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sábado, 26 de janeiro de 2013

Bom exemplo

PARECE mentira mas, afinal, em Macau, há quem saiba o que faz, no que respeita ao trânsito e suas sinalizações. Deve ser por causa do Ano Novo Chinês que se aproxima e desta euforia de coisas positivas que o final de um ciclo sempre traz!

O dito bom exemplo, que vem contradizer tudo o que se tem dito sobre a falta de conhecimentos e de capacidade técnica dos senhores do trânsito de Macau, está na estrada que liga a Ponte da Amizade ao cemitério da Taipa. Na zona está a ser construída uma passagem superior para peões. A sinalização está tão bem feita que, para espanto pessoal, me verguei e decidi dedicar esta coluna a elogiar algo que, regra geral, anda sempre muito mal.

No caso específico, os sinais estão distribuídos a distâncias aceitáveis e dão amplo espaço ao condutor para se aperceber das limitações e fazer os devidos ajustes na condução. Como se pode constatar nas fotografias, até a sinalização é clara, sem inequívocos, não deixando qualquer margem de erro, mesmo para quem tem carta de condução mas que, aparentemente, não deveria ser autorizado a conduzir. É que há muitos destes em Macau, estando a sua maioria a conduzir transportes públicos!

A verdade é que Macau é signatário da Convenção de Genebra e este tipo de obras nas rodovias são reguladas por aspectos do documento, paralelamente aos aspectos do trânsito e das regras da estrada. Aliás, por alguma razão tem sido tão complicado coordenar o trânsito de Macau com a circulação de veículos do interior da China. É que Pequim não é signatária da convenção, regendo os seus problemas relacionados com o trânsito automóvel por regras criadas internamente. Mais: pelo que me parece, em Macau, apesar do segundo sistema, tem-se vindo, cada vez mais, a impor o primeiro sistema, e por essa via as anómalas regras da China, causando caos e desordem, sem que ninguém saiba muito bem o que fazer.

Passivamente, aos olhos de todos, o que acabei de referir é tido como um dado adquirido, sem que nada se faça para se mudar a situação. Se não formos nós, residentes de Macau de plenos direitos, a exigir que neste território se cumpra a Lei e o que foi acordado a partir de 20 de Dezembro de 1999, ninguém o fará. O desrespeito do «regulamento de sinalização de obras e emergências em rodovias» é apenas um dos muitos exemplos que se vêem diariamente e ninguém se dá ao trabalho de apontar para que sejam corrigidos. A começar pela Polícia!

O trânsito de Macau, com o crescente número de carros e outros veículos motorizados, começa a ser impossível de regular. Primeiro foi o desenfreado crescer de autocarros de turismo relacionados com os novos hotéis e casinos, depois os autocarros das agências de turismo para transportar as hordas que aqui aportam diariamente. Agora é um não parar de registos de novos carros e veículos de duas rodas. Macau há muito que atingiu o limite de veículos em circulação, para tal basta ver que a direcção responsável pela gestão do trânsito se viu obrigada a projectar um novo centro de inspecção, para fazer face ao crescente número de veículos em circulação. Ao que parece, por detrás dessa necessidade não está o crescente número de inspecções a veículos existentes, mas sim o facto de não conseguirem fazer face ao número de veículos novos obrigados a submeterem-se à primeira inspecção, o que torna tudo isto ainda mais preocupante.

É urgente encontrar uma solução para o problema do trânsito de Macau. As opções são todas pouco consensuais e todas elas têm prós e contras. Pessoalmente preferia que o Governo subsidiasse a substituição de carros antigos por novos, mais amigos do ambiente e, de uma vez por todas, implementasse inspecções anuais para TODOS os veículos em circulação. E, ao mesmo tempo, que tornasse obrigatório apresentar o comprovativo de local de estacionamento (em parque particular ou público) para quem quiser comprar veículo novo. Um parque para cada carro. E, para quem decidisse, – e bem, a meu ver – não ter carro, a concessão de benefícios fiscais.

Não são medidas populares, eu sei, mas viriam ajudar a resolver o problema da falta de estacionamento e o aumento desmesurado do número de veículos em circulação. Por outro lado, ajudava a reconverter a actual frota circulante por uma menos poluente.

Ainda voltando ao tema inicial: os sinais nas zonas de obras. É tempo da DSAT meter mãos à obra e obrigar os empreiteiros a seguir as directrizes internacionais para que se evite alguma tragédia.

Afinal, se há quem saiba como fazer bem as coisas, porque não se exige a todos que sigam o exemplo?

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