FALA-SE constantemente da necessidade de poupar água, mas raramente se vai ao âmago da questão. Quantas pessoas sabem qual é o consumo de água feito pela população de Macau? Qual é o sector de Macau que mais água consome?
Por muitas campanhas que se façam, por muito que se tente explicar à população o quão é «moderno» poupar água, ou porque está «na moda» preocuparmo-nos com o ambiente, a verdade é que, se não atirarmos com os números frios e crus à cara das pessoas, as consciências continuam tão impávidas e serenas como se nada soubessem.
É da natureza humana não nos preocuparmos com esses pequenos pormenores. Todos pensam que fazemos o suficiente e que cabe ao «governo» fazer mais, sempre e cada vez mais. A verdade é que, se olharmos para os números mais recentes do consumo desse bem essencial à vida, – a água, – podemos muito bem mudar de opinião.
Torna-se enfadonho falar de cifras num texto desta natureza, pelo que vou tentar manter a sua citação ao mínimo.
Em 2008 consumiram-se 67 460 000 metros cúbicos de água em Macau. Só para se ter uma ideia de quanta água isto significa, digo-vos que servia para encher quase 45 mil milhões de garrafas de litro e meio (cerca de oito mil garrafas para cada residente de Macau), ou para encher mais de 21 mil piscinas olímpicas (para quem não saiba, uma piscina olímpica leva ou pode conter 3.125.001 litros).
Destes números, o consumo em nossa casa assume a maior fatia, quase 47 por cento do total (ou seja, 9.840 piscinas); o consumo comercial daria para encher apenas 8.137 piscinas (38.75 por cento), enquanto que o industrial não chega a 8.5 por cento (1,733 piscinas olímpicas) e o institucional é pouco mais de seis por cento (1.288 piscinas).
Estes números mostram-nos que muito ainda há a fazer no que diz respeito à poupança de água em nossas casas. O consumo doméstico é igual ao de todo o sector profissional do território. Só por si, este número diz tudo.
Quando a população residente, que não ultrapassa os 600 mil habitantes, consegue consumir mais água que todos os hotéis, indústrias, restaurantes e similares, algo de muito errado se passa com as preocupações ambientais dos residentes. Não basta andarmos a apregoar que nos preocupamos com o ambiente;l é necessário acção e, se tal não resultar com campanhas de sensibilização, há que recorrer a métodos mais persuasivos. Nada melhor do que criar tarifas mais caras e que penalizem quem mais consuma, a nível doméstico. A par, claro está, de outras tarifas que incentivem a poupança, dando benefícios a quem, por seu lado, faça um esforço para reduzir o seu consumo.
Esclarecimento sobre termómetros laser
No seguimento do artigo da passada semana, em que referia não ter recebido nenhuma explicação oficial acerca da utilização das pistolas «laser» em Macau, quero dizer que o Centro para o Controlo e Prevenção de Doença (CDC) enviou uma mensagem (recebida na minha caixa do correio no dia 9 de Julho às 16:19 horas), mas que não foi possível incluí-la no artigo. Pelo que aproveito agora para a referir. O CDC (sigla inglesa), numa mensagem completamente redigida em inglês e não numa das línguas oficiais de Macau, refuta todas as informações avançadas, adiantando que em Macau os Serviços de Saúde utilizam aparelhos autorizados e que são qualificados pelo US FDA (autoridade americana) como sendo «Class II General Hospital and Personal Use Devices». Pelo que, – e cito na íntegra e na língua original – «The Health Bureau uses products for measurement of human body temperature according to manufacturer's instruction, and the practice has been completely safe and satisfactory for years» (em tradução não-oficial, isto significa: Os Serviços de Saúde utilizam instrumentos de medição de temperatura em humanos de acordo com as especificações dos fabricantes e a prática tem sido completamente segura e com resultados satisfatórios há vários anos).
Tenho a dizer que, primeiro, nem no artigo nem na mensagem enviada às autoridades governamentais foi referido que se tratava dos medidores de temperatura dos Serviços de Saúde. Aliás, nos SS sempre que nos medem a temperatura utilizam termómetros «laser» de ouvido. O que está em questão no artigo publicado são as pistolas que se vêem na fotografia do artigo da semana passada e podem ser encontradas em muitos locais em Macau. Essas pistolas, tanto quando foi referido por especialistas de Hong Kong e dos Estados Unidos, não são indicadas para uso humano, mas podem ser usadas. O que estará em questão é, primeiro, o facto de serem um risco quando manuseadas por pessoas não qualificadas; segundo, porque não são fiáveis quando controlam temperatura humana, porque só medem à superfície.
Relativamente às pistolas que referi, o CDC diz não ter nada a ver com o assunto porque, tanto quanto se percebe na missiva em inglês, apenas se responsabiliza pelos Serviços de Saúde!
No entanto, no decorrer da mensagem electrónica aproveita para citar alguns cuidados, de acordo com regulamentação de Hong Kong. Diz que devemos «assegurar que informação suficiente e explicativa deve estar visível no instrumento. E, caso o tamanho deste não o permita, uma etiqueta terá de ser incluída na caixa ou na documentação».
Ficamos assim a saber que o CDC não se responsabiliza pelo que é usado noutros departamentos governamentais e que as pistolas devem ter etiquetas de aviso sobre os seus perigos e formas de usar. Fica, no entanto, a pergunta no ar, sem se saber quem controla e autoriza os medidores de temperatura que grassam por Macau.
Quero aproveitar o esclarecimento do SS, mas também deixar o reparo para que usem as línguas oficiais e enviem a informação em tempo útil, para que possamos, dessa forma, a disponibilizá-la aos nossos leitores.
Os contactos posteriores à primeira resposta foram muito expeditos, refira-se!
Por muitas campanhas que se façam, por muito que se tente explicar à população o quão é «moderno» poupar água, ou porque está «na moda» preocuparmo-nos com o ambiente, a verdade é que, se não atirarmos com os números frios e crus à cara das pessoas, as consciências continuam tão impávidas e serenas como se nada soubessem.
É da natureza humana não nos preocuparmos com esses pequenos pormenores. Todos pensam que fazemos o suficiente e que cabe ao «governo» fazer mais, sempre e cada vez mais. A verdade é que, se olharmos para os números mais recentes do consumo desse bem essencial à vida, – a água, – podemos muito bem mudar de opinião.
Torna-se enfadonho falar de cifras num texto desta natureza, pelo que vou tentar manter a sua citação ao mínimo.
Em 2008 consumiram-se 67 460 000 metros cúbicos de água em Macau. Só para se ter uma ideia de quanta água isto significa, digo-vos que servia para encher quase 45 mil milhões de garrafas de litro e meio (cerca de oito mil garrafas para cada residente de Macau), ou para encher mais de 21 mil piscinas olímpicas (para quem não saiba, uma piscina olímpica leva ou pode conter 3.125.001 litros).
Destes números, o consumo em nossa casa assume a maior fatia, quase 47 por cento do total (ou seja, 9.840 piscinas); o consumo comercial daria para encher apenas 8.137 piscinas (38.75 por cento), enquanto que o industrial não chega a 8.5 por cento (1,733 piscinas olímpicas) e o institucional é pouco mais de seis por cento (1.288 piscinas).
Estes números mostram-nos que muito ainda há a fazer no que diz respeito à poupança de água em nossas casas. O consumo doméstico é igual ao de todo o sector profissional do território. Só por si, este número diz tudo.
Quando a população residente, que não ultrapassa os 600 mil habitantes, consegue consumir mais água que todos os hotéis, indústrias, restaurantes e similares, algo de muito errado se passa com as preocupações ambientais dos residentes. Não basta andarmos a apregoar que nos preocupamos com o ambiente;l é necessário acção e, se tal não resultar com campanhas de sensibilização, há que recorrer a métodos mais persuasivos. Nada melhor do que criar tarifas mais caras e que penalizem quem mais consuma, a nível doméstico. A par, claro está, de outras tarifas que incentivem a poupança, dando benefícios a quem, por seu lado, faça um esforço para reduzir o seu consumo.
Esclarecimento sobre termómetros laser
No seguimento do artigo da passada semana, em que referia não ter recebido nenhuma explicação oficial acerca da utilização das pistolas «laser» em Macau, quero dizer que o Centro para o Controlo e Prevenção de Doença (CDC) enviou uma mensagem (recebida na minha caixa do correio no dia 9 de Julho às 16:19 horas), mas que não foi possível incluí-la no artigo. Pelo que aproveito agora para a referir. O CDC (sigla inglesa), numa mensagem completamente redigida em inglês e não numa das línguas oficiais de Macau, refuta todas as informações avançadas, adiantando que em Macau os Serviços de Saúde utilizam aparelhos autorizados e que são qualificados pelo US FDA (autoridade americana) como sendo «Class II General Hospital and Personal Use Devices». Pelo que, – e cito na íntegra e na língua original – «The Health Bureau uses products for measurement of human body temperature according to manufacturer's instruction, and the practice has been completely safe and satisfactory for years» (em tradução não-oficial, isto significa: Os Serviços de Saúde utilizam instrumentos de medição de temperatura em humanos de acordo com as especificações dos fabricantes e a prática tem sido completamente segura e com resultados satisfatórios há vários anos).
Tenho a dizer que, primeiro, nem no artigo nem na mensagem enviada às autoridades governamentais foi referido que se tratava dos medidores de temperatura dos Serviços de Saúde. Aliás, nos SS sempre que nos medem a temperatura utilizam termómetros «laser» de ouvido. O que está em questão no artigo publicado são as pistolas que se vêem na fotografia do artigo da semana passada e podem ser encontradas em muitos locais em Macau. Essas pistolas, tanto quando foi referido por especialistas de Hong Kong e dos Estados Unidos, não são indicadas para uso humano, mas podem ser usadas. O que estará em questão é, primeiro, o facto de serem um risco quando manuseadas por pessoas não qualificadas; segundo, porque não são fiáveis quando controlam temperatura humana, porque só medem à superfície.
Relativamente às pistolas que referi, o CDC diz não ter nada a ver com o assunto porque, tanto quanto se percebe na missiva em inglês, apenas se responsabiliza pelos Serviços de Saúde!
No entanto, no decorrer da mensagem electrónica aproveita para citar alguns cuidados, de acordo com regulamentação de Hong Kong. Diz que devemos «assegurar que informação suficiente e explicativa deve estar visível no instrumento. E, caso o tamanho deste não o permita, uma etiqueta terá de ser incluída na caixa ou na documentação».
Ficamos assim a saber que o CDC não se responsabiliza pelo que é usado noutros departamentos governamentais e que as pistolas devem ter etiquetas de aviso sobre os seus perigos e formas de usar. Fica, no entanto, a pergunta no ar, sem se saber quem controla e autoriza os medidores de temperatura que grassam por Macau.
Quero aproveitar o esclarecimento do SS, mas também deixar o reparo para que usem as línguas oficiais e enviem a informação em tempo útil, para que possamos, dessa forma, a disponibilizá-la aos nossos leitores.
Os contactos posteriores à primeira resposta foram muito expeditos, refira-se!
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