NESTES últimos dias, devido a uma reparação mal feita no meu veículo pessoal, tenho andado de transportes públicos e apraz-me dizer que, não obstante a manifesta falta de qualidade dos veículos utilizados por todas as companhias, a cobertura e a eficiência dos mesmos têm melhorado muito. Durante o fim-de-semana, tendo de deslocar-me ao COTAI assiduamente, nunca demorei mais de 15 a 20 minutos, a partir do centro da cidade. Isto, incluindo o tempo de espera na Rua do Campo pelo autocarro número 25 ou 25X.
Saliente-se que os esforços das autoridades em aumentar a rotatividade e assiduidade dos autocarros nas paragens tem dado frutos. No entanto, continuamos a contar com veículos velhos ou, quando novos, são de tão má qualidade que mais valia serem velhos!
Não consigo perceber como é que autocarros com um e dois anos façam mais barulho do que uma lata velha ao vento e que o seu interior esteja a cair aos bocados, devido à manifesta falta de qualidade dos materiais utilizados pelos construtores chineses.
Por que razão não obrigaram a que se comprassem autocarros de qualidade comprovada? Não é preciso ir muito longe: o exemplo de Hong Kong, onde usam marcas britânicas, serve muito bem. Mas, mesmo em Macau há exemplos de empresas, ligadas ao jogo, que chegaram à conclusão que marcas chinesas não servem. Apesar de serem mais baratas, a longo termo, acabam por ficar mais caras, devido à manutenção e à constante substituição que é necessário fazer. A Venetian e a SJM são os primeiros exemplos, tendo optado por começar a substituir a frota por marcas europeias.
Disseram-me, aquando do concurso, – por acaso a sua minuta passou pelas minhas mãos – que as marcas envolvidas eram muito utilizadas no interior da China e que eram das mais conceituadas! Mas, sabendo nós que os critérios de qualidade que se aplicam na China continental são muito baixos, por que razão os deixaram aplicar a Macau? Não deverá a RAEM, «centro de turismo internacional», ter parâmetros de qualidade mais altos, à altura dos pergaminhos que apregoa aos sete ventos? Ou, será que o «slogan» irá passar para «centro de turismo chinês»? Bom…
No contrato de concessão que todas as operadoras aceitaram e assinaram, havia, pela primeira vez, a obrigatoriedade dos autocarros estarem equipados com sistema de GPS e com sistema de informação sonora e visual das paragens, nas duas línguas oficiais e também em Inglês. Mas, na verdade, depois de um ano de actividade sob o novo contrato de concessão, este sistema raramente funciona em muitos dos autocarros. Aliás, o sistema é igual em todas as concessionárias! Afinal teve de ser o Governo a fazê-lo, para que as empresas o usassem!
Das vezes que utilizei, nomeadamente, as carreiras 25 e 25X, nunca vi o sistema a funcionar na sua totalidade. Muitas das vezes o som está desligado e o sistema visual apenas dá informações em Chinês. Apesar de ter tentado contactar as companhias, nomeadamente a TRANSMAC, que é a que explora as carreiras referidas, não houve qualquer tipo de resposta.
Para me precaver de qualquer tipo de mal-entendido, enviei as interpelações nas três línguas usadas, referidas no contrato que assinaram com o Governo. Mas, mesmo assim, não houve direito a qualquer tipo de contacto por parte da empresa. Tentativas de abordagem feitas via telefone foram em vão, porque nunca consegui fazer-me entender, ou faziam por não entender.
Tendo conhecimento pessoal do que foi exigido nos contratos, considero que, se fossem cumpridos na íntegra, teríamos serviços de autocarro de boa qualidade. No entanto, o que acontece é que não há fiscalização. O controle que a DSAT faz restringe-se à assiduidade das chegadas e partidas, tudo o resto que foi exigido, normas EUROIV, materiais utilizados, autocarros com acesso para deficientes, sistemas sonoros e visuais nas línguas oficiais, etc. Tudo isso passa sem que ninguém regule e fiscalize, pelo que as companhias de autocarros estão-se nas tintas para a letra do contrato.
Quanto à qualidade dos autocarros, visto que os accionistas das empresas concessionárias não os utilizam, os utentes que se aguentem!
Se do outro lado da fronteira servem, porque não hão-de servir em Macau? – devem dizer, indignados, os responsáveis! Nós, os residentes de Macau, somos mesmo muito exigentes!…
No meu ponto de vista, Macau não se deve nivelar pelos requisitos de qualidade da China continental, neste campo. Se pretendemos ser «civilizados» e considerar Macau como uma cidade internacional, é necessário e urgente que os responsáveis do sector dos transportes comecem a tomar medidas adequadas e a fazer cumprir os contratos.
Amigos ou não, os contratos são para cumprir!
Estamos a falar de transportes públicos. Quanto aos táxis, infelizmente, continua tudo na mesma!
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