Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A culpa morre solteira

AS eleições para a Assembleia Legislativa foram a novela que todos sabemos. Os atrasos na divulgação dos votos, as confusões com os cartazes das listas, os almoços, jantares, autocarros e outros acessórios fizeram do evento algo de colorido, muito à maneira de Macau. Se não estivéssemos habituados, ainda poderíamos considerar tudo isto digno de um país do terceiro mundo, mas, como se diz nesta terra, «Macau sã assi».
A minha opinião acerca de tudo isto é muito privada e não caberia aqui estar a divulgá-la, mas como o Chefe do Executivo se manifestou recentemente acerca da contagem dos votos nulos, achei que também poderia manifestar a minha abertamente.
É incompreensível como é que Edmund Ho, em fim de mandato, vem a público dizer que as pessoas que não cumpriram a Lei (a Comissão Eleitoral e a Assembleia de Apuramento Geral) não têm de ser chamadas à responsabilidade porque, «no final de contas, tudo correu bem»!
Os factos são muito claros. Os votos nulos foram validados por aquelas duas instituições, sendo, depois, devido a recurso interposto judicialmente por algumas listas, considerados inúteis pelo Tribunal de Última Instância. Portanto, a entidade judicial máxima da RAEM considera que o acto foi ilegal. Sabe-se quem o praticou (pelo menos sabe-se de quem é a responsabilidade institucional) e nada acontece?
Apontam o dedo ao facto dos eleitores não saberem onde deviam meter o carimbo. No entanto, não me lembro de ter visto na comunicação social qualquer campanha de educação sobre a forma de votar. Algo que se justificava, visto ter sido a primeira vez que o sistema de carimbo era utilizado.
Mas Edmund Ho não está sozinho nesta campanha de perdão institucional. A ele juntou-se o Comissário Cheong U, dizendo que tudo correu dentro do normal, mesmo tendo o CCAC recebido quase 350 queixas relativas a este processo eleitoral.

É mesmo Macau!

É incompreensível que, num local onde existem leis e onde o primado da lei é uma das pedras basilares da nossa sociedade, se possa deixar passar incólume este tipo de situações. A verdade é que dois organismos de fiscalização não fizeram o seu trabalho e causaram prejuízos a um processo eleitoral que se queria transparente. Em última instância, quando não se pode ou não se quer apurar em pormenor o responsável pelo erro, é o chefe máximo que o deve assumir. Assim mandam as regras de um bom chefe: quando os seus subordinados falham e não se pode identificar quem foi, é o chefe que, por uma questão de honorabilidade, deve chegar à frente e assumir toda a responsabilidade.
Seria impensável em qualquer outro local acontecer uma situação desta natureza e continuar tudo na mesma. Olhe-se, por exemplo, para a situação que se passou durante a campanha eleitoral em Portugal e da polémica em torno das suspeitas de escutas telefónicas ao pessoal da Casa da Presidência da República. Ainda não se sabendo ao certo se é, ou não, verdade, o assessor do Presidente foi já demitido visto ter sido identificado como o responsável directo da informação. Mesmo que não tenha sido ele quem deu a informação à imprensa, a responsabilidade final é dele, porque está no âmbito das suas atribuições.
Aqui por Macau começa a tornar-se hábito pessoas com responsabilidade não assumirem as suas próprias responsabilidades quando acontecem erros crassos. É de justeza de carácter que se fala.
Quando um dirigente não tem frontalidade e carácter para assumir a responsabilidade por algo que correu mal sob a sua alçada, que mais se poderá pedir dessa pessoa ou, em última instância, desse sistema

Prazos que não se cumprem

COMEMORAM-SE amanhã seis décadas de vida da República Popular da China, uma data de grande importância para toda a nação chinesa e que nos deixa cheios de orgulho por vivermos neste grande país. No entanto, por muito que goste de enaltecer o meu país de acolhimento, não é disso que quero escrever. Aliás, nestes dias muito se há-de escrever sobre os 60 anos da China e, tendo eu pouco mais do que metade dessa provecta idade, não terei nenhum conhecimento de causa para me pronunciar sobre a efeméride. O que sei, pelos livros da história ocidental, pouco abona a favor de Pequim, pelo que mais vale estar calado!
O que quero aqui abordar é algo que li recentemente e que, cada vez que passo pelo local, me faz sentir um frio na espinha. Recentemente, a presidente do Instituto Cultural, Heidi Ho, anunciava que a Casa do Mandarim estaria para abrir. Não sei se seria campanha eleitoral fora de época ou se estava a ouvir mais um «bitaite» descabido, como os muitos que a ex-colega manda. A dita casa deve ser assombrada ou ter mau «fong soi». Há vários anos que está a ser recuperada e já por várias vezes foi anunciada a sua abertura ao público; mas, como se pode ver quando por ali se passa, tudo continua fechado a sete chaves!
A verdade é que a Casa do Mandarim é parte importante de todo o Património de Macau e o facto de estar fechada ao público é uma perda enorme para todos nós. A sua recuperação deveria ter sido tarefa de primeira importância e deveria ter sido levada a cabo com toda a seriedade, pois só assim seria possível terminá-la em prazo aceitável, para ser restituída a quem dela tem direito a usufruir: todos nós e quem nos visita.
Milhões têm sido canalizados para a sua recuperação Ao certo ninguém sabe quando foi gasto, ou quanto ainda será preciso gastar nas restantes obras de beneficiação do local. Mas não é o dinheiro a razão deste apontamento. A razão é bem outra. É que o prazo, que se arrasta no tempo, começa a dar indícios de que muitos interesses ocultos devem estar a lucrar com este atraso fenomenal. Bem ao estilo de Macau, o mais impressionante é que, para além de umas interpelações esporádicas de alguns deputados na Assembleia Legislativa, pouco mais se vê na procura da verdade por detrás de todo este processo de recuperação.
Outro aspecto que quero salientar é a forma da sua recuperação. Segundo sei, os trabalhos tinham como objectivo restituir a forma original ao edifício. Será que quando o «mandarim» ali vivia já a casa tinha portão de ferro eléctrico?

Os parquímetros para motociclos

Foi anunciado recentemente que o Governo planeia lançar, a título experimental, lugares de estacionamento pago para veículos de duas rodas. Lembro-me de ter aqui abordado este tema uma ou duas vezes e de sempre ter referido que, ao se avançar para esta medida, havia outros factores a ter em conta.
A criação de parquímetros para veículos de duas rodas não é tão fácil como para os automóveis. Primeiro tem de se ter em conta como se vai processar o pagamento e a sua prova. Deve ter-se em conta também toda a demarcação do lugar de estacionamento porque, se somos obrigados a pagar, teremos de receber algo de volta. Logo, ao ter de pagar por estacionamento, tem de haver uma demarcação no piso para cada veículo.
Um ponto a ter em conta em Macau e de que todos os proprietários de veículos de duas rodas têm conhecimento, é a facilidade com que outros utentes movem os veículos estacionados para conseguirem arranjar um espaço para o seu. Nestes casos, e tendo os veículos estacionados pago a tarifa devida, como se vai proceder ao seu controle, caso o utente seguinte o retire da zona demarcada? Por outro lado, caso não sejam demarcados lugares individuais e caso não haja a emissão de títulos de pagamento, como se pode provar que o utente pagou o tempo devido?
Sendo proprietário de motociclo, e defendendo os parquímetros para veículos de duas rodas há muito tempo, alerto para a necessidade de se ter cuidado com muitos aspectos de carácter técnico.
Por outro lado, ao se introduzirem parquímetros, sejam eles para duas ou quatro rodas, deve-se ter em conta que a maior parte dos prédios de Macau não têm parque de estacionamento. Dou o meu exemplo: no prédio onde comprei casa não existem estacionamentos para venda, pelo que sou obrigado a estacionar na rua. O silo automóvel mais próximo é privado e não disponibiliza lugares mensais; o do Governo, nas proximidades, não tem lugares disponíveis. Qual será, pois, a solução para pessoas na minha situação, se tiver todos os lugares com parquímetro na zona onde vivo? Vou ter de ir, de duas em duas horas, meter a moedinha? Porque não criar, à semelhança de muitas cidades ocidentais, cartões de estacionamento em parquímetros para residentes da área, ou passes de estacionamento que são pagos mensalmente ou anualmente ao Governo?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Gripe A e os critérios dos médicos


As informações relativas à gripe A em Macau limitam-se à publicação, diária, de dados estatísticos e pouco mais se sabe oficialmente. No entanto, em conversas “de café” vai-se sabendo que o tratamento que se dá aos pacientes que se dirigem aos Serviços de Saúde com sintomas gripais, ou porque em sua consciência consideram que são pessoas de risco por terem estado em contacto com pessoas infectadas, não é uniforme. Há exemplos de quem se dirigiu às Urgências com pequenos sintomas de gripe e lhes foi recusado o teste de H1N1 e foram enviados para casa 1 ou 2 dias sem mais medicação do que a normalmente receitada. Outros, que mantiveram contacto prolongado com doentes infectados, e porque não apresentavam sintomas febris, nem sequer lhes foi feito o rastreio nem lhes foi dado ordem de quarentena, tendo-lhes sido dito que poderiam continuar a fazer a sua vida diária como normalmente. E outros existem que, mesmos sem sinais de doença, mas porque “apanharam um médico simpático” ficaram uma semana em casa como medida de precaução!
A verdade é que em Macau, um local com pouco mais de 500 mil pessoas, 3392 é o número total de casos de infectados. Destes, nove continuam hospitalizados e destes nove, dois estão em estado satisfatório enquanto os outros sete estão em estado considerado grave.
Entre terça e quarta-feira os Serviços de Saúde anunciaram ter detectado mais nove dezenas de pessoas com sinais de H1N1. “Entre os dias 6 e 7 de Outubro da parte da tarde, registaram-se 90 casos de doentes com sintomas gripais que recorreram ao Centro Hospitalar Conde de São Januário e ao Hospital Kiang Wu. No dia 7 de Outubro, nenhum estabelecimento escolar local necessitou de proceder à suspensão de aulas por infecção colectiva pela gripe. No entanto, os Serviços de Saúde continuam a manter o sistema de vigilância epidemiológica nos estabelecimentos escolares, lares e outras instituições.
De segunda a terça-feira, de acordo com os SS, foram encontrados em Macau quase uma centena de pessoas com gripe A. “Do dia 5 à tarde a dia 6 de Outubro à tarde, um total de 92 doentes com sintomas gripais recorreram à consulta médica respectivamente, dos Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário e do Hospital Kiang Wu. A 6 de Outubro, na Escola Portuguesa de Macau (EPM), um total de 7 turmas, do 8.º ao 12.º ano, teve de suspender as aulas por ocorrência de um grande número de casos de infecção colectiva de Gripe A (H1N1). Segundo informação da escola, na madrugada do dia 2 de Outubro, mais de 100 alunos da EPM participaram numa festa privada organizada pelos estudantes finalistas. Nos dias sucessivos à festa, alguns alunos começaram a apresentar sintomas gripais tendo sido posteriormente confirmados como casos de Gripe A (H1N1). Visto que muitos alunos destas 7 turmas manifestaram ao mesmo tempo sintomas gripais, os Serviços de Saúde já informaram a escola em causa para a suspensão das aulas por 5 dias nas turmas supracitadas, a fim de prevenir a propagação da gripe na escola. Os S.S. continuam a manter um sistema de vigilância epidemiológica para os estabelecimentos escolares, lares e outras instituições.
De domingo a segunda-feira tinham sido detectados 142 casos positivos de H1N1. “Do dia 4 até à tarde do dia 5 de Outubro, um total de 142 doentes com sintomas gripais recorram à consulta médica respectivamente dos Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário e do Hospital Kiang Wu. A 5 de Outubro, um total de 3 turmas teve de suspender as aulas por ocorrência de casos de infecção colectiva de Gripe A (H1N1), registados principalmente na turma P1 da Escola Secundária Sam Yuk de Macau, na turma (Chi) do 4º ano da Escola Primária Luso-chinesa De Tamagnini Barbosa e na turma P6C da Escola Cheung Kung Hui (Macau). Os Serviços de Saúde estão a acompanhar de perto a situação epidemiológica em estabelecimentos escolares, lares e outras instituições.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um cheirinho do meu artigo

Na próxima edição d’O Clarim vai ler-se ainda sobre o processo eleitoral. Mesmo um pouco fora de época, acho que devia voltar a falar de todo o processo de recontagem de votos. Afinal foi o Chefe do Executivo que trouxe o assunto à baila. “É incompreensível que, num local onde existem leis e onde o primado da Lei é uma das pedras basilares da nossa sociedade, se possa deixar passar incólume este tipo de situações. A verdade é que dois organismos de fiscalização não fizeram o seu trabalho e causaram prejuízos a um processo eleitoral que se queria transparente. Em última instância, quando não se pode ou não se quer apurar em pormenor o responsável pelo erro, é o chefe máximo que o deve assumir. Assim mandam as regras de um bom chefe, quando os seus subordinados falham e não se pode identificar quem foi, é o chefe que, por uma questão de honorabilidade, deve chegar à frente e assumir toda a responsabilidade.

3068 casos de Gripe A H1N1


Terminadas as celebrações dos 60 anos da China popular, voltados ao trabalho, vamos agora fazer o balanço da gripe. Parece que nada mudou e continuamos com a mesma situação que tínhamos antes de ter-mos rumado às praias das Filipinas!
De acordo com o último despacho dos Serviços de Saúde, a única alteração é mesmo a nova estratégia de elaboração dos títulos, que agora são ênfase aos pacientes que vão tendo alta hospitalar. Daqui podemos depreender duas coisas, ou o número de casos graves que necessitam de hospitalização estão a aumentar ou os cuidados paliativos não estão a funcionar pelo que os pacientes têm de ser admitidos!
Do dia 3 até à tarde do dia 4 de Outubro, registaram-se totalmente 89 casos de doentes com sintomas gripais que recorreram ao serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário e ao serviço de urgência do Hospital Kiang Wu. No dia 4 de Outubro, um total de 3 turmas tiveram de suspender as aulas por ocorrência de vários casos confirmados da Gripe A (H1N1), sendo respectivamente a turma “Mong” do 3.° ano do ensino secundário-geral da Escola Secundária Pui Ching, turma 9 do 3.° ano do ensino secundário-geral da Escola Hou Kong e turma 9A da Escola Portuguesa de Macau. Os Serviços de Saúde ainda estão a acompanhar de perto a situação de ocorrência de gripe em estabelecimentos escolares, lares e outras entidades.
No último dia de Setembro tinham sido detectados 34 novos casos.
No dia 1 de Outubro foram mais 33.
No dia 2, surpreendentemente, e sem que haja qualquer explicação oficial, foram detectados 141 casos, um aumento de quase 500% relativamente ao dia anterior!
No dia 3 o número de casos baixou para os 89.
Quanto aos casos mais graves, são neste momento seis.
Como agora já não são fornecidos dados totais de casos de gripe A, cabe-nos fazer as contas. 2.771 casos no dia 30 de Setembro, portanto, até ontem tinham sido detectados mais de três mil casos. Mais concretamente 3068 casos de Gripe A H1N1.

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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