MUITO se tem escrito e falado sobre a Internet em Macau. Há muito que se exige a liberalização do mercado, tendo recentemente a TV Cabo Macau visto o seu pedido de fornecimento do sinal de Internet, através da sua rede de fibra óptica, sido recusado pela entidade competente por ir contra os princípios do contrato que tem com o Governo. No entanto, isto para a população soou mais como uma defesa descarada do monopólio da CTM, no que diz respeito à Internet, do que propriamente um problema contratual. Estes podem ser sempre emendados, se houver vontade de todas as partes envolvidas e se isso trouxer benefícios para a população. Sempre fui apologista de diferentes ofertas no mercado para que os clientes possam escolher o que mais lhes convém e lhes traga mais benefícios. Olhe-se para o exemplo das telecomunicações móveis e para a melhoria que registou após a sua liberalização. O processo trouxe valor acrescentado para todos e benefícios para o mercado, algo que não acontecia durante o período de monopólio. Preços mais baixos, mais serviços e melhor qualidade no geral. O mesmo se regista com a Internet: enquanto o mercado não for aberto, continuaremos a ser obrigados a usar o único servidor da CTM e a ouvir as mais descaradas desculpas dos seus directores. A última, se bem se lembram, foi dizerem que a Internet era lenta porque nós a usamos muito e visitamos muitos «websites» de filmes!!! Dá vontade de rir, não é? Ainda para mais quando pagamos um dos preços mais altos do mundo para uma qualidade de terceiro mundo. Então de que serve a Internet, se o cliente não pode navegar por onde lhe apetece? Afinal, tanto quanto sei, ainda não estamos por detrás da «Great Wall» da China... Infelizmente, nada se pode fazer, e enquanto o Governo não decidir mudar de posição e abrir o mercado à concorrência, somos obrigados a «comer e calar». A não ser que sejamos directores de serviços no Governo! Porque, pelo que veio a público recentemente, nesse caso podemos pedir Internet de fibra óptica para a nossa residência e mandar a conta para o Governo, sob a desculpa de que trazemos trabalho para fazer em casa. Não sou director nem coisa que se pareça mas, certamente, faço mais trabalho em casa do que o meu próprio chefe. Será que também posso pedir ao Governo para me pagar Internet de fibra óptica, advogando que o trabalho tem que ser feito com celeridade e que para tal tenho de ter uma ligação rápida? É que tenho apenas «broadband» e gostava de ter a versão mais rápida lá em casa para conseguir enviar os trabalhos mais depressa. É que às vezes só para fazer o «upload» de um simples ficheiro de «Word» demoro quase 15 minutos. A velocidade, claro, vem a um preço que, infelizmente com o ordenado que me pagam e com os aumentos que apenas reduzem a capacidade de compra, não posso suportar. Mas como trago sempre trabalho para casa vou, sinceramente, pensar em expor a minha situação ao Governo apelando à igualdade de tratamento de todos os funcionários. Mas além de se levantarem questões do foro legal, ligadas ao facto de o Governo estar a pagar por ligações à Internet em casas particulares, mesmo sendo estas para trabalhos do Governo, há outras questões por responder. Será que essas ligações à Internet são só usadas para trabalhos do Governo estando elas instaladas em casas privadas? Ou será como os carros de serviço, que servem para tudo, desde levar o miúdo à escola até à senhora à manicura? O deputado José Pereira Coutinho comentou a problemática e insinuou que seria apenas a ponta do «iceberg», exaltando o Comissariado Contra a Corrupção a investigar a fundo o que foi tornado público. Isso é algo que eu também gostaria de ver esclarecido mas, pelo que sabemos de Macau, não me parece que vá acontecer. Se calhar até o Comissário tem Internet paga em casa e ainda ninguém sabe! Mas, como disse, gostaria de ver o assunto resolvido porque, como disse no início do artigo, sou parte envolvida. Quero estar em posse de todos os argumentos para ser capaz de redigir bem a minha requisição de Internet de fibra óptica para casa. Tudo, claro, em prol da celeridade dos trabalhos do Governo. Estamos mesmo em Macau, local onde o erário público dá para tudo, enquanto parte da população passa fome e outra parte não tem onde viver condignamente. |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Também quero Internet de borla
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