MUITO se tem falado da polémica em volta do projecto de construção, em Coloane, de várias torres de uma das empresas de um dos grandes manda-chuvas de Macau. Tudo – segundo consta – porque se descobriu que a dita obra iria meter em perigo, ou mesmo destruir, uma casamata que, possivelmente, pode ter algum valor histórico. Mas, sendo quem é o responsável pela obra – homem de dinheiro e influências, – tudo se admite. Aliás, tudo e mais alguma coisa, a entender pela sua reacção às criticas na Imprensa. Nas suas palavras, feitas públicas em vários jornais e na rádio, afirmou: «Não sou o único a destruir o Ambiente [...] é inevitável destruir o Ambiente» em detrimento do desenvolvimento.... Pessoalmente fiquei apenas surpreendido porque, sendo esta pessoa um destacado político a nível nacional, delegado da RAEM à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e figura de proa do mundo dos negócios em Macau, deveria ter mais tento na língua. Ou, pelo que ficámos agora a saber, talvez não! Por cá, o quero posso e mando já faz escola há muitos anos. Pelo que fiquei a perceber, tendo o «rei na barriga», tanto em Macau como em Pequim, parece estar autorizado a fazer tudo, até mesmo a afirmar que destrói o Ambiente, porque afinal não é o único e até lhe é conveniente para poder meter no ar mais não sei quantos apartamentos. É precisamente aqui que reside a grande diferença de mentalidades. Enquanto que os ocidentais são ensinados, na sua maioria, a fazer tudo para proteger o Ambiente – mesmo que o vizinho do lado nada faça e enriqueça com isso, – aqui quem devia dar o exemplo aponta os erros do vizinho como justificação, para que possa fazer o mesmo ou ainda pior. Então, se o Governo decidiu destruir Seac Pai Van, algo que sempre aqui critiquei e que continuo a considerar como um dos maiores ataques ao equilíbrio ecológico jamais feito em Macau, logo após a destruição do mangal que existia no istmo onde agora cresce o COTAI, porque não deveria Sio Tak Hong construir uma série de torres de habitação em Coloane, mesmo que para isso tenha que destruir património histórico e ambiental? Triste sina e futuro deste país, em que os seus líderes nada querem saber relativamente à protecção ambiental. Quando apenas se olha ao lucro, sem que se tenha qualquer cuidado com o que se destrói para atingir patamares mais altos de riqueza, algo de muito errado deve estar a acontecer na sociedade e nos valores que a regem. Infelizmente em Macau, e um pouco por toda a Ásia, funciona muito este tipo de mentalidade. Basta olhar para as obras ilegais nos prédios que são sempre justificadas com o facto do vizinho também as ter feito. Ou o lixo atirado para o chão porque o outro que vai à frente também atirou e ninguém lhe disse nada, ou o vizinho de cima com música aos altos berros porque na semana passada o do lado também o incomodou. É algo enraizado na cultura que vai até aos mais altos patamares de decisão e que acaba por minar uma sociedade por inteiro. Enquanto estas mentalidades não mudarem e as pessoas não forem educadas para respeitarem o próximo, o foco no próprio umbigo nunca irá deixar de existir. No que diz respeito a Macau, preocupa-me seriamente a educação que dão às crianças, porque desde pequenos que lhes incutem este modo de ver as coisas. Sendo as crianças assim educadas, muito dificilmente se irá mudar a sua mentalidade quando forem adultos. |
Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...
domingo, 24 de março de 2013
Também posso destruir o Ambiente
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