Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Irresponsabilidade ou desleixo?

DECORRE por estes dias uma actividade promovida pelas autoridades marítimas de Macau, com a participação de centenas de pessoas do território e visitantes. Durante a época de defeso da pesca, pelo segundo ano consecutivo, pescadores, Capitania dos Portos e outras autoridades têm andado a levar residentes e turistas a passear em alguns barcos de pesca pelas águas adjacentes ao território: uma forma de fazer face à crise e ocupar os pescadores durante esta época de defeso imposta pelas autoridades de Pequim, segundo justificam os impulsionadores da iniciativa. E uma forma de dar a conhecer a ancestral forma de vida dos homens do mar, justificam as autoridades.

Até aqui, tudo bem! Aliás, considero meritória a actividade e espero que se possa manter durante muitos anos. E, se possível, deveria estar disponível durante todo o ano. Certamente que alguns pescadores iriam preferir andar a passear, do que nas lides pesadas da pesca, caso conseguissem sustentar a família dessa forma.

No entanto, o que me preocupa nisto é a questão da segurança. A legislação marítima de Macau é muito clara no que diz respeito aos requisitos de segurança das embarcações de recreio, de pesca e comerciais. Neste caso, seria uma de pesca, transformada em recreio, pelo que se terá de aplicar o que à última diz respeito.

Além de ser obrigatório estar equipada de rádio de comunicações, radar, sistema de posicionamento global e, no caso de embarcações, com as dimensões das de pesca, têm ainda de ter outros equipamentos electrónicos que, para além de ajudarem à navegação, servem para garantir a segurança a bordo, mas cuja complexidade técnica não vale a pena estar aqui a esmiuçar.

Além de tudo isto, a emissão de uma licença para uma embarcação obriga a que exista uma farmácia a bordo; e, no caso de embarcações deste tamanho, terá de ser bastante completa, desde comprimidos para enjoo, até compressas e alfinetes de ama. Uma lista abrangente e que pode ser consultada na página da Capitania dos Portos, assim como toda a restante legislação.

A par de tudo isto, no acto de registo de embarcações tem de se declarar o número de ocupantes, com a obrigação de ter um colete salva-vidas para cada um deles. E, para barcos desta dimensão, é obrigatório também dispor de embarcações salva-vidas que se encham de ar automaticamente, quando forem metidas à água.

Andar a vender bilhetes, promovidos pelo Governo e com o seu aval, para levar pessoas a passear em embarcações que não oferecem as mínimas condições de segurança, parece-me ser, em minha opinião e tendo em conta já alguma minha experiência de mar, um acto de tremenda irresponsabilidade e, por outro lado, um acto de completa falta de consideração e de justiça para com os empresários que apostaram nas embarcações de lazer e que são obrigados a pagar impostos e a cumprir todos os requisitos que atrás enunciei.

Há, pelo menos, duas embarcações que navegam, diariamente, nas águas de Macau com turistas e que cumprem, aparentemente, todos os requisitos. Esses barcos, que servem inclusivamente refeições, estão a ser discriminados, em favor dos pescadores.

Consulado fica mal na fotografia

Foi com agrado que vi, mais uma vez, se bem que por razões muitos tristes, Macau juntar esforços quando foi pedido auxílio para ajudar a família da jovem portuguesa que faleceu num trágico acidente de viação. Sem meios de suportar os custos da transladação do corpo, e depois de ter recebido uma nega do Consulado Geral de Portugal em Macau, a família ficou nas mãos da generosidade da população, para fazer com que tal fosse possível.

Foi uma onda contagiante de solidariedade que se viu em torno deste obstáculo e que rapidamente ultrapassou as expectativas iniciais. Macau, como já tinha acontecido noutras ocasiões – lembram-se das campanhas para ajudar Timor? – juntou mãos e uniu todas as comunidades no apoio a esta jovem portuguesa e à sua família.

Quem acabou por ficar mal na fotografia foi o Consulado de Portugal. As comparações não se fizeram esperar e vários casos foram trazidos à praça pública, nomeadamente pela comunidade não portuguesa ou chinesa. Por exemplo, casos de turistas filipinos e tailandeses que perdem a vida em Macau e os seus representantes diplomáticos não hesitam em prestar todo o apoio às famílias afectadas. A transladação dos corpos fica sempre a cargo das representações diplomáticas, assim como todo o processo burocrático. Afinal, para que servem as representações dos nossos países no estrangeiro, se não for para ajudar os seus nacionais em tempos de aflição?

Na verdade, não sei o que se passou no Consulado de Portugal, mas custa-me acreditar que não houvesse 15 mil euros para suportar os custos do processo. E, mesmo que não dispusessem da verba, julgo que não deveria ser muito difícil encontrá-la junto de entidades locais, nomeadamente o cônsul honorário em Hong Kong ou departamentos do Governo da RAEM.

Muito feio e um péssimo exemplo de solidariedade da parte de quem deveria ser a primeira instituição a resolver o problema. Esperemos que, futuramente, haja um plano de contingência e que não voltem a suceder casos semelhantes. Um fundo de emergência para fazer frente a estes casos deveria existir em todas as representações diplomáticas.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Carreiras 25 e 25X não respeitam contrato

NESTES últimos dias, devido a uma reparação mal feita no meu veículo pessoal, tenho andado de transportes públicos e apraz-me dizer que, não obstante a manifesta falta de qualidade dos veículos utilizados por todas as companhias, a cobertura e a eficiência dos mesmos têm melhorado muito. Durante o fim-de-semana, tendo de deslocar-me ao COTAI assiduamente, nunca demorei mais de 15 a 20 minutos, a partir do centro da cidade. Isto, incluindo o tempo de espera na Rua do Campo pelo autocarro número 25 ou 25X.

Saliente-se que os esforços das autoridades em aumentar a rotatividade e assiduidade dos autocarros nas paragens tem dado frutos. No entanto, continuamos a contar com veículos velhos ou, quando novos, são de tão má qualidade que mais valia serem velhos!

Não consigo perceber como é que autocarros com um e dois anos façam mais barulho do que uma lata velha ao vento e que o seu interior esteja a cair aos bocados, devido à manifesta falta de qualidade dos materiais utilizados pelos construtores chineses.

Por que razão não obrigaram a que se comprassem autocarros de qualidade comprovada? Não é preciso ir muito longe: o exemplo de Hong Kong, onde usam marcas britânicas, serve muito bem. Mas, mesmo em Macau há exemplos de empresas, ligadas ao jogo, que chegaram à conclusão que marcas chinesas não servem. Apesar de serem mais baratas, a longo termo, acabam por ficar mais caras, devido à manutenção e à constante substituição que é necessário fazer. A Venetian e a SJM são os primeiros exemplos, tendo optado por começar a substituir a frota por marcas europeias.

Disseram-me, aquando do concurso, – por acaso a sua minuta passou pelas minhas mãos – que as marcas envolvidas eram muito utilizadas no interior da China e que eram das mais conceituadas! Mas, sabendo nós que os critérios de qualidade que se aplicam na China continental são muito baixos, por que razão os deixaram aplicar a Macau? Não deverá a RAEM, «centro de turismo internacional», ter parâmetros de qualidade mais altos, à altura dos pergaminhos que apregoa aos sete ventos? Ou, será que o «slogan» irá passar para «centro de turismo chinês»? Bom…

No contrato de concessão que todas as operadoras aceitaram e assinaram, havia, pela primeira vez, a obrigatoriedade dos autocarros estarem equipados com sistema de GPS e com sistema de informação sonora e visual das paragens, nas duas línguas oficiais e também em Inglês. Mas, na verdade, depois de um ano de actividade sob o novo contrato de concessão, este sistema raramente funciona em muitos dos autocarros. Aliás, o sistema é igual em todas as concessionárias! Afinal teve de ser o Governo a fazê-lo, para que as empresas o usassem!

Das vezes que utilizei, nomeadamente, as carreiras 25 e 25X, nunca vi o sistema a funcionar na sua totalidade. Muitas das vezes o som está desligado e o sistema visual apenas dá informações em Chinês. Apesar de ter tentado contactar as companhias, nomeadamente a TRANSMAC, que é a que explora as carreiras referidas, não houve qualquer tipo de resposta.

Para me precaver de qualquer tipo de mal-entendido, enviei as interpelações nas três línguas usadas, referidas no contrato que assinaram com o Governo. Mas, mesmo assim, não houve direito a qualquer tipo de contacto por parte da empresa. Tentativas de abordagem feitas via telefone foram em vão, porque nunca consegui fazer-me entender, ou faziam por não entender.

Tendo conhecimento pessoal do que foi exigido nos contratos, considero que, se fossem cumpridos na íntegra, teríamos serviços de autocarro de boa qualidade. No entanto, o que acontece é que não há fiscalização. O controle que a DSAT faz restringe-se à assiduidade das chegadas e partidas, tudo o resto que foi exigido, normas EUROIV, materiais utilizados, autocarros com acesso para deficientes, sistemas sonoros e visuais nas línguas oficiais, etc. Tudo isso passa sem que ninguém regule e fiscalize, pelo que as companhias de autocarros estão-se nas tintas para a letra do contrato.

Quanto à qualidade dos autocarros, visto que os accionistas das empresas concessionárias não os utilizam, os utentes que se aguentem!

Se do outro lado da fronteira servem, porque não hão-de servir em Macau? – devem dizer, indignados, os responsáveis! Nós, os residentes de Macau, somos mesmo muito exigentes!…

No meu ponto de vista, Macau não se deve nivelar pelos requisitos de qualidade da China continental, neste campo. Se pretendemos ser «civilizados» e considerar Macau como uma cidade internacional, é necessário e urgente que os responsáveis do sector dos transportes comecem a tomar medidas adequadas e a fazer cumprir os contratos.

Amigos ou não, os contratos são para cumprir!

Estamos a falar de transportes públicos. Quanto aos táxis, infelizmente, continua tudo na mesma!

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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