Como blog estaremos aqui para escrever as nossas opiniões, observações e para que quem nos visite deixe também as suas. Tentaremos, dentro das possibilidades, manter este local actualizado com o que vai acontecendo à nossa volta em Macau e um pouco em todo o lado...

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mal na fotografia

CADA vez que anunciam a vinda de políticos portugueses a Macau fico com calafrio na espinha, não só por serem políticos e por andarem a viajar à borla com o País em crise, mas também porque não sabemos qual o disparate que vêm dizer. Há muito que estamos habituados que sempre que alguém do Executivo Português aqui vem só nos deixa mal vistos aos olhos dos cidadãos chineses. Diga-se, em abono da verdade, que passados todos estes anos eles já nem ligam às «trocas e baldrocas» dos políticos de Portugal. Passou mesmo a motivo de risota o simples anúncio de que alguém de Lisboa está a caminho. Só falta começarem a fazer apostas junto do Pacapio, à semelhança do futebol e de outros eventos.

A última fornada que por aqui passou deu origem – apenas – a dois casos: Um em que se chamou República da China, por diversas vezes e no mesmo discurso, à República Popular da China, sem que nunca se desse pela gralha. Caso para perguntar que tipo de assessoria trazem e que trabalho de casa fazem. Aliás, penso que ainda hoje o secretário de Estado não deve ter percebido muito bem o que fez porque nem um pedido de desculpas por parte do seu gabinete.
O outro em que o «nosso» Paulo Portas (o das feiras) só se atrasou duas horas para a recepção oficial – em sua homenagem – na residência oficial do cônsul-geral de Portugal, vulgo hotel Belavista. Nada contra o atraso, pois pode acontecer a qualquer um quando se trata de voos internacionais, mais barcos e viaturas oficiais e, no meio de tudo isto, o caótico trânsito de Macau, que como sabemos nos causa atrasos de horas a fio como em Lisboa. O lapso de duas horas do vice-Primeiro-Ministro até se compreende, ou melhor, não se aceita, mas compreende-se. O que não se compreende, nem se aceita, é a falta de respeito com que Portas nos vai brindando desde que chegou ao «poleiro». Quando andava pelas feiras a distribuir beijinhos e abraços era uma coisa, agora no poder mostra a sua verdadeira face.
Não estive presente na recepção – lamento que o Consulado Geral de Portugal nem sempre convide todos os portugueses de Macau – mas também não fiquei com saudades. Contou quem lá esteve que quando Paulo Portas chegou já metade dos convidados se tinha ido embora (a chegada estava marcada para as nove da noite, apenas apareceu perto das onze...). Não explicou o sucedido, nem pediu desculpas pelo incómodo causado aos presentes. Um digno exemplo de humildade e de educação de um país que nutre a admiração de muitos na Ásia.
Como já disse, compreendo que possam acontecer certos atrasos. O que não pode acontecer é faltar ao respeito aos convidados, como se eles ali estivessem por obrigação. Uma explicação sobre o sucedido era o mínimo que se exigia. Nos dias de hoje, com a comitiva de assessores que Paulo Portas deve ter trazido, não se compreende que ninguém tivesse tido a ideia de pegar no telefone e ligado ao cônsul-geral, para o informar que estavam atrasados, explicar-lhe a razão e pedir-lhe que tal fosse transmitido no local, para que todos ficassem a saber a razão do atraso. Até podia dizer que o representante de Portugal se sentia constrangido (mesmo que não fosse verdade) por causar tanto incómodo.
O cônsul teria andado, a determinada altura, de convidado em convidado, a tentar apaziguar os ânimos – algo agitados, em resultado de um atraso de que nem ele saberia a razão, segundo chegou ao meu conhecimento através de um dos presentes. Teria sido muito mais razoável que alguém da comitiva do vice-Primeiro-Ministro tivesse ligado e informado o diplomata da situação, ou que tivesse o diplomata ligado a perguntar o que se passava. Penso que deve ter poderes para tal, afinal é o representante máximo de Portugal neste território. Teriam morto dois coelhos de uma cajadada! O atraso ficava explicado e o cônsul não precisava de fazer figuras menos dignas, ficando toda a comunidade a ganhar.
Como sempre, ficámos mal vistos! Mas como sempre também acontece nestas ocasiões, já ninguém se lembra e agora resta-nos esperar pela próxima visita.

NaE's kitchen A Cozinha da NaE

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