JÁ deixei de fumar a tempo inteiro há alguns anos; no entanto, ainda considero que as leis antitabaco são uma afronta à liberdade de cada um. Se proíbem as pessoas de fumar em locais abertos, como parques e jardins, porque não proíbem também de respirar ou de comer ou de andar?
São princípios que nunca irei entender nem nunca irei aceitar, sendo ou não fumador. Sempre me ensinaram que cada um deve tomar as opções livremente. Assim como eu decidi cortar no tabaco, de livre vontade, e assim como fumo sempre que me apetece também, o Governo não tem nenhuma autoridade de forçar os fumadores a serem marginalizados perante o resto da sociedade. Além do mais, o Governo de Macau nem sequer é eleito universalmente; logo, não representa a totalidade da população, nem tem o mandato legitimado popularmente. Mas, mesmo sendo eleito com todos os direitos, continua a não ter essa autoridade.
Quanto a não se fumar em locais fechados durante as horas de expediente, ou nos hospitais, escolas, etc., concordo completamente. Aliás, isto não será uma mera lei, mas sim educação e formação cívica das pessoas. Mesmo quando era fumador, tinha em atenção não incomodar com o meu fumo. Muitas vezes, mesmo em locais abertos, perguntei a quem estava ao meu lado se não incomodaria com o fumo.
Se concordo com as medidas para locais púbicos interiores, por outro lado, discordo totalmente que nos bares, restaurantes e discotecas não se possa fumar. Nestes locais, considero que se deveria manter uma postura mais aberta e implementar – porque não? – um horário. Por exemplo, até às dez da noite ser proibido fumar, sendo que, após este horário, quem quiser fumar não teria de se deslocar à rua.
Afinal, a lei tem como objectivo proteger a saúde da população. Portanto, para se ter uma vida saudável, nada melhor do que deitar cedo e deixar quem quer viver uma vida desregrada, fumar e beber, descansado depois das dez da noite. Aliás, no caso dos bares e discotecas, só lá vai quem quer e, se o fumo incomoda, fiquem em casa ou na rua. Nestes casos, tenho impressão que o álcool e o ruído da música devem fazer mais mal do que o fumo!
Outro aspecto desta lei draconiana que me chamou à atenção foi a sua promoção, especialmente os painéis que se vêm por toda a cidade. Aparecem dois elementos, um feminino e um masculino. Bem parecidos, diga-se! Mas com uma cara de poucos amigos! Será que tentam intimidar pela expressão facial, ou fui eu que não entendi a mensagem subliminar?
Cresci a pensar que o papel da autoridade, antes de mais, é ser pedagógica e educativa, antes de enveredar por medidas punitivas e repressão.
Cada vez que passo pelos ditos painéis publicitários, acabo com um sorriso na cara, porque não consigo entender o que pretendem com aquelas caras de sério que mais parecem de palhaços mal representados. Parecem dois meninos do coro a tentar fazer cara de mau!
Mas, diga-se, não devo ser o único a achar piada à criatividade, porque tenho visto muitos turistas a tirar fotografias à dita campanha. Aliás, alguns amigos meus que vieram de visita a Macau perguntaram-me qual era a razão da cara de zangado dos dois protagonistas!
Será tempo dos Serviços de Saúde, que contam com uma grande equipa de falantes de Português e grandes especialistas em comunicação, fazerem campanhas a sério. Já basta o facto da lei ser piadética; não é preciso fazerem publicidades a roçar o ridículo, porque, se assim for, perde toda a piada e o objectivo principal fica diluído na mensagem indecifrável.
A lei antitabaco já é, por si, razão de chacota e de riso, pelo que não é necessária mais promoção para que fique mais caricata. Se a querem implementar e fazer com que as pessoas, mesmo assim, a respeitem, usem métodos educativos e o charme do sorriso. Irá, certamente, resultar melhor do que as caras de poucos amigos!
Ainda outro aparte. Se é proibido fumar em locais públicos abertos, e os autocolantes foram colocados em todo o lado, por que razão se continua a fumar à saída do Terminal do Porto Exterior? Os caixotes do lixo, com os cinzeiros tapados com os ditos autocolantes, mais parecem depósitos de «beatas» e ninguém parece notar! Um bonito cartaz turístico e um exemplo mais do que perfeito da boa implementação da lei!
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