O CITY of Dreams está a revelar uma face pouco atraente aos residentes de Macau que não falam chinês, adoptando uma postura discriminatória.
Recentemente, esta empresa promoveu uma «feira de emprego», com o intuito de recrutar trabalhadores locais para os mais diversos departamentos. Afinal, as restrições à importação de mão-de-obra parecem estar a criar problemas de recrutamento a algumas empresas.
Como resultado desta campanha, muitas foram as pessoas de Macau que ali se deslocaram. No entanto, apesar de terem BIR, muitas deram de caras com um tratamento discriminatório e pouco simpático por não falarem chinês.
Sem qualquer pré-inscrição, os interessados apenas tinham de se dirigir ao hotel Grand Hyatt e assistir à sessão de recrutamento.
Depois de ouvir algumas críticas à forma como foram tratados alguns residentes permanentes e não permanente, decidi ver por mim mesmo. Meti-me ao caminho e apresentei-me. A primeira pergunta que me colocaram foi se tinha BIR, ao que respondi afirmativamente, para surpresa – estampada na cara – de quem me questionou. Terá sido, porventura, a primeira vez que viu um português residente permanente de Macau?
De seguida, fui encaminhado, juntamente com outros candidatos, na maioria chineses, para o Salão de Teatro, onde tivemos direito a uns petiscos e bebidas antes da sessão de apresentação. Logo depois desta sessão, fomos encaminhados para a entrevista onde, comprovando aquilo que me tinha sido relatado diversas vezes, me foi dito (sem qualquer pudor nem rodeios) que não contratavam ninguém local que não soubesse chinês!
Sem nunca lhes revelar que a minha presença ali nada tinha a ver com procura de emprego, perguntei a que tipo de vaga poderia eu concorrer, tendo em conta a minha experiência profissional, académica e domínio de línguas, incluindo uma das oficiais, etc. Foi-me respondido que, não dominando chinês, os residentes de Macau poucos trabalhos poderão desempenhar no City of Dreams. Quanto muito, podem, independentemente das qualificações, concorrer a uma vaga de empregado de mesa! Perante isto perguntei como me tratariam, caso me candidatasse a um lugar superior, mas apresentando a minha candidatura como não residente? Responderam que na minha área teriam algumas vagas, especialmente para alguém com experiência na Função Pública do território, conhecimento do funcionamento da máquina administrativa e no campo da Comunicação Social! – Mesmo não sabendo chinês?, perguntei para que não houvesse dúvidas, ao que me foi confirmado que aos não residentes não lhes é pedido que saibam chinês, porque a língua de comunicação dentro da empresa é o idioma inglês!
Empresa tem obrigações sociais
O City of Dreams, como empresa privada, pode fazer o que bem entender e contratar quem bem desejar. No entanto, há obrigações sociais a que a empresa deve obedecer. A contratação de locais, não discriminando com base na etnia, religião e língua, é um desses princípios. Sendo uma empresa a operar em Macau e onde um empresário local assume uma posição de liderança, deveria fazer mais para promover, proteger e fazer cumprir o que está previsto na Lei Básica. Aqui o City of Dreams, Lawrence Ho e seus associados deixam muito a desejar.
Macau não são só chineses. Macau é feito de uma mescla heterogénea de etnias, crenças e línguas, sendo que duas são oficiais e uma terceira é tida como de comunicação aceite por todos. A não aceitação de candidaturas por pessoas que não dominem chinês, para posições onde este não é obrigatoriamente necessário, é uma discriminação e deve ser repudiada por todos, por muito que os responsáveis tentem disfarçar dizendo que a situação não é assim tão linear.
Compreende-se que, para certas posições, seja necessário falar chinês, mas para outras, visto trabalhar-se num ambiente internacional, o domínio do chinês de nada adianta porque a língua de comunicação será sempre o inglês, tal como me foi dito por funcionários da empresa. Mas mesmo que argumentem que é necessário o domínio do cantonense, como justificam que tal não o seja para quem é recrutado no exterior? Não será esse requisito uma forma de discriminação dos residentes de Macau que não falam este idioma?
Em Macau, de acordo com a Lei Básica, somos todos iguais, falando ou não as línguas oficiais do território. Nenhum tipo de discriminação pode ser feito quando se concorre a um local de trabalho, baseada na questão da língua, religião ou etnia. A não ser que a referida posição exija, sem margens para dúvidas, que seja necessário o recurso à língua em questão.
Até quando vai o Governo deixar estas injustiças serem praticadas contra os residentes? Para o constatar basta requerer a lista dos trabalhadores contratados e ver quantos não falam cantonense…
Recentemente, esta empresa promoveu uma «feira de emprego», com o intuito de recrutar trabalhadores locais para os mais diversos departamentos. Afinal, as restrições à importação de mão-de-obra parecem estar a criar problemas de recrutamento a algumas empresas.
Como resultado desta campanha, muitas foram as pessoas de Macau que ali se deslocaram. No entanto, apesar de terem BIR, muitas deram de caras com um tratamento discriminatório e pouco simpático por não falarem chinês.
Sem qualquer pré-inscrição, os interessados apenas tinham de se dirigir ao hotel Grand Hyatt e assistir à sessão de recrutamento.
Depois de ouvir algumas críticas à forma como foram tratados alguns residentes permanentes e não permanente, decidi ver por mim mesmo. Meti-me ao caminho e apresentei-me. A primeira pergunta que me colocaram foi se tinha BIR, ao que respondi afirmativamente, para surpresa – estampada na cara – de quem me questionou. Terá sido, porventura, a primeira vez que viu um português residente permanente de Macau?
De seguida, fui encaminhado, juntamente com outros candidatos, na maioria chineses, para o Salão de Teatro, onde tivemos direito a uns petiscos e bebidas antes da sessão de apresentação. Logo depois desta sessão, fomos encaminhados para a entrevista onde, comprovando aquilo que me tinha sido relatado diversas vezes, me foi dito (sem qualquer pudor nem rodeios) que não contratavam ninguém local que não soubesse chinês!
Sem nunca lhes revelar que a minha presença ali nada tinha a ver com procura de emprego, perguntei a que tipo de vaga poderia eu concorrer, tendo em conta a minha experiência profissional, académica e domínio de línguas, incluindo uma das oficiais, etc. Foi-me respondido que, não dominando chinês, os residentes de Macau poucos trabalhos poderão desempenhar no City of Dreams. Quanto muito, podem, independentemente das qualificações, concorrer a uma vaga de empregado de mesa! Perante isto perguntei como me tratariam, caso me candidatasse a um lugar superior, mas apresentando a minha candidatura como não residente? Responderam que na minha área teriam algumas vagas, especialmente para alguém com experiência na Função Pública do território, conhecimento do funcionamento da máquina administrativa e no campo da Comunicação Social! – Mesmo não sabendo chinês?, perguntei para que não houvesse dúvidas, ao que me foi confirmado que aos não residentes não lhes é pedido que saibam chinês, porque a língua de comunicação dentro da empresa é o idioma inglês!
Empresa tem obrigações sociais
O City of Dreams, como empresa privada, pode fazer o que bem entender e contratar quem bem desejar. No entanto, há obrigações sociais a que a empresa deve obedecer. A contratação de locais, não discriminando com base na etnia, religião e língua, é um desses princípios. Sendo uma empresa a operar em Macau e onde um empresário local assume uma posição de liderança, deveria fazer mais para promover, proteger e fazer cumprir o que está previsto na Lei Básica. Aqui o City of Dreams, Lawrence Ho e seus associados deixam muito a desejar.
Macau não são só chineses. Macau é feito de uma mescla heterogénea de etnias, crenças e línguas, sendo que duas são oficiais e uma terceira é tida como de comunicação aceite por todos. A não aceitação de candidaturas por pessoas que não dominem chinês, para posições onde este não é obrigatoriamente necessário, é uma discriminação e deve ser repudiada por todos, por muito que os responsáveis tentem disfarçar dizendo que a situação não é assim tão linear.
Compreende-se que, para certas posições, seja necessário falar chinês, mas para outras, visto trabalhar-se num ambiente internacional, o domínio do chinês de nada adianta porque a língua de comunicação será sempre o inglês, tal como me foi dito por funcionários da empresa. Mas mesmo que argumentem que é necessário o domínio do cantonense, como justificam que tal não o seja para quem é recrutado no exterior? Não será esse requisito uma forma de discriminação dos residentes de Macau que não falam este idioma?
Em Macau, de acordo com a Lei Básica, somos todos iguais, falando ou não as línguas oficiais do território. Nenhum tipo de discriminação pode ser feito quando se concorre a um local de trabalho, baseada na questão da língua, religião ou etnia. A não ser que a referida posição exija, sem margens para dúvidas, que seja necessário o recurso à língua em questão.
Até quando vai o Governo deixar estas injustiças serem praticadas contra os residentes? Para o constatar basta requerer a lista dos trabalhadores contratados e ver quantos não falam cantonense…
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo comentário.
Volte sempre.