TERÁ passado quase despercebido para a maioria das pessoas, mas, como já vem sendo tradição há vários anos, realiza-se na última noite do ano uma corrida de São Silvestre. O fim de ano de 2009 não fugiu à regra, o que, só por si, não seria motivo suficiente para ser aqui referido. Acontece que, como foi possível ver nas imagens televisivas e fotográficas difundidas nos dias seguintes, a língua oficial, o Português, foi completamente esquecido no evento.
Não seria de admirar, nem motivo para nos insurgirmos, caso tal actividade fosse organizada por uma qualquer instituição privada. Infelizmente, a lei de Macau já não contempla a obrigatoriedade do uso das duas línguas oficiais por todas as instituições do território. Tal dá origem a que tudo quanto é empresa privada ignore em absoluto, e sem qualquer escrúpulo, o uso do Português. Com total desrespeito, tal acontece, muitas vezes, em detrimento da língua inglesa, a coberto da desculpa de que esta é a língua de comunicação entre as várias comunidades em Macau, e acabando por repudiar as centenas de anos de história do território. E, como já estamos habituados, ninguém se mexe para resolver o problema. Gostaria de saber o que aconteceria em Hong Kong, se o Governo negligenciasse o inglês!
Neste caso, sendo uma actividade organizada pelo Instituto do Desporto, tutela do Governo, deveria ter havido mais cuidado com a inclusão da língua portuguesa. Que mais não fosse, porque havia atletas de língua lusa! Ou porque sendo «organizado» pelo Governo, ou seja, com dinheiros públicos, deveria ser aplicada a regra da obrigatoriedade das duas línguas oficiais, que constam na Lei Básica.
É já uma tradição dos primeiros dez anos da RAEM o constante atropelo da língua portuguesa. Mesmo em acontecimentos oficiais, tem sido esquecida inúmeras vezes. Aqui vamos, de vez em quando, dando voz a estes incidentes. Nem sempre se obtêm os resultados pretendidos, no entanto, cabe à comunidade defender os seus próprios interesses. Se tal não fizermos, estes apelos e gritos de indignação caem em saco-roto.
Estranho caso do BNU
Mais que uma vez já aqui escrevemos sobre o tratamento que as diversas instituições de Macau dão aos seus utentes e clientes. Lembram-se ainda, certamente, do caso que aqui referi sobre uma promoção do Banco Nacional Ultramarino/American Express, na qual se oferecia, a preço promocional, um computador portátil. A início só havia versões em chinês! Depois de muita troca de correspondência com um cliente, finalmente apareceram as versões em inglês! Entregues em Macau na sede do banco!
Agora volto ao BNU, que nos brinda com mais uma promoção do género: viagens turísticas, sendo o parceiro a Visa International. Acontece que, desta vez, o cliente ainda não se deu ao trabalho de contactar a Caixa Geral de Depósitos em Portugal acerca do assunto.
A resposta do BNU foi peremptória: «(…) O BNU não tem interferência directa nas promoções em causa, que são negociadas pela Visa International com Agências de Viagem e, posteriormente, colocadas à disposição dos bancos emissores de cartões de crédito. Nem o conteúdo, nem o “layout” do material publicitário podem ser alterados».
No entanto, – perante a evidência da referência do banco, que leva os clientes a consultar a promoção, estar em Português («Os pacotes que a Visa lhe oferece em colaboração com agências de viagem são irresistíveis. Para informações detalhadas clique aqui, por favor»), – um email da instituição diz que, pelo facto de «(…) na frase através da qual se pode aceder aos pacotes em causa não ser referida a necessidade de contactar as agências de viagem para informações pormenorizadas, teremos este aspecto em consideração em futuras promoções».
O caso dos computadores foi resolvido, mesmo não tendo o BNU «interferência directa nas promoções», logo que Lisboa tomou conhecimento do assunto. Já neste caso, sacodem a água do capote, atirando as responsabilidades para a VISA International.
Sendo o BNU um banco detido pelo Governo português e sendo o Português uma das línguas oficiais de Macau, não seria pedir muito que, pelo menos, interferissem um pouco naquilo que oferecem aos clientes. Afinal, somos todos iguais, ou não? Se os vossos parceiros não vos oferecem garantias de tratamento igual com todos os vossos clientes, será mais aconselhável que eles deixem de o ser, caso o banco não queira assumir a responsabilidade de ter de tratar da informação, de modo que todos os seus clientes sejam tratados de forma correcta.
Não seria de admirar, nem motivo para nos insurgirmos, caso tal actividade fosse organizada por uma qualquer instituição privada. Infelizmente, a lei de Macau já não contempla a obrigatoriedade do uso das duas línguas oficiais por todas as instituições do território. Tal dá origem a que tudo quanto é empresa privada ignore em absoluto, e sem qualquer escrúpulo, o uso do Português. Com total desrespeito, tal acontece, muitas vezes, em detrimento da língua inglesa, a coberto da desculpa de que esta é a língua de comunicação entre as várias comunidades em Macau, e acabando por repudiar as centenas de anos de história do território. E, como já estamos habituados, ninguém se mexe para resolver o problema. Gostaria de saber o que aconteceria em Hong Kong, se o Governo negligenciasse o inglês!
Neste caso, sendo uma actividade organizada pelo Instituto do Desporto, tutela do Governo, deveria ter havido mais cuidado com a inclusão da língua portuguesa. Que mais não fosse, porque havia atletas de língua lusa! Ou porque sendo «organizado» pelo Governo, ou seja, com dinheiros públicos, deveria ser aplicada a regra da obrigatoriedade das duas línguas oficiais, que constam na Lei Básica.
É já uma tradição dos primeiros dez anos da RAEM o constante atropelo da língua portuguesa. Mesmo em acontecimentos oficiais, tem sido esquecida inúmeras vezes. Aqui vamos, de vez em quando, dando voz a estes incidentes. Nem sempre se obtêm os resultados pretendidos, no entanto, cabe à comunidade defender os seus próprios interesses. Se tal não fizermos, estes apelos e gritos de indignação caem em saco-roto.
Estranho caso do BNU
Mais que uma vez já aqui escrevemos sobre o tratamento que as diversas instituições de Macau dão aos seus utentes e clientes. Lembram-se ainda, certamente, do caso que aqui referi sobre uma promoção do Banco Nacional Ultramarino/American Express, na qual se oferecia, a preço promocional, um computador portátil. A início só havia versões em chinês! Depois de muita troca de correspondência com um cliente, finalmente apareceram as versões em inglês! Entregues em Macau na sede do banco!
Agora volto ao BNU, que nos brinda com mais uma promoção do género: viagens turísticas, sendo o parceiro a Visa International. Acontece que, desta vez, o cliente ainda não se deu ao trabalho de contactar a Caixa Geral de Depósitos em Portugal acerca do assunto.
A resposta do BNU foi peremptória: «(…) O BNU não tem interferência directa nas promoções em causa, que são negociadas pela Visa International com Agências de Viagem e, posteriormente, colocadas à disposição dos bancos emissores de cartões de crédito. Nem o conteúdo, nem o “layout” do material publicitário podem ser alterados».
No entanto, – perante a evidência da referência do banco, que leva os clientes a consultar a promoção, estar em Português («Os pacotes que a Visa lhe oferece em colaboração com agências de viagem são irresistíveis. Para informações detalhadas clique aqui, por favor»), – um email da instituição diz que, pelo facto de «(…) na frase através da qual se pode aceder aos pacotes em causa não ser referida a necessidade de contactar as agências de viagem para informações pormenorizadas, teremos este aspecto em consideração em futuras promoções».
O caso dos computadores foi resolvido, mesmo não tendo o BNU «interferência directa nas promoções», logo que Lisboa tomou conhecimento do assunto. Já neste caso, sacodem a água do capote, atirando as responsabilidades para a VISA International.
Sendo o BNU um banco detido pelo Governo português e sendo o Português uma das línguas oficiais de Macau, não seria pedir muito que, pelo menos, interferissem um pouco naquilo que oferecem aos clientes. Afinal, somos todos iguais, ou não? Se os vossos parceiros não vos oferecem garantias de tratamento igual com todos os vossos clientes, será mais aconselhável que eles deixem de o ser, caso o banco não queira assumir a responsabilidade de ter de tratar da informação, de modo que todos os seus clientes sejam tratados de forma correcta.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo comentário.
Volte sempre.