NOS meus anos de vida li e ouvi muito disparate relacionado com religiões e tive oportunidade de presenciar muitos abusos, feitos a coberto das crenças de cada um. No entanto, recentemente, deparei com um, vindo da Malásia, que não passa pela cabeça de ninguém.
Não pretendo fazer juízos de valor acerca de cristãos, muçulmanos, budistas, ou de qualquer outra religião, mas, como sempre me ensinaram, num país livre e democrático a minha liberdade acaba quando começa a interferir com a liberdade do meu semelhante.
Vou passar a explicar, resumidamente, o que vinha na imprensa internacional acerca da decisão do Governo malaio e que pode ser facilmente consultado na internet. Trata-se de uma polémica que envolve um lote de Bíblias importado da Indonésia e escrito em bahasa indonésio para os cristãos malaios. O dito lote foi confiscado porque nele aparece escrito a palavra Alá! E, como refere a Lei da Malásia, a palavra Alá não pode ser usada por cidadãos não-muçulmanos! Aliás, uma prerrogativa da Lei, que muitos vêm como uma cedência do Governo de Kuala Lumpur às fortes forças islâmicas do país, em oposição aos direitos de liberdade religiosa consagrados na Constituição da Malásia. Algo que, aos olhos de muitos observadores, é muito preocupante e abre muitos precedentes.
Os órgãos governamentais baseiam o acto de banir o lote de Bíblias no facto da palavra Alá ser de origem arábica, portanto islâmica, e que o seu uso por não-islâmicos irá ser visto pela comunidade islâmica como um insulto! Por seu lado, as autoridades católicas na Malásia vêem o acto como algo ofensivo e ridículo, tendo já avançado com uma queixa-crime em tribunal contra a decisão governamental.
A Federação Cristã da Malásia diz que a palavra Alá tem sido usada ao longo dos séculos para se referirem a «Deus», tanto no bahasa malaio, como Indonésio (que são bastante semelhantes), pelo que não conseguem compreender a razão da decisão actual.
O bispo Ng Moon Hing chegou mesmo a afirmar que, caso o acesso às Bíblias na língua que escolhem não seja garantido, será posto em causa o direito garantido na Constituição, que dá aos católicos malaios liberdade religiosa.
Esta polémica tem minado a imagem de liberdade religiosa que se acreditava existir neste país asiático maioritariamente muçulmano. A Malásia sempre fez questão de salientar que, apesar do islamismo ser a religião mais praticada no país, as outras religiões (que representam mais de 30% da população) são também praticadas livremente.
Alguma semelhança
Esta polémica à volta de quem pode, ou não pode, usar determinados termos traz-me à lembrança alguns casos que se passam em Macau, onde não poucas vezes nos vimos obrigados a medir as palavras que escrevemos, para que não firamos o orgulho da China.
Nunca me irei esquecer que, depois da passagem de soberania, muitos dos termos e nomes utilizados, nomeadamente para identificar edifícios históricos, foram completamente mudados! Isto já para não falar na limpeza de sinais físicos, que foi feita logo aos primeiros dias de RAEM.
Não quero citar mais exemplos para nos apercebermos disso; basta apenas, em relação aos edifícios mais conhecidos, ver fotos do antes e depois de 20 de Dezembro.
Penso que se tratou de exageros que não se voltam a repetir e que agora já não vale a pena tentar corrigir, porque, como se diz popularmente, «seria pior a emenda que o soneto»!
Isto para não falar nas sensibilidades que se mostram feridas, quando nos referimos à China como um Estado totalitário e autoritário!
São diferenças culturais que é necessário aprender a digerir e a interpretar, para que «não se perca a face».
Afinal, andamos há mais de cinco séculos a fazê-lo pela Ásia!
Não pretendo fazer juízos de valor acerca de cristãos, muçulmanos, budistas, ou de qualquer outra religião, mas, como sempre me ensinaram, num país livre e democrático a minha liberdade acaba quando começa a interferir com a liberdade do meu semelhante.
Vou passar a explicar, resumidamente, o que vinha na imprensa internacional acerca da decisão do Governo malaio e que pode ser facilmente consultado na internet. Trata-se de uma polémica que envolve um lote de Bíblias importado da Indonésia e escrito em bahasa indonésio para os cristãos malaios. O dito lote foi confiscado porque nele aparece escrito a palavra Alá! E, como refere a Lei da Malásia, a palavra Alá não pode ser usada por cidadãos não-muçulmanos! Aliás, uma prerrogativa da Lei, que muitos vêm como uma cedência do Governo de Kuala Lumpur às fortes forças islâmicas do país, em oposição aos direitos de liberdade religiosa consagrados na Constituição da Malásia. Algo que, aos olhos de muitos observadores, é muito preocupante e abre muitos precedentes.
Os órgãos governamentais baseiam o acto de banir o lote de Bíblias no facto da palavra Alá ser de origem arábica, portanto islâmica, e que o seu uso por não-islâmicos irá ser visto pela comunidade islâmica como um insulto! Por seu lado, as autoridades católicas na Malásia vêem o acto como algo ofensivo e ridículo, tendo já avançado com uma queixa-crime em tribunal contra a decisão governamental.
A Federação Cristã da Malásia diz que a palavra Alá tem sido usada ao longo dos séculos para se referirem a «Deus», tanto no bahasa malaio, como Indonésio (que são bastante semelhantes), pelo que não conseguem compreender a razão da decisão actual.
O bispo Ng Moon Hing chegou mesmo a afirmar que, caso o acesso às Bíblias na língua que escolhem não seja garantido, será posto em causa o direito garantido na Constituição, que dá aos católicos malaios liberdade religiosa.
Esta polémica tem minado a imagem de liberdade religiosa que se acreditava existir neste país asiático maioritariamente muçulmano. A Malásia sempre fez questão de salientar que, apesar do islamismo ser a religião mais praticada no país, as outras religiões (que representam mais de 30% da população) são também praticadas livremente.
Alguma semelhança
Esta polémica à volta de quem pode, ou não pode, usar determinados termos traz-me à lembrança alguns casos que se passam em Macau, onde não poucas vezes nos vimos obrigados a medir as palavras que escrevemos, para que não firamos o orgulho da China.
Nunca me irei esquecer que, depois da passagem de soberania, muitos dos termos e nomes utilizados, nomeadamente para identificar edifícios históricos, foram completamente mudados! Isto já para não falar na limpeza de sinais físicos, que foi feita logo aos primeiros dias de RAEM.
Não quero citar mais exemplos para nos apercebermos disso; basta apenas, em relação aos edifícios mais conhecidos, ver fotos do antes e depois de 20 de Dezembro.
Penso que se tratou de exageros que não se voltam a repetir e que agora já não vale a pena tentar corrigir, porque, como se diz popularmente, «seria pior a emenda que o soneto»!
Isto para não falar nas sensibilidades que se mostram feridas, quando nos referimos à China como um Estado totalitário e autoritário!
São diferenças culturais que é necessário aprender a digerir e a interpretar, para que «não se perca a face».
Afinal, andamos há mais de cinco séculos a fazê-lo pela Ásia!
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