RECENTEMENTE tem-se falado das reformas políticas no território, ouvindo os dois lados da barricada a advogarem as suas diferentes posições: uns – os que se opõem a qualquer reforma nesse sentido, – dizendo que a RAEM não estará ainda preparada; outros, os defensores da introdução de medidas democráticas, dizendo que já é mais do que tempo para avançar com as medidas previstas de reforma.
Pessoalmente, tenho uma visão relativamente à democracia em Macau e na Ásia que deverá interessar a poucos, pois não creio que ela possa funcionar nos moldes em que é concebida no mundo ocidental. Sendo a democracia a voz da população, gostaria de salientar, no entanto, um recente avanço numa polémica que, há já algum tempo, se arrastava.
Lembram-se, certamente, de ter visto nas páginas dos jornais o conflito entre os moradores da zona da Calçada das Verdades, no centro da cidade, e a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Tráfego, relativamente ao estacionamento ilegal em toda aquela área. A troca de galhardetes arrastou-se por meses, com várias decisões tomadas à revelia pelas autoridades e os moradores a manterem sempre firme a sua posição.
Primeiro, reinava uma total anarquia, com motorizadas e carros estacionados em todo o lado, impedindo mesmo alguns moradores de abrir as portas dos próprios apartamentos do rés-do-chão. Depois, os serviços competentes, após várias queixas, decidiram criar locais de estacionamento demarcados. Mas de pouco serviram porque, como se pode ver um pouco por toda a cidade, tais demarcações não são respeitadas, e as autoridades nada fazem para corrigir a situação. Para o confirmar, basta referir, por exemplo, o que se verifica nas traseiras do Consulado Geral de Portugal, vendo as motorizadas ali estacionadas, ao lado de uma das caixas de ponto da polícia, sem que tenham uma única multa.
O arrastar do problema das Verdades, com o constante perigo para a saúde, e com os moradores a continuarem com as suas queixas, não deixou outra opção às autoridades competentes que não fosse ir ouvir o que tinham para dizer e sentar-se à mesa.
As reuniões com os moradores e seus representantes repetiram-se por diversas vezes, com os residentes no local a insistir que as ruas deveriam ser fechadas ao trânsito motorizado, deixando sempre a quem ali vive a possibilidade de estacionar, como sempre fizeram.
Em Macau fazem-se auscultações para tudo e para nada. O que acontece, porém, como criticam os nossos representantes na Assembleia Legislativa, é que as opiniões da população acabam sempre por cair em saco roto, sendo as verbas despendidas no processo auscultativo um desperdício de dinheiros públicos.
Desta vez, ainda assim, parece que o Governo foi mesmo ao encontro daquilo que os moradores sempre pediram, tendo ficado a primeira, a segunda e a terceira ruas com trânsito completamente proibido, e a quarta com trânsito condicionado a moradores.
Os condutores ainda não se habituaram à ideia, como pude verificar num destes dias, quando por ali passei e vi um agente da autoridade a multar algumas motorizadas estacionadas ilegalmente. Noto que a situação melhorou muito, quando comparada com o que se passava há algumas semanas. Os residentes da zona agradecem a melhoria da qualidade de vida.
A pergunta que fica, e que muitos fazem, é esta: por que razão os responsáveis levaram tanto tempo a decidir o que os moradores sempre pediram? E, por outro lado, por que razão o Governo não actua sempre da mesma forma? Se neste caso ouviram as pessoas envolvidas e foram ao encontro dos seus anseios, por que não aplicam a mesma fórmula noutros casos? Será que tem que se deixar a impressão de haver dois pesos e duas medidas, consoante a área da cidade ou o problema que se tem de resolver?
Certamente, se a postura fosse sempre a mesma, constante e clara, os moradores não teriam tantas razões de queixa, relativamente às decisões tomadas pelos governantes.
Não há dúvida que dar voz à população é a melhor forma de democracia que se pode pedir.
Pessoalmente, tenho uma visão relativamente à democracia em Macau e na Ásia que deverá interessar a poucos, pois não creio que ela possa funcionar nos moldes em que é concebida no mundo ocidental. Sendo a democracia a voz da população, gostaria de salientar, no entanto, um recente avanço numa polémica que, há já algum tempo, se arrastava.
Lembram-se, certamente, de ter visto nas páginas dos jornais o conflito entre os moradores da zona da Calçada das Verdades, no centro da cidade, e a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Tráfego, relativamente ao estacionamento ilegal em toda aquela área. A troca de galhardetes arrastou-se por meses, com várias decisões tomadas à revelia pelas autoridades e os moradores a manterem sempre firme a sua posição.
Primeiro, reinava uma total anarquia, com motorizadas e carros estacionados em todo o lado, impedindo mesmo alguns moradores de abrir as portas dos próprios apartamentos do rés-do-chão. Depois, os serviços competentes, após várias queixas, decidiram criar locais de estacionamento demarcados. Mas de pouco serviram porque, como se pode ver um pouco por toda a cidade, tais demarcações não são respeitadas, e as autoridades nada fazem para corrigir a situação. Para o confirmar, basta referir, por exemplo, o que se verifica nas traseiras do Consulado Geral de Portugal, vendo as motorizadas ali estacionadas, ao lado de uma das caixas de ponto da polícia, sem que tenham uma única multa.
O arrastar do problema das Verdades, com o constante perigo para a saúde, e com os moradores a continuarem com as suas queixas, não deixou outra opção às autoridades competentes que não fosse ir ouvir o que tinham para dizer e sentar-se à mesa.
As reuniões com os moradores e seus representantes repetiram-se por diversas vezes, com os residentes no local a insistir que as ruas deveriam ser fechadas ao trânsito motorizado, deixando sempre a quem ali vive a possibilidade de estacionar, como sempre fizeram.
Em Macau fazem-se auscultações para tudo e para nada. O que acontece, porém, como criticam os nossos representantes na Assembleia Legislativa, é que as opiniões da população acabam sempre por cair em saco roto, sendo as verbas despendidas no processo auscultativo um desperdício de dinheiros públicos.
Desta vez, ainda assim, parece que o Governo foi mesmo ao encontro daquilo que os moradores sempre pediram, tendo ficado a primeira, a segunda e a terceira ruas com trânsito completamente proibido, e a quarta com trânsito condicionado a moradores.
Os condutores ainda não se habituaram à ideia, como pude verificar num destes dias, quando por ali passei e vi um agente da autoridade a multar algumas motorizadas estacionadas ilegalmente. Noto que a situação melhorou muito, quando comparada com o que se passava há algumas semanas. Os residentes da zona agradecem a melhoria da qualidade de vida.
A pergunta que fica, e que muitos fazem, é esta: por que razão os responsáveis levaram tanto tempo a decidir o que os moradores sempre pediram? E, por outro lado, por que razão o Governo não actua sempre da mesma forma? Se neste caso ouviram as pessoas envolvidas e foram ao encontro dos seus anseios, por que não aplicam a mesma fórmula noutros casos? Será que tem que se deixar a impressão de haver dois pesos e duas medidas, consoante a área da cidade ou o problema que se tem de resolver?
Certamente, se a postura fosse sempre a mesma, constante e clara, os moradores não teriam tantas razões de queixa, relativamente às decisões tomadas pelos governantes.
Não há dúvida que dar voz à população é a melhor forma de democracia que se pode pedir.
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