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sábado, 11 de junho de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

Macao Water abandona o Português

NÃO sei há quanto tempo a entrevista foi publicada, – penso que em 2007, – mas ainda me lembro do nome Philippe Wind, visto que falava Português na perfeição. Recordo que tinha afirmado que a companhia que dirigia estava empenhada em manter a língua portuguesa, porque era uma das línguas oficiais de Macau e porque havia razões históricas para tal; além de que ele próprio a falava e considerava que era de primordial importância a sua manutenção, tanto para a Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau, como para a própria Região Administrativa Especial de Macau, servindo, além de outros fins, de factor diferenciador. Daí que todos os esforços estariam a ser feitos para que a língua se mantivesse em todos os aspectos organizacionais e nos contactos com os clientes. Referiu-me que seriam afectados novos fundos para contratação de pessoas que dominassem as duas línguas oficiais e estariam a ser feitos contactos para resolver o problema das traduções. Apesar das dificuldades de recrutamento de mão-de-obra especializada, que já nessa altura se sentia, garantiu-me que o objectivo era para cumprir.

Foram palavras que na altura caíram bem no seio da comunidade portuguesa, num período em que se notava um cada vez maior desleixo na preservação da segunda língua oficial do território por parte de várias entidades, incluindo o Governo.

Nessa entrevista, o então director executivo da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau, explicava a mudança de nome para Macao Water, dizendo que se tratava apenas de uma questão de «marketing» e que tudo o resto se mantinha em Português, nomeadamente toda a documentação institucional, apoio ao cliente, etc. «Como disse, temos toda a documentação necessária em Português».

Crente como era, acreditei nas suas boas intenções e dei grande destaque a essa promessa. A verdade é que, passados alguns anos, a Macao Water parece ter esquecido, por completo, a língua portuguesa e as promessas do francês Philippe Wind.

Num recente incidente no prédio onde vivo, houve necessidade de deslocação de uma equipa da companhia para verificar o estado dos contadores e tubagens. Após a dita inspecção, o funcionário, que não falava uma palavra de Português e quase nada de Inglês, deixou dois formulários afixados na parede. Quanto à descrição feita no documento, sobre a situação, fora feita apenas em Chinês, pelo facto do funcionário não dominar suficientemente a língua inglesa para o escrever.

Estes documentos datam de Março de 2011. Quando os vi pela primeira vez, apenas me lembrei das palavras do então director executivo da SAAM (Philippe Wind), visto que deparei com um documento da empresa em Chinês e Inglês. O que teria acontecido ao Português e às promessas do antigo director executivo? Será que a nova equipa se esqueceu de respeitar algo que um antecessor tinha defendido?

Como não consegui entender o que se estava redigido (à mão, e em Chinês) resolvi contactar a empresa, aproveitando também para pedir explicações acerca do desaparecimento do Português. A indignação foi enviada por correio electrónico, em Português e Inglês, tendo recebido uma resposta, apenas em Inglês, no dia 20 de Maio, prometendo que iriam ter em atenção a minha chamada e que o caso estava a ser acompanhado! Numa tradução livre: «Vamos tratar deste assunto seriamente e estamos já a acompanhar o problema, sendo que a emissão do aviso em Português será feita assim que possível». De Março a Maio não foi possível encontrar quem fizesse uma tradução! E terminavam a reposta com um enigmático «esperamos conseguir providenciar o serviço que você espera receber da nossa empresa».

Este artigo é publicado hoje, 10 de Junho, um dia simbólico para a língua portuguesa, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e, até à data, ainda não recebi qualquer reparo da Macao Water, nem os avisos afixados foram modificados.

É uma completa falta de respeito pela comunidade e pela língua portuguesa. Tal como a promessa de Phillipe Wind,também a da Macao Water, pelo seu departamento de Relações Públicas, ficou por cumprir. «Vamos tratar deste assunto seriamente e estamos já a acompanhar o problema, sendo que a emissão do aviso em Português será feita assim que possível», diziam então. Parece que ainda não foi possível…

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