UM colega escrevia um destes dias sobre um episódio que se tinha registado com ele e que envolvia um agente policial no exercício das suas funções. No caso tratava-se de fazer aquilo que melhor, aparentemente, sabem fazer: passar multas! Descrevia esse colega que estava a retirar o seu veículo motorizado de duas rodas do local de estacionamento (aparentemente ilegalmente estacionado) e que o agente o barrou até que conseguisse acabar de preencher as coimas que estava a passar a todos os veículos na mesma situação, sem ter qualquer outra opção para sair do local.
Na verdade, e sem que se queira desculpar o indesculpável, o veículo estava mal estacionado e merecia ser autuado por isso. No entanto, estando o seu condutor a retirá-lo do local, haveria necessidade do agente o manter no local (chegando mesmo a pedir-lhe que o voltasse a estacionar no mesmo espaço) até que terminasse a tarefa de preencher todos os recibos correspondentes às multas dos veículos transgressores?
A polícia tem todo o direito, e mesmo obrigação, de fazer cumprir a lei. No entanto, e como todos sabemos, a mesma lei é flexível, assim como deveria ser a atitude dos agentes. Felizmente que a maioria dos agentes da autoridade opta por uma postura mais relaxada, deixando seguir (apenas com uma reprimenda ou «ralhete») quem se apressa a retirar os veículos em transgressão. Isto vê-se diariamente nas ruas do território, ficando bem esta postura pedagógica aos agentes da autoridade. Há, no entanto, alguns que parece não compreenderem que a autoridade tem mais de educativo do que punitivo, optando por exercerem o poder que lhes está atribuído como se de semideuses se tratasse, esquecendo-se que ninguém consegue respeito recorrendo a atitudes de força.
Essa postura arrogante e prepotente de alguns agentes, que acaba por denegrir a imagem de toda a corporação, é a que fica na memória das pessoas e especialmente de quem nos visita e presencia cenas tristes como uma que vejo com alguma frequência. Na zona onde resido, assim como em muitas outras da cidade, é usual ver agentes fazerem a identificação de pessoas no meio da rua. Já várias vezes me detive com o simples propósito de os ver a trabalhar, porque considero este «modus operandi» muito«sui generis». Regra geral são grupos de três polícias fardados, conversando animadamente enquanto não encontram alguém a quem lhes «apeteça» pedir a identificação. Digo «apetecer» porque, confesso, não consigo descortinar o critério usado para, aleatoriamente, pedir aos transeuntes que se identifiquem. A verdade é que das vezes que me detive para os ver trabalhar, nunca tive a oportunidade de os ver a identificar qualquer ocidental ou qualquer outra pessoa que aparentasse ser chinês. Sistematicamente mandam parar, muitas vezes com uma arrogância de meter medo até mesmo a quem apenas os vê actuar, cidadãos do sudeste asiático.
Creio não ser por discriminação que o façam, mas não deixo de me interrogar sobre a razão porque não mandam parar outras etnias? Nunca o fizeram comigo, nem com alguém que conheço; contudo, a forma como actuam causa má impressão e deixa uma imagem de discriminação junto das pessoas, especialmente junto dos turistas que muitas vezes assistem a estas cenas.
Compreendo que se devem fazer acções de identificação nas ruas, pois são parte importante do combate à ilegalidade no território, mas fazer estas acções em plena zona de circulação de turistas ou em zonas de grandes aglomeração de pessoas deveria ser evitado, porque causa muito mau aspecto. Ou, a ter de ser feito, que o seja a todos quantos passam pelo local e educadamente.
Um outro caso que presenciei e me deixou perplexo passou-se na Rua do Campo, na paragem do autocarro junto ao edifício da Função Pública. Estavam no local cerca de meia dúzia de pessoas, entre elas duas senhoras de nacionalidade filipina. Eu estava à espera do autocarro e, desde que ali me encontrava, tinha reparado num agente encostado à parede, junto da loja de roupa nas imediações, a falar ao telefone animadamente e a fumar. Durante o tempo de espera pelo autocarro para o meu destino (cerca de 15 minutos devido ao trânsito), muitas pessoas chegaram e partiram. No entanto, o agente apenas decidiu vir pedir a identificação quando essas duas pessoas chegaram e, quando o fez, foi de forma pouco educada e em tom bastante autoritário, de tal forma que as restantes pessoas ali presentes ficaram estupefactas perante tal cena em que as duas senhoras se sentiram completamente embaraçadas. Quando estas se identificaram como residentes permanentes, nem um pedido de desculpa do agente, que entregou os documentos de identificação, virou costas e voltou ao seu «posto de espera» junto do estabelecimento de venda roupa!
Não sei se se trata de uma nova técnica de actuação das autoridades. Mas, se assim é, é caso para dizer que têm mesmo muito a melhorar, pois educação, cortesia e postura são algumas das características que devem estar sempre presentes nos agentes da autoridade que trabalham na rua. A desculpa de que não existem agentes em Macau e que os que são formados o são com muitas limitações não pode servir de desculpa, porque a segurança e bem-estar da população devem vir sempre em primeiro lugar.
Apesar de tudo, e como acredito na boa vontade das autoridades, julgo que estes sejam apenas maus exemplos e não representam a totalidade das Forças de Segurança. Importa, porém, referir que são aspectos a ter em conta, para melhorar, porque basta apenas uma nódoa para o pano ficar sujo.
Na verdade, e sem que se queira desculpar o indesculpável, o veículo estava mal estacionado e merecia ser autuado por isso. No entanto, estando o seu condutor a retirá-lo do local, haveria necessidade do agente o manter no local (chegando mesmo a pedir-lhe que o voltasse a estacionar no mesmo espaço) até que terminasse a tarefa de preencher todos os recibos correspondentes às multas dos veículos transgressores?
A polícia tem todo o direito, e mesmo obrigação, de fazer cumprir a lei. No entanto, e como todos sabemos, a mesma lei é flexível, assim como deveria ser a atitude dos agentes. Felizmente que a maioria dos agentes da autoridade opta por uma postura mais relaxada, deixando seguir (apenas com uma reprimenda ou «ralhete») quem se apressa a retirar os veículos em transgressão. Isto vê-se diariamente nas ruas do território, ficando bem esta postura pedagógica aos agentes da autoridade. Há, no entanto, alguns que parece não compreenderem que a autoridade tem mais de educativo do que punitivo, optando por exercerem o poder que lhes está atribuído como se de semideuses se tratasse, esquecendo-se que ninguém consegue respeito recorrendo a atitudes de força.
Essa postura arrogante e prepotente de alguns agentes, que acaba por denegrir a imagem de toda a corporação, é a que fica na memória das pessoas e especialmente de quem nos visita e presencia cenas tristes como uma que vejo com alguma frequência. Na zona onde resido, assim como em muitas outras da cidade, é usual ver agentes fazerem a identificação de pessoas no meio da rua. Já várias vezes me detive com o simples propósito de os ver a trabalhar, porque considero este «modus operandi» muito«sui generis». Regra geral são grupos de três polícias fardados, conversando animadamente enquanto não encontram alguém a quem lhes «apeteça» pedir a identificação. Digo «apetecer» porque, confesso, não consigo descortinar o critério usado para, aleatoriamente, pedir aos transeuntes que se identifiquem. A verdade é que das vezes que me detive para os ver trabalhar, nunca tive a oportunidade de os ver a identificar qualquer ocidental ou qualquer outra pessoa que aparentasse ser chinês. Sistematicamente mandam parar, muitas vezes com uma arrogância de meter medo até mesmo a quem apenas os vê actuar, cidadãos do sudeste asiático.
Creio não ser por discriminação que o façam, mas não deixo de me interrogar sobre a razão porque não mandam parar outras etnias? Nunca o fizeram comigo, nem com alguém que conheço; contudo, a forma como actuam causa má impressão e deixa uma imagem de discriminação junto das pessoas, especialmente junto dos turistas que muitas vezes assistem a estas cenas.
Compreendo que se devem fazer acções de identificação nas ruas, pois são parte importante do combate à ilegalidade no território, mas fazer estas acções em plena zona de circulação de turistas ou em zonas de grandes aglomeração de pessoas deveria ser evitado, porque causa muito mau aspecto. Ou, a ter de ser feito, que o seja a todos quantos passam pelo local e educadamente.
Um outro caso que presenciei e me deixou perplexo passou-se na Rua do Campo, na paragem do autocarro junto ao edifício da Função Pública. Estavam no local cerca de meia dúzia de pessoas, entre elas duas senhoras de nacionalidade filipina. Eu estava à espera do autocarro e, desde que ali me encontrava, tinha reparado num agente encostado à parede, junto da loja de roupa nas imediações, a falar ao telefone animadamente e a fumar. Durante o tempo de espera pelo autocarro para o meu destino (cerca de 15 minutos devido ao trânsito), muitas pessoas chegaram e partiram. No entanto, o agente apenas decidiu vir pedir a identificação quando essas duas pessoas chegaram e, quando o fez, foi de forma pouco educada e em tom bastante autoritário, de tal forma que as restantes pessoas ali presentes ficaram estupefactas perante tal cena em que as duas senhoras se sentiram completamente embaraçadas. Quando estas se identificaram como residentes permanentes, nem um pedido de desculpa do agente, que entregou os documentos de identificação, virou costas e voltou ao seu «posto de espera» junto do estabelecimento de venda roupa!
Não sei se se trata de uma nova técnica de actuação das autoridades. Mas, se assim é, é caso para dizer que têm mesmo muito a melhorar, pois educação, cortesia e postura são algumas das características que devem estar sempre presentes nos agentes da autoridade que trabalham na rua. A desculpa de que não existem agentes em Macau e que os que são formados o são com muitas limitações não pode servir de desculpa, porque a segurança e bem-estar da população devem vir sempre em primeiro lugar.
Apesar de tudo, e como acredito na boa vontade das autoridades, julgo que estes sejam apenas maus exemplos e não representam a totalidade das Forças de Segurança. Importa, porém, referir que são aspectos a ter em conta, para melhorar, porque basta apenas uma nódoa para o pano ficar sujo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo comentário.
Volte sempre.