É JÁ normal passarmos dias e semanas a criticar tudo e todos, esquecendo que diariamente há pessoas que se esforçam por fazer o seu melhor para tornar a nossa vida um pouco mais fácil e segura. Tornou-se hábito criticar as autoridades de Macau por tudo o que de menos positivo fazem. Mas, apesar de evidentemente haver muito que pode ser mudado para que a imagem da polícia seja melhorada, há sempre bons exemplos.
Os aspectos negativos abundam nas redes sociais, em imagens captadas nas ruas do território, com agentes da autoridade a actuarem de forma menos correcta e pouco profissional, seja o atravessar uma passadeira sem cumprirem as regras do trânsito, ou o abusarem da autoridade que a farda lhes dá. No entanto, julgo que todos agentes, em essência e felizmente ainda na sua maioria, são pessoas de bem e que se esforçam perante a adversidade para darem sempre o seu melhor.
A população tem, por tradição, um olhar sempre muito atento às coisas erradas que as autoridades fazem. Mas, quando algo de bom é feito, regra geral, fica esquecido e passa sem ser enaltecido. É precisamente um destes episódios que hoje quero aqui realçar. Aconteceu recentemente e envolveu, pelo menos, seis agentes da autoridade. Todos eles procederam de forma correcta e voluntariosa.
Num fim de dia, com o tráfego no seu auge à saída do túnel, no final da Rua do Campo, um carro pára com falta de combustível num dos semáforos junto do jardim Lou Lim Ieoc. Como se deve imaginar, a paragem do veículo causa muita confusão no trânsito. Um dos dois ocupantes, sem ter outra solução, decide deixar o veículo com os quatro piscas ligados e com o outro ocupante pronto para receber os agentes da autoridade que deveriam chegar a qualquer momento. Entretanto, desloca-se a pé ao posto de abastecimento mais próximo, neste caso o da Caltex, do outro lado do túnel da Guia! Na ida, atravessou o túnel a pé, algo que é ilegal, mas não foi interceptado por nenhum agente. No trajecto de volta, um polícia de motorizada deu-lhe indicação para parar na saída do túnel. Rapidamente explicada a situação, o agente deixou a mensagem, que lhe cabe deixar nestas situações sobre a necessidade de se seguir as regras e cumprir os requisitos de segurança. Porém, vendo a urgência da situação, não demorou mais de dez segundos e deixou seguir a pessoa com o combustível, rumo ao carro imobilizado.
Chegado ao local onde o veículo se encontrava, já vários agentes da autoridade estavam a tentar resolver a situação. Apesar da confusão inicial, devido ao facto dos agentes dominarem pouco o Inglês e não falarem Português, mostraram-se bastante cooperantes e, entre tentarem minorar o problema do trânsito e tentarem encontrar uma solução, ofereceram-se para empurrar o veículo para um local seguro, depois de atravessada a Avenida Horta e Costa.
Durante todo o processo, não se notou um único momento de maior tensão nem de falta de profissionalismo ou arrogância por parte dos agentes. Mesmo perante a manifesta irritação dos ocupantes do veículo, devido à situação em que se encontravam, os agentes nunca mudaram de postura. Tudo tentaram para ajudar a resolver o problema, tendo mesmo pedido para que fosse chamado um reboque para que o carro fosse removido, mais tarde, para um local onde fosse possível ver e solucionar o problema.
Enquanto era empurrado o veículo, para que o trânsito fluísse normalmente, e já com algum combustível no depósito, este decidiu pegar, deixando todos os envolvidos algo surpresos. É que durante o período em que o carro esteve parado sem combustível, e depois de várias tentativas de o fazer pegar, a bateria tinha «morrido». Sendo um veículo automático, era suposto não pegar de empurrão! Assim que o veículo começou a funcionar, os agentes ajudaram a controlar o trânsito para que o veículo se imobilizasse em local seguro, tendo um dos ocupantes, o proprietário, ficado com alguns dos agentes, esperando que lhe fosse dado um «sermão» ou que lhe fosse passado qualquer tipo de multa.
Os agentes sorriram, dizendo ter sido bom que tudo se tenha resolvido sem necessidade de reboque e desejaram a continuação de boa viagem. Um aperto de mão do agente mais sénior e muitos obrigados da parte do ocupante do carro «selaram» o incidente.
Uma situação que poderia ter sido bem mais complicada, caso a autoridade tivesse tido outro tipo de postura. Mas, com profissionalismo e com boa educação e uma postura de servir a população, ficou beneficiada a boa imagem de toda a corporação.
Pena que os agentes não tenham sido identificados, pois mereciam, da parte envolvida, uma menção de agradecimento. Ficam estas palavras de agradecimento, depois de me terem contado o incidente.
Por vezes, a imagem que temos das autoridades acaba distorcida e errada, apenas porque tendemos a olhar para o todo, tomando como exemplo uma pequena parte. E essa parte pequena é sempre a do lado negativo.
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