Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sábado, 12 de novembro de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

Escudo Português em perigo

CERTAMENTE que muitos dos chegados a Macau nos últimos tempos sabem da existência do Templo Lin Fong e da importância desse templo para a história do território, por ser onde ficavam instalados os mandarins, quando ainda tinham algo a dizer sobre a política local. Foi ali também que foi assinada a ordem que ilegalizou o comércio de ópio. Por ficar fora dos percursos normais dos turistas (situado na zona Norte, perto do Canídromo), facilmente fica esquecido.

Mas não foi para falar da importância histórica do templo que resolvi abordar o tema. Sempre acreditei que «onde há fumo há fogo» e como ultimamente ouvi uns boatos acerca de algo muito português que se encontra nesse templo, fiquei alarmado.

De acordo com a história, aquele é o sítio onde foi assassinado o antigo governador Ferreira do Amaral, aquele que assentou de vez as fronteiras de Macau que hoje conhecemos e afastou o poder «mandarinal» definitivamente.

Na época, para atestar o controlo português sobre toda a zona, o mesmo governador mandou inscrever um símbolo real numa das rochas existentes no recinto do templo. Segundo nos relata o padre Manuel Teixeira, uma «coroa real e escudo, tendo por baixo a data de 1848, foram mandados esculpir pelo governador Ferreira do Amaral. A data, que não se encontra visível, estará provavelmente escondida pelo relvado que circunda a rocha». Uma marca indelével do controlo português em todo o território, com todo o valor simbólico que teria, ao ser gravada no local onde antes ficavam as autoridades chinesas que vinham interferir com o poder português.

Acontece que, de acordo com alguns boatos que se ouvem, mas que nenhuma autoridade actual quer confirmar, apesar de muitas tentativas por canais oficiosos nas Obras Públicas, parece que se preparam para, definitivamente, remover a marca portuguesa. À semelhança do que foi feito com centenas de símbolos um pouco por todo lado, logo após a transferência de soberania, e como o que recentemente avançámos, em primeira mão, relativamente às edições do Boletim Oficial da Administração Portuguesa (que tem sido subtraído dos símbolos portugueses na sua edição online), deve estar para breve o desaparecimento dessa marca deixada numa das rochas existentes no recinto do Templo Lin Fong.

Na sua obra «A Voz das Pedras de Macau», o padre Manuel Teixeira já referia que uma inscrição semelhante já teria sido retirada da Estrada do Arco, a mesma onde fica o templo, e colocada junto das ruínas de S. Paulo, onde veio depois a ser «desfeita pelo camartelo dos assalariados do Leal Senado».

Relativamente aos boatos desta inscrição existente no Templo Lin Fong, há duas versões: a primeira diz que os planos de reordenamento daquela zona, de acordo com o plano maior para toda a cidade de Macau, abrangem o templo e obrigam a que a rocha seja partida, sendo que o símbolo português irá ser preservado e «metido» na parede; a segunda versão diz que a dita remodelação abrange apenas o recinto do templo e que a rocha tem de ser removida, não havendo qualquer plano relativo à marca portuguesa.

Independentemente do que é dito por cada uma das duas versões, a verdade é que se trata de mais um delapidar de história e uma tentativa velada de reescrever o que os nossos antepassados, portugueses e chineses, escreveram.

A história, boa ou má, não se reescreve nem se coaduna com tentativas de a alterarem. Quanto muito, aprendemos a viver com ela e tentamos retirar ensinamentos do que aconteceu ao longo dos séculos. Uma terra sem história, ou com uma história parcial ou artificial, nunca poderá ter um futuro brilhante e os seus filhos ficarão sempre na ignorância quanto aos acontecimentos ocorridos.

Pelo que esta tentativa de alterar o legado da história, por mais insignificante que seja, não pode acontecer e não deveria ter lugar em Macau, um local tradicionalmente conhecido como de encontro de culturas. Espero que este alerta chegue a tempo e que os responsáveis pelo projecto de remodelação da zona, a serem verdade o boatos que correm, mudem de planos e preservem o que torna Macau diferente e atrai tantos turistas anualmente.

NA FOTO: Escudo Português encimado pela coroa real, junto ao Templo de Lin Fong.

domingo, 6 de novembro de 2011

O CLARIM - Semanário Católico de Macau

Onde vai o Terminal?

NAS últimas semanas, o Terminal Marítimo do Porto Exterior tem andado nas bocas do mundo e sido referido em diversos meios de comunicação social do território. A polémica que o Governo está a alimentar, ao não clarificar o que planeia fazer, assemelha-se muito ao que se passou logo nos primeiros anos de vida da Região Administrativa Especial, quando o grupo de Stanley Ho apresentou o projecto «Oceanus», o original, não aquele que acabou por abrir portas nas antigas instalações do centro comercial New Yaohan.

O projecto, para quem se lembra, apresentava um sumptuoso hotel que atravessava a Avenida da Amizade, ligando-se à água na zona onde estava o «Palace Casino» (o casino flutuante, que agora agoniza nas águas do Fai Chi Kei, à espera de afundar e sem qualquer utilidade) e o actual Terminal Marítimo do Porto Exterior. Já nessa altura, olhando para o projecto apresentado pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) se adivinhava que o terminal teria de ser demolido, se bem que o Governo, habilmente, se tenha ido esquivando às questões mais incómodas. Nessa altura, pelo menos publicamente, ainda não se falava do novo terminal do Pac On.

Entretanto, mudaram-se os tempos e o terminal do Pac On nasceu, mas o Governo apressou-se a dizer que o de Macau ficaria também de pedra e cal, fazendo com que a STDM perdesse a paciência e decidisse avançar para a remodelação do antigo New Yaohan, transformando-o em casino, metendo na gaveta o projecto original do hotel «Oceanus», porque não estava disposta a esperar por uma decisão que tardava em chegar. Tempo é dinheiro e o grupo de Stanley Ho sabe disso melhor do que ninguém!

Agora fala-se na possibilidade do terminal ir mesmo abaixo! Ou, como diz o Governo, tudo ser decidido depois dos estudos adequados. Os estudos que têm feito Macau famoso além-fronteiras e que pouco esclarecem a opinião pública.

Não entendo como podem os empresários de Macau ter paciência para aguentar tanta indecisão do Governo. Todos sabemos que, no mundo dos negócios, não pode haver lugar para muitos compassos de espera, quando há que tomar decisões e, da parte do Governo, os homens do dinheiro esperam posições firmes e decididas.

Qual será a reacção da STDM, ou da Sociedade de Jogos de Macau, se o Governo agora decidir avançar com a demolição do terminal de Macau? Pessoalmente, não consigo entender o que espera o Executivo para clarificar a situação. Além da STDM, haverá outro empresário que terá toda a legitimidade para ficar indignado. Com efeito, David Chow e a Doca dos Pescadores ficaram limitados pela decisão do Governo em não remover o Terminal do Porto Exterior. A marina que existe no projecto de David Chow nunca conseguiu obter licença de utilização, devido a estar localizada dentro da zona de navegação dos barcos que fazem a ligação entre Macau e Hong Kong. Não conheço os pormenores da negociação, quando a Doca dos Pescadores foi aprovada, mas certamente que deveria contar com a possibilidade de utilização da marina. Caso assim não fosse, não se justificava o empresário ali investir milhões de dólares. Será que poderá haver lugar para o pedido de uma indemnização por prejuízos causados, caso a terminal seja agora retirado?

Desde sempre advoguei que o terminal em Macau não faz sentido, caso se construa o do Pac On. O novo terminal fica mais bem localizado, perto do aeroporto, com acessos mais favoráveis e com mais espaço para crescer e irá contar com um «interface» modal que incluirá autocarros, metro ligeiro e táxis. Além do mais, retira os barcos rápidos do canal de navegação entre Macau e a Taipa, facilitando a navegação e, – quem sabe! – finalmente convencendo o Governo que se pode navegar ali à vela, acabando com a proibição de se hastear as velas desde o Porto Interior até bem depois da Ponte da Amizade! Algo que, pelo que conheço, só acontece em Macau. Até em Hong Kong se pode velejar entre Kowloon e a ilha de Hong Kong!

A verdade é que o terminal de Macau está desactualizado, precisando de uma remodelação completa, pois já não consegue satisfazer as necessidades actuais. Basta ver que, em tempo de tufão, quando as ligações de barco são cortadas, nem sequer existe uma área para os passageiros esperarem com algum conforto. São recorrentes as imagens na televisão com passageiros sentados pelo chão, enquanto esperam para seguir viagem.

Recentemente, a Capitania dos Portos anunciou que a gestão do terminal iria deixar de estar a cargo da empresa de Stanley Ho passando para as mãos do Governo! Não será isto mais um passo para complicar o funcionamento de toda a estrutura?

Desde sempre, a gestão destas estruturas esteve entregue a privados e os resultados foram positivos. Qual a razão do Governo para agora insistir em tomar as rédeas?

As ligações marítimas de Macau foram, desde sempre, dos poucos serviços que funcionaram sem grandes problemas e que mais contribuíram para o desenvolvimento do território.

Antes de 1999, era por ali que entravam a maioria dos turistas e apostadores dos casinos. A situação apenas mudou, depois da China ter decidido começar a emitir vistos individuais para os residentes do interior do país virem a Macau livremente.

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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