Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

domingo, 16 de janeiro de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

Não há cultura musical

capa_lrg DE há uns anos a esta parte deixei de sair à noite em Macau. Antes fazia-o regularmente, mas, por falta de escolhas, comecei a ficar por casa, ou a reunir-me com os amigos em casa destes ou na minha.

A falta de opções de diversão e culturais em Macau é um dos problemas que, mais cedo ou mais tarde, todos temos de enfrentar. Sendo ainda do tempo do Clube de Jazz na Rua das Alabardas, sinto falta daquele espaço e de outros similares. Quer se goste ou não deste estilo de música, a verdade é que qualquer cidade que se diga «desenvolvida» tem um clube desta natureza, assim como clubes de teatro e de poesia. Em Macau, infelizmente, é o que se sabe! Tenho esperança de que o novo director do Instituto Cultural, um homem que realmente sabe de cultura, tenha pulso para reavivar tudo isto.

É que para quem gosta de ouvir música e desfrutar de alguns momentos na companhia dos amigos não há local onde o possa fazer sem ser importunado por frequentadores mais excitados com o calor da noite, ou com os teores alcoólicos das bebidas maradas que vão servindo nesses sítios.

A princípio, quando abriram os bares do hotel MGM e o do Galaxy, ainda era possível ir ali desfrutar de uns momentos agradáveis e tomar uma bebida (que não deixava mossa no dia seguinte) com os amigos. No entanto, mesmo estas opções não são para todos os gostos, visto que os estilos musicais em pouco diferem.

Pelo que me é dado a saber, não existe em Macau qualquer local onde possamos ouvir bom jazz ou qualquer outro tipo de música que não seja a da «moda». Ouvi falar, – mas confesso que nunca ali me desloquei, – de um pequeno bar nas traseiras das Ruínas de São Paulo, onde se pode ouvir boa música, apreciar um «bom vinho» e desfrutar de agradáveis momentos num ambiente calmo e relaxado. Fora disto, de nada mais tenho conhecimento, a não ser de uns esporádicos acontecimentos que vão sendo organizados aqui e ali. Julgo, porém, que Macau precisa e merece mais. Deixo todas as minhas esperanças em Ung Vai Meng para voltar a agitar as águas.

O mundo cultural de Macau, no campo da música, antes de 1999, era bem mais animado, com vários locais em hotéis onde se podia ouvir piano, jazz, desfrutando, assim, de uns momentos agradáveis com os amigos, sem ser importunado por outros frequentadores do local.

Quando o Clube de Jazz mudou da zona antiga da cidade para a Casa de Vidro, no NAPE, pensava-se que seria o impulso necessário para o transformar naquilo que todos esperavam, num grande clube e dinamizador cultural de Macau. Ainda me lembro, já nas novas instalações junto ao Rio das Pérolas (uma localização privilegiada), de ver pessoas muito conhecidas de Hong Kong a apreciar a música e a vista nocturna de que se desfrutava na Casa de Vidro. Acontece que a mudança foi o fim do clube e, desde então, Macau já não dispõe de nenhum local onde se possa apreciar este tipo de música e que a ele se dedique em exclusividade.

Parece uma contradição o território estar cada vez mais próspero economicamente, mas, no que diz respeito à oferta cultural e recreativa, as opções serem cada vez mais reduzidas. As que existem em nada se diferenciam. Faltam opções e qualidade na oferta de diversão musical nocturna em Macau.

Se olharmos para Hong Kong vemos que ali se pode apreciar música jazz em diversos locais e, para quem não gosta de música, há várias outras opções, tais como clubes de humor ou de teatro, que apresentam diariamente uma panóplia de actuações para quem os visita.

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