fase de estudo, estando o grupo de trabalho debruçado sobre as questões mais importantes, no entanto, ninguém ainda se lembrou de levantar estas dúvidas, pelo que se espera que tais informações cheguem a quem faz parte do grupo de trabalho. Até ao momento o que mais os preocupa é a reivindicação da população que não quer que tal reciprocidade venha a abrir uma porta para que os condutores do continente inundem o mercado de trabalho do território. Quanto a isto, a acreditar nas afirmações da comissão, o problema parece estar resolvido. Mas, na minha opinião, os outros pontos que aqui levanto também têm a sua quota de importância e merecem ser abordados. Não tanto o facto dos portadores de carta tirada em Portugal serem, ou não, habilitados a conduzir do outro lado da fronteira, mas sim o facto dos do outro lado passarem a gozar dos mesmos direitos dos signatários da Convenção sobre o Trânsito Rodoviário quando tiverem direito à carta de condução de Macau. Isto é, passam a ter os mesmos direitos que nós, sem que nós tenhamos os mesmos direitos que eles. |
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
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terça-feira, 5 de novembro de 2013
Pobres diabos
QUERO publicamente manifestar o meu apoio a uma classe social que, na minha opinião e que sei ser partilhada por milhares de pessoas em Macau e por milhões pelo mundo fora, é injustamente acusada de falta de escrúpulos. Uma classe social que só tem feito bem e que tem contribuído, sobremaneira, para o bem-estar de todos nós e, muito especialmente, para a imagem do território como espaço aprazível, que todos acolhe de braços (e carteiras, dizem as más-línguas, mas eu nada tenho a ver com isso) abertos e como cidade internacional que é (eu acredito, e o leitor?). Trata-se de uma classe profissional que, diariamente e 24 horas por dia, se esforça, e de que maneira, por nos facilitar a vida e por tornar o nosso dia-a-dia mais aprazível e confortável, rápido e seguro. Sinceramente não compreendo como é que todos continuamos, anos a fio, sem lhes prestar a devida homenagem, visto que, dia após dia, dão todo o suor e lágrimas para o bem comum. São obrigados, faça chuva ou faça sol e até em dias de tufão, a andar de um lado para o outro para darem conta das nossas necessidades, sem nunca reclamarem e sem nunca exigirem mais do que o justo pelos seus préstimos. E, ainda por cima, com o contínuo aumento do custo de tudo o que se compra, vêm a margem de lucro diminuir de dia para dia, sem que para tal haja ajuda do Governo ou a compaixão de todos nós. E logo este Governo que ajuda tudo e todos sem olhar a caras ou à cor. É injusto, digo eu, simples cidadão de Macau que (em abono da verdade raramente o faço) uso os serviços destes zelosos profissionais que são exemplo em tudo, desde o asseio pessoal e conduta profissional, até ao dedicado esmero que colocam na limpeza do local onde exercem a função e na ajuda aos clientes. Levantam-se a altas horas da madrugada, isto quando conseguem dormir alguma coisa, só para se dedicarem às tarefas de limpeza, para que tudo esteja impecável quando nós (ignóbeis e incompreensíveis utentes dos seus preciosos serviços), logo pela manhã, os chamamos com cara de noite bem dormida, mas sempre resmungões! Agora que decidem pedir um aumento do prémio dos seus préstimos em 20% todos a eles se lançam como hienas, revelando a sua insensibilidade. É pena que ninguém compreenda os nossos taxistas, essa classe que tanto nos facilita a vida e que está sempre ali para nos transportar. Eu apoio que o Governo aprove os aumentos sugeridos pela classe e até vou mais longe: o Governo devia pagar-lhes o combustível e o seguro. Isto já para não dizer que devia atribuir-lhes uma medalha pelos serviços prestados em prol do bom nome da terra. Vinte por cento? E que tal 100 por cento de aumento? Vamos todos apoiar os nosso taxistas injustiçados! Notas soltas Tendo em conta as recentes notícias que dão como certa a participação do campeão de Fórmula 3 no ano passado em Macau, o português Félix da Costa, deixo um conselho de amigo ao engenheiro Costa Antunes. Este ano não se esqueça de ter uma cópia de «A Portuguesa», o hino de Portugal, no iPhone, «just in case...». Depois da «barracada» de 2012, é o mínimo que se pede à organização. Ainda relativamente à vinda de Félix da Costa, tanto quanto me lembro, é a primeira vez que um vencedor de Fórmula 3 no ano anterior vem defender o título. A terminar, foi com tristeza que fiquei a saber que a Direcção dos Serviços de Turismo apoiou uma regata no Rio Tejo, em Lisboa, no passado Domingo, organizada pela ANC (Associação Nacional de Cruzeiro, da qual alguns dos membros são funcionários da DST), enquanto residentes de Macau organizam um evento que vai levar o nome de Macau à volta do mundo e o apoio é negado. Critérios… cada um tem os seus. |
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Desvanecer a pouco e pouco
NÃO gosto de ser «ave de mau agoiro» mas nos últimos tempos tudo aponta para que o que venho afirmando seja, cada vez mais, uma realidade. Sempre que posso defendo nestas páginas o uso da língua portuguesa e a sua obrigatoriedade. Não porque seja fundamentalista, mas porque assim ficou acordado entre duas nações soberanas e para mim a Lei é para ser cumprida integralmente. No entanto, a pouco e pouco, e como que pela «calada da noite», o Português começa a ser subtraído das suas funções oficiais. Será que já se está a preparar o terreno para o pós-2049? Lamento afirmar que parece que sim! Não tinha tido conhecimento da cerimónia oficial da Feira Internacional de Macau (sempre conhecida por MIF, a sua sigla em Inglês), mas agora veio-se a saber que este ano, ao contrário dos anteriores, a língua portuguesa não marcou presença nos discursos oficiais. Passei por lá no último dia, na tentativa de encontrar alguns contactos para a viagem que estamos a organizar, e também pouca informação vi em Português, aliás, em consonância com a pouca abertura dos empresários presentes para o nosso evento. Se não formos nós a apoiar e a defender aquilo que é nosso, ninguém o fará! É pena que o organizador, neste caso o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), ou seja, o Governo de Macau, esteja a colocar de lado a Lei Básica tão descaradamente e sem que ninguém levante objecções ou peça explicações por tais decisões e medidas. Além do exemplo do que se passou no recinto da Feira Internacional de Macau, a mensagem de agradecimento na passada segunda-feira, o dia seguinte ao encerramento do certame, não deixou margem para dúvidas, tendo sido publicada apenas em Inglês, mesmo nos jornais de língua portuguesa. Por acaso tenho curiosidade em saber se nos jornais chineses foi também posto na língua de Sua Majestade. Na edição do mesmo dia do jornal Ou Mun não havia qualquer tipo de publicidade de agradecimento, apenas um artigo referente à MIF e ao seu encerramento. São pequenos sinais como estes que se vão aglomerando e vão fazendo com que a «nossa» língua acabe por desaparecer, mesmo antes da data previamente acordada entre Pequim e Lisboa. E o que mais me choca é que quem devia levantar a voz, a nossa representação diplomática local, nada faz e nada diz relativamente ao assunto, apenas se focando nos números dos «Vistos Gold». A instituição máxima de promoção de Macau no exterior, a Direcção dos Serviços de Turismo, há muito que deixou de adoptar o Português nas suas intervenções. Apesar de ter inúmeros bilingues, o Português nunca faz parte dos seus discursos oficiais, a favor sempre do Chinês e do Inglês. Porque é mais fácil, dizem! E isso podemos constatá-lo. Basta ver quantas vezes o antigo director discursou em Português em encontros internacionais. Aliás, agora no novo cargo que ocupa na PATA quantas vezes recorreu à sua língua materna? Acredito que seja mais fácil à DST dizer que é mais fácil utilizar o Inglês e o Chinês, assim como é fácil negarem apoio a iniciativas de divulgação de Macau em Português quando, do outro lado da porta, se dão milhões a outras realizações em Chinês e Inglês. Infelizmente existem outros exemplos e cada vez mais frequentes. Várias vezes aqui fiz eco da falta de visão (ou talvez não, se o objectivo é mesmo o de erradicar o seu uso) de não se incluir nos contratos de concessão dos serviços públicos a obrigatoriedade das duas línguas oficiais. Veja-se as operadoras de telecomunicações. Nenhuma delas usa o Português. O mesmo se passa com a Macao Water (Sociedade de Abastecimento de Água de Macau), que até o próprio nome mudou logo após a criação da RAEM, e com a Companhia de Electricidade de Macau que pouco usa a língua portuguesa. E o mesmo se pode dizer da Companhia de Sistemas de Resíduos, que de Português só tem mesmo o nome. No que respeita aos contratos de concessão apenas a – sempre na berlinda – Direcção dos Assuntos de Tráfego tem obrigado as concessionárias de transportes públicos a usar as línguas oficiais. E, bem ou mal, «a coisa» lá tem sido mantida com toda a informação nos autocarros, escrita ou sonora, a ser disponibilizada nos dois idiomas. Apesar de muito de errado haver a apontar à DSAT, aqui a elogio pelo bom trabalho. São falhas a mais para um território que se diz apostado em promover as relações com os Países de Língua Portuguesa e em dar condições para que a língua lusa possa continuar a ter o peso que sempre teve. As últimas novidades neste campo que vieram a público não auguram nada de bom. Recentemente, a Associação de Investigação do Sistema Jurídico de Macau, pelo seu presidente, o proeminente advogado chinês Chan Wa Keong, começou o «ataque» ao sistema jurídico, defendendo, na presença do procurador, Ho Chio Meng, que nada disse em contrário, que os candidatos a juízes não precisam ser bilingues. Começam a ser muitas as forças a puxar apenas para um lado, sem que ninguém venha a terreiro meter ordem no caos e clarificar as dúvidas que vamos tendo. |
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
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terça-feira, 22 de outubro de 2013
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